Josias de Souza
Lula carrega sobre os ombros nove denúncias
criminais. Seis já viraram ações penais. Uma deu origem à sentença em que
Sérgio Moro o condenou a uma cana de nove anos e meio. O grande volume de
encrencas judiciais fez de Lula um réu cenográfico. ELE NÃO PRESTA DEPOIMENTOS, DÁ ESPETÁCULOS. NÃO SE EXPLICA, DESCONVERSA. NÃO SE DEFENDE, ATACA. Em 24 de Janeiro, o TRF-4 pode TOCAR FOGO NO
TEATRO DE LULA. Ao farejar o cheiro de queimado, o réu tenta uma derradeira
encenação. Pede para ser ouvido pelos desembargadores que o julgarão.
A encrenca será destrinchada na 8ª Turma do
TRF-4. Integam-na três desembargadores: João Pedro Gebran Neto (relator),
Leandro Paulsen (revisor) e Victor Laus. Não há no script espaço para
manifestação de Lula. Vão ao microfone seus advogados. Entretanto, a julgar
pela petição dos seus defensores, o pajé do PT não tem muito a dizer. SUA COREOGRAFIA, POR
REPETITIVA, TORNOU-SE MANJADA.
Os advogados alegam que Sergio Moro violou
“as garantias fundamentais” de Lula ao transformar seu interrogatório numa
“verdadeira inquisição”. Nessa versão, o juiz da Lava Jato impediu a “livre
manifestação” de Lula, cerceando “o exercício de sua autodefesa”. Ignorando o
fato de que a coisa toda foi filmada, os doutores sustentam que as perguntas de
Moro tiveram “o nítido intento de constranger e intimidar” o réu.
Ou seja: Lula pede para falar porque deseja
encenar no TRF um ato que poderia ser chamado de “mais do mesmo.”
Considerando-se que o petismo já alardeia que os juízes são “golpistas” e que
“eleição sem Lula é fraude”, o grande líder do PT vai a Porto Alegre para jogar
um jogo que considera jogado. A encenação do lado de dentro do tribunal seria
apenas parte de um espetáculo maior.
Terminado o julgamento, o eventual condenado
desfilaria seu figurino de mártir defronte da plateia de devotos que o
aguardará do lado de fora. Já se pode ouvir o discurso da vítima ao fundo: “Se
tem uma coisa de que me orgulho é que não tem, nesse país, uma viva alma mais
honesta do que eu'', dirá Lula, para delírio dos seus fieis. ''Fui condenado
sem provas. Desafio os delegados, o Moro, o Dallagnol e os desembargadores a
apresentarem uma prova de que recebi um centavo!”
Lula vive uma experiência paradoxal: com os
pés no palanque, sua voz rouca estala de autoridade moral. Nas Varas Federais e
nos tribunais, o que Lula chama de reputação é a soma de incontáveis
ilegalidades desacompanhadas de argumentos capazes de rebatê-las. Ocorre uma
incongruência. Lula acha que é uma coisa. Sua reputação, entretanto, já virou
outra coisa.
Em respeito ao passado remoto de Lula, MUITA GENTE OBSERVA O PERSONAGEM EM CHAMAS, MAS EVITA GRITAR INCÊNDIO
DENTRO DO TEATRO. O problema é que encenações como a que Lula, seus
advogados e o petismo desejam protagonizar no TRF-4 mostram que, às vezes,
torna-se inevitável gritar teatro dentro do incêndio.
Um comentário:
DEVE TER SIDO MAIS UMA CAGADA DA
DONA MARIZA LETÍCIA...COITADA...
DEVE ESTAR NADANDO NA MERDA DENTRO
DO CAIXÃO................
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