domingo, 17 de fevereiro de 2013

BRASIL URGENTE, MARINA PRESIDENTE!!!


EMERGÊNCIAS
Marina Silva
Há uma perplexidade na civilização. É uma grande pergunta coletiva: AFINAL, O QUE ESTÁ ACONTECENDO? Depois de milênios de acúmulo de riquezas e experiências, a humanidade parece ter chegado ao máximo, ou seja, ao limite. Zygmunt Bauman sintetizou o paradoxo ao observar que acreditamos com a mesma força em duas ideias contraditórias: que temos toda a liberdade possível, mas, ao mesmo tempo, somos impotentes para fazer mudar as estruturas do mundo. De fato, PARECE INCRÍVEL QUE EM POUCAS HORAS SE POSSA JUNTAR 1 MILHÃO DE ASSINATURAS EM FAVOR DE UMA CAUSA E, AINDA MAIS INCRÍVEL, QUE NÃO HAJA QUALQUER EFEITO. Surpreende a facilidade com que índios e outras comunidades surgem na mídia, pintados em protesto, apoiados por uma opinião pública solidária e comovida, e a facilidade maior ainda com que os tratores passam sobre suas terras, rios e florestas. O paradoxo da civilização nos leva à ausência de sentido. A crise econômica só perde em abrangência e gravidade para a crise ambiental: TODOS (RICOS E POBRES) SÃO AMEAÇADOS PELAS SECAS, ENCHENTES E FURACÕES. Nada mais revelador que as fotos de pessoas usando máscaras contra a fumaça numa das cidades mais prósperas e poderosas da China. NADA, PORÉM, SE COMPARA À ESTAGNAÇÃO DO SISTEMA POLÍTICO, UMA REPETIÇÃO NEURÓTICA DA MESMICE, UM MISTO DE PROPAGANDA ENGANOSA E ESCÂNDALOS DE CORRUPÇÃO (QUE JÁ NÃO ESCANDALIZAM). O PODER PELO PODER DOMINA TUDO, O DINHEIRO PELO DINHEIRO AVASSALA A TODOS. ESSE É O CENTRO DA REALIDADE, E TUDO O MAIS É BORDA, PERIFERIA. Mas é justamente aí que o paradoxo se dissolve, sem se resolver. Em todo o mundo, milhões de pessoas se afastam do centro estagnado e criam novas superfícies para nelas inscrever e dar suporte aos novos ideais identificatórios que possibilitam novos processos e novas estruturas nesse tempo de emergência (nos dois sentidos da palavra). Nos movimentos de novo tipo no Egito, na Espanha, no Chile e no Canadá, nas percepções virais da internet, nas mobilizações sem líderes nem organizadores, nas mudanças que surpreendem o mundo, a mesma característica: as bordas descolam-se do que era antes o centro da realidade, abandonam a estagnação, movem-se para criar um mundo multicêntrico e diverso. Não é uma ruptura, mas uma mutação que preserva conquistas anteriores. A linguagem usual é insuficiente para explicar, pois a mutação ocorreu também nos processos cognitivos. A BOA NOTÍCIA É QUE OS NOVOS MOVIMENTOS, EM QUE CADA UM É AUTOR E PROTAGONISTA DE SUA FALA E AÇÃO, JÁ COMEÇAM A REUNIR UM NÚMERO DE PESSOAS DISPOSTAS A MUDAR O MUNDO. NÃO É RÁPIDO NEM INDOLOR, MAS JÁ ESTÁ ACONTECENDO E ESSE É O MOMENTO EM QUE A PERPLEXIDADE PODE DAR LUGAR A UMA NOVA ESPERANÇA.

Nenhum comentário: