quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

LULA QUER USAR O TRF4 COMO PALCO, MAS SEU PICADEIRO É A CADEIA


Josias de Souza

Lula carrega sobre os ombros nove denúncias criminais. Seis já viraram ações penais. Uma deu origem à sentença em que Sérgio Moro o condenou a uma cana de nove anos e meio. O grande volume de encrencas judiciais fez de Lula um réu cenográfico. ELE NÃO PRESTA DEPOIMENTOS, DÁ ESPETÁCULOS. NÃO SE EXPLICA, DESCONVERSA. NÃO SE DEFENDE, ATACA. Em 24 de Janeiro, o TRF-4 pode TOCAR FOGO NO TEATRO DE LULA. Ao farejar o cheiro de queimado, o réu tenta uma derradeira encenação. Pede para ser ouvido pelos desembargadores que o julgarão.


A encrenca será destrinchada na 8ª Turma do TRF-4. Integam-na três desembargadores: João Pedro Gebran Neto (relator), Leandro Paulsen (revisor) e Victor Laus. Não há no script espaço para manifestação de Lula. Vão ao microfone seus advogados. Entretanto, a julgar pela petição dos seus defensores, o pajé do PT não tem muito a dizer. SUA COREOGRAFIA, POR REPETITIVA, TORNOU-SE MANJADA.


Os advogados alegam que Sergio Moro violou “as garantias fundamentais” de Lula ao transformar seu interrogatório numa “verdadeira inquisição”. Nessa versão, o juiz da Lava Jato impediu a “livre manifestação” de Lula, cerceando “o exercício de sua autodefesa”. Ignorando o fato de que a coisa toda foi filmada, os doutores sustentam que as perguntas de Moro tiveram “o nítido intento de constranger e intimidar” o réu.


Ou seja: Lula pede para falar porque deseja encenar no TRF um ato que poderia ser chamado de “mais do mesmo.” Considerando-se que o petismo já alardeia que os juízes são “golpistas” e que “eleição sem Lula é fraude”, o grande líder do PT vai a Porto Alegre para jogar um jogo que considera jogado. A encenação do lado de dentro do tribunal seria apenas parte de um espetáculo maior.


Terminado o julgamento, o eventual condenado desfilaria seu figurino de mártir defronte da plateia de devotos que o aguardará do lado de fora. Já se pode ouvir o discurso da vítima ao fundo: “Se tem uma coisa de que me orgulho é que não tem, nesse país, uma viva alma mais honesta do que eu'', dirá Lula, para delírio dos seus fieis. ''Fui condenado sem provas. Desafio os delegados, o Moro, o Dallagnol e os desembargadores a apresentarem uma prova de que recebi um centavo!”


Lula vive uma experiência paradoxal: com os pés no palanque, sua voz rouca estala de autoridade moral. Nas Varas Federais e nos tribunais, o que Lula chama de reputação é a soma de incontáveis ilegalidades desacompanhadas de argumentos capazes de rebatê-las. Ocorre uma incongruência. Lula acha que é uma coisa. Sua reputação, entretanto, já virou outra coisa.


Em respeito ao passado remoto de Lula, MUITA GENTE OBSERVA O PERSONAGEM EM CHAMAS, MAS EVITA GRITAR INCÊNDIO DENTRO DO TEATRO. O problema é que encenações como a que Lula, seus advogados e o petismo desejam protagonizar no TRF-4 mostram que, às vezes, torna-se inevitável gritar teatro dentro do incêndio.





Um comentário:

Waltão disse...



DEVE TER SIDO MAIS UMA CAGADA DA
DONA MARIZA LETÍCIA...COITADA...
DEVE ESTAR NADANDO NA MERDA DENTRO
DO CAIXÃO................