Ao
longo das várias horas de leitura dos votos, os desembargadores deixaram muito
claro que não se baseavam apenas nos depoimentos para confirmar a sentença de
Moro: HAVIA
PROVAS DOCUMENTAIS SUFICIENTES PARA REFORÇAR A ACUSAÇÃO, SEGUNDO A QUAL O
TRÍPLEX DO GUARUJÁ, REFORMADO SOB MEDIDA, FOI A “RETRIBUIÇÃO” DA EMPREITEIRA
OAS POR CONTRATOS OBTIDOS COM A PETROBRAS. AS EVIDÊNCIAS SÃO TANTAS que derrubam qualquer narrativa sobre juízes parciais e
militantes, ou sobre ausência de provas, os principais motes dos defensores do
ex-presidente.
Ainda
que longa demais para quem preferisse um desfecho rápido para o julgamento, a
leitura do voto do relator, Gebran Neto, foi uma recapitulação abrangente e
precisa. Depois de tratar das questões referentes ao processo que haviam sido
levantadas pela defesa de Lula – como a competência de Sergio Moro para julgar
o caso na primeira instância, a condução coercitiva de Lula em março de 2016 e
a divulgação dos grampos do ex-presidente –, Gebran descreveu todo o histórico
do petrolão, mostrando como a maior empresa brasileira foi pilhada pelo PT e
por outras legendas com o objetivo de abastecer campanhas eleitorais, por meio
da nomeação estratégica de diretores encarregados de arrecadar as propinas para
seus respectivos partidos. Por fim, FEZ OUTRA LONGA DESCRIÇÃO DE TODOS OS
ASPECTOS QUE ENVOLVEM O TRÍPLEX DO GUARUJÁ, FAZENDO UMA CRONOLOGIA QUE AFASTA
QUALQUER DÚVIDA A RESPEITO DAS LIGAÇÕES DE LULA COM O APARTAMENTO.
O
trio de desembargadores ainda se mostrou convicto de que Lula não apenas se
beneficiou do esquema em que a Petrobras foi saqueada: ele era um de seus
líderes: “Há prova acima do razoável de que o ex-presidente foi um dos
principais articuladores, SE
NÃO O PRINCIPAL, do
esquema na Petrobras”, afirmou Gebran Neto. E retomou um ponto crucial, que
havia sido ressaltado pelos ministros do Supremo Tribunal Federal quando
julgaram o mensalão: os esquemas de corrupção organizados pelo petismo não
foram simples roubalheiras, e sim uma fraude contra a própria democracia – ao distorcer
o sistema representativo pela compra de apoio parlamentar, no caso do mensalão,
e de proporcionar uma vantagem competitiva indevida a um partido político, no
caso do petrolão. Quando o “sistema eleitoral” fica “severamente comprometido”,
segundo o relator, “a própria estabilidade democrática” fica ameaçada.
MENSALÃO E PETROLÃO SÃO ESQUEMAS
INTIMAMENTE CONECTADOS, DESTINADOS À PERPETUAÇÃO DO PROJETO DE PODER PETISTA. Victor Laus acertou na mosca quando disse que Lula
confundiu as atribuições de presidente da República com as de presidente de
partido político. Mas não, Lula não “perdeu o rumo”, para ainda usar as
palavras de Laus: o fato é que a submissão das instituições de Estado à vontade
do partido é elemento essencial do petismo. Lula seguiu o roteiro à risca.
Ainda
que o resultado do julgamento tenha sido o pior possível para o ex-presidente –
unanimidade no veredito e na pena, impedindo embargos infringentes, e sugestão
de execução imediata da pena –, LULA E O PT CONTINUARÃO APOSTANDO NA CONFUSÃO. O partido não desistirá de inscrevê-lo como candidato à
Presidência e contará com uma eventual lentidão da Justiça Eleitoral. E, para a
população, o petismo seguirá insistindo na narrativa do presidente condenado
sem provas em uma “conspiração da elite” que odeia suas realizações. PARA O PRIMEIRO CASO, contamos com a presteza das instituições para que não se
jogue no lixo a Lei da Ficha Limpa. PARA O SEGUNDO, é preciso, mais do que nunca, insistir na realidade: a
de UM PRESIDENTE CUJAS POLÍTICAS POPULISTAS SEMEARAM A PIOR CRISE DA
HISTÓRIA DO PAÍS e
que, ainda por cima, esteve afundado em esquemas de corrupção. A hagiografia a
respeito de Lula já durou tempo demais. –Fonte: Gazeta do Povo – A manchete e as
imagens não fazem parte do texto original -
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