LEVANDO A IDEOLOGIA
PARTIDÁRIA PARA DENTRO DE UMA CASA DE FESTAS EM ÁREA NOBRE DE BRASÍLIA, TODOS
OS PRESENTES RECEBERAM UMA CANECA LOGO NA ENTRADA, UM INDICATIVO INICIAL DE QUE
COPOS PLÁSTICOS NÃO ESTARIAM PRESENTES EM UM EVENTO DE PERFIL AMBIENTALISTA
Laryssa Borges e Marcela Mattos
Capitaneado pela
ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, o movimento para a criação do
partido político REDE SUSTENTABILIDADE aprovou neste sábado
estatuto que prevê limitações às doações para campanhas eleitorais, restrição
ao número de reeleições de seus filiados e interpretações ora rígidas ora
benevolentes a candidatos com condenações judiciais. Embora tenham se apegado a
todo momento à defesa de princípios éticos e ao direito de barrar pessoas com
pendências na justiça – incluindo políticos marcados pelas restrições da Lei da
Ficha Limpa –, integrantes do futuro partido admitiram que mesmo condenados,
dependendo do caso, serão autorizados a ingressar na legenda. O filtro de
candidatos a filiados será fino contra políticos condenados por crimes de
improbidade administrativa e corrupção, por exemplo, mas não tanto no caso de
companheiros ambientalistas ou de trabalhadores rurais sem-terra condenados “INJUSTAMENTE”.
“Há lideranças e militantes de grupos ambientalistas que foram condenados e
presos injustamente. Esses poderão eventualmente ser aceitos. Mas será regra
pilar do partido a ficha limpa”, disse o coordenador jurídico da Rede, André
Lima. “UM
TRABALHADOR SEM-TERRA QUE OCUPOU TERRA E FOI CONDENADO, ESSE VAI SER ACEITO”, completou ele. O
ex-deputado petista Marcos Rolim foi além. “ALGUNS
POLÍTICOS FICHA LIMPA NÃO PODERÃO SER ADMITIDOS TAMBÉM, PORQUE TEM MUITO
POLÍTICO FICHA LIMPA SAFADO”, afirmou. Em sua lista ideal de banimentos da Rede
estariam, por exemplo, os senadores Jader Barbalho (PMDB-PA) e Renan Calheiros
(PMDB-AL). Entre as regras da legenda relativas à ética está também a previsão
de que “PODERÁ” ser expulso do partido o candidato ou o político que se
beneficiar de esquemas de caixa dois de campanha. A versão simplificada do nome
da legenda será encaminhada à justiça eleitoral.
PELO ESTATUTO DA REDE – Os filiados à futura
sigla que tiverem mandato eletivo só poderão se candidatar uma vez à reeleição.
A proposta original, derrubada nas discussões da legenda, previa o limite de 16
anos como tempo máximo para mandatos consecutivos. Ainda conforme as regras do
partido, um parlamentar da Rede só poderá assumir cargo no Executivo se aceitar
renunciar ao mandato. Atualmente, deputados e senadores podem se licenciar dos
cargos quando nomeados para ministérios, por exemplo. APESAR DE POLÊMICA, FOI MANTIDA A PROPOSTA DE RESTRIÇÕES A DOAÇÕES
DE CAMPANHA, E FORAM BARRADOS SUMARIAMENTE APORTES FINANCEIROS DE EMPRESAS
LIGADAS À INDÚSTRIA DE BEBIDA ALCOÓLICA, CIGARRO, ARMAS E AGROTÓXICOS. A justificativa dos
militantes é a de que a proposta de sustentabilidade prevista como base do
futuro partido bate de frente com os produtos comercializados por esses setores
industriais. Embora esteja buscando na REDE um caminho para se viabilizar como candidata à
presidência da República em 2014, Marina Silva rejeitou as críticas de que a
futura legenda esteja sendo criada apenas para lhe garantir um mecanismo
institucional para disputar o Palácio do Planalto. E disse que,
independentemente do processo eleitoral, a sigla poderá costurar “ALIANÇAS
PONTUAIS” com os mais diversos partidos. Em 2010, quando ainda estava no
Partido Verde, Marina Silva apoiou candidatos dos mais diversos espectros: do
PSOL ao PPS, passando por PT, PSB e PMDB. “(Barraremos
alianças) com qualquer partido com o qual não tenhamos nenhuma
identidade programática. Os partidos não têm o monopólio da política. Existem
pessoas boas dentro de todos os partidos”, justificou. Hoje, ela não acredita
ser provável repetir os emblemáticos 20 milhões de votos que conquistou na
disputa presidencial de 2010. “ACREDITO
NA POLÍTICA COMO UM PROCESSO VIVO E ÚNICO, QUE NÃO SE REPETE. NÃO VAMOS REPETIR
2010. NÃO TEM COMO REPETIR 2010, FOI UM MOMENTO ÚNICO NA HISTÓRIA DO BRASIL E
UM MOMENTO ÚNICO NA MINHA VIDA”, afirmou. Ex-ministra do Meio Ambiente
do governo Lula, época durante a qual bateu de frente com o perfil
desenvolvimentista da então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, Marina
informou, ao longo do lançamento oficial do futuro partido, que a legenda não
adotará posição automática de apoio ou oposição à administração de Dilma. Para
ela, algumas urgências atuais, como as discussões ambientais, precisam ser
suprapartidárias. “NEM OPOSIÇÃO NEM SITUAÇÃO. EU ASSUMO POSIÇÃO”, disse. Apesar de a
nova legenda ser informalmente chamada de “PARTIDO DA MARINA”, a ex-senadora
tentou neste sábado evitar ser taxada como a mais recente cacique partidária. Em
princípio, na primeira coletiva de imprensa da Rede, Marina rejeitou até mesmo
sentar-se à frente dos filiados, formado por deputados federais, vereadores, um
pastor e um representante do movimento indígena. Preferiu ficar mais afastada e
se limitou a levantar da cadeira ao responder às perguntas.
SUSTENTÁVEL – Bandeira da legenda de
Marina Silva, as discussões sobre sustentabilidade foram a tônica do evento de
lançamento do partido. Levando a ideologia partidária para dentro de uma casa
de festas em área nobre de Brasília, todos os presentes receberam uma caneca
logo na entrada, um indicativo inicial de que copos plásticos não estariam
presentes em um evento de perfil ambientalista. Após a oficialização de REDE SUSTENTABILIDADE COMO NOME DO PARTIDO, várias tiras coloridas
foram erguidas pelos filiados a fim de simbolizar uma grande rede entre eles.
Em um cenário quase teatral, uma boia gigante em formato do Planeta Terra foi
lançada de um lado para o outro, sem cair no chão. Músicas regionais, poesias e
apresentação de bandas de jovens marcaram a cerimônia de lançamento do partido.
Com olhos marejados, a ex-senadora Heloísa Helena até arriscou repousar a
cabeça no ombro do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), seu amigo pessoal. Os
gastos da festa de lançamento com o novo partido ficaram na casa dos 150 000
reais. As 250 pessoas que se intitularam fundadoras da Rede vão arcar com a
maior parte desses custos, mas também está previsto um jantar para arrecadar
fundos que banquem o evento.
Um comentário:
É aí que começa a contradição quando jornais do sul do Brasil já noticiam que uma senhora de nome. neca setubal,uma bilionária, é que vai financiar a campanha da marina. Qaunto aos fichas-seja ela está certísima. Ainda tem muita gente boa neste país.
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