domingo, 17 de fevereiro de 2013

PARTIDO DE MARINA APROVA RESTRIÇÃO A DOAÇÕES E REJEITA FILIADOS SAFADOS


 
 
 

LEVANDO A IDEOLOGIA PARTIDÁRIA PARA DENTRO DE UMA CASA DE FESTAS EM ÁREA NOBRE DE BRASÍLIA, TODOS OS PRESENTES RECEBERAM UMA CANECA LOGO NA ENTRADA, UM INDICATIVO INICIAL DE QUE COPOS PLÁSTICOS NÃO ESTARIAM PRESENTES EM UM EVENTO DE PERFIL AMBIENTALISTA

Laryssa Borges e Marcela Mattos

Capitaneado pela ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, o movimento para a criação do partido político REDE SUSTENTABILIDADE aprovou neste sábado estatuto que prevê limitações às doações para campanhas eleitorais, restrição ao número de reeleições de seus filiados e interpretações ora rígidas ora benevolentes a candidatos com condenações judiciais. Embora tenham se apegado a todo momento à defesa de princípios éticos e ao direito de barrar pessoas com pendências na justiça – incluindo políticos marcados pelas restrições da Lei da Ficha Limpa –, integrantes do futuro partido admitiram que mesmo condenados, dependendo do caso, serão autorizados a ingressar na legenda. O filtro de candidatos a filiados será fino contra políticos condenados por crimes de improbidade administrativa e corrupção, por exemplo, mas não tanto no caso de companheiros ambientalistas ou de trabalhadores rurais sem-terra condenados “INJUSTAMENTE”. “Há lideranças e militantes de grupos ambientalistas que foram condenados e presos injustamente. Esses poderão eventualmente ser aceitos. Mas será regra pilar do partido a ficha limpa”, disse o coordenador jurídico da Rede, André Lima. “UM TRABALHADOR SEM-TERRA QUE OCUPOU TERRA E FOI CONDENADO, ESSE VAI SER ACEITO”, completou ele. O ex-deputado petista Marcos Rolim foi além. “ALGUNS POLÍTICOS FICHA LIMPA NÃO PODERÃO SER ADMITIDOS TAMBÉM, PORQUE TEM MUITO POLÍTICO FICHA LIMPA SAFADO”, afirmou. Em sua lista ideal de banimentos da Rede estariam, por exemplo, os senadores Jader Barbalho (PMDB-PA) e Renan Calheiros (PMDB-AL). Entre as regras da legenda relativas à ética está também a previsão de que “PODERÁ” ser expulso do partido o candidato ou o político que se beneficiar de esquemas de caixa dois de campanha. A versão simplificada do nome da legenda será encaminhada à justiça eleitoral.

PELO ESTATUTO DA REDE Os filiados à futura sigla que tiverem mandato eletivo só poderão se candidatar uma vez à reeleição. A proposta original, derrubada nas discussões da legenda, previa o limite de 16 anos como tempo máximo para mandatos consecutivos. Ainda conforme as regras do partido, um parlamentar da Rede só poderá assumir cargo no Executivo se aceitar renunciar ao mandato. Atualmente, deputados e senadores podem se licenciar dos cargos quando nomeados para ministérios, por exemplo. APESAR DE POLÊMICA, FOI MANTIDA A PROPOSTA DE RESTRIÇÕES A DOAÇÕES DE CAMPANHA, E FORAM BARRADOS SUMARIAMENTE APORTES FINANCEIROS DE EMPRESAS LIGADAS À INDÚSTRIA DE BEBIDA ALCOÓLICA, CIGARRO, ARMAS E AGROTÓXICOS. A justificativa dos militantes é a de que a proposta de sustentabilidade prevista como base do futuro partido bate de frente com os produtos comercializados por esses setores industriais. Embora esteja buscando na REDE um caminho para se viabilizar como candidata à presidência da República em 2014, Marina Silva rejeitou as críticas de que a futura legenda esteja sendo criada apenas para lhe garantir um mecanismo institucional para disputar o Palácio do Planalto. E disse que, independentemente do processo eleitoral, a sigla poderá costurar “ALIANÇAS PONTUAIS” com os mais diversos partidos. Em 2010, quando ainda estava no Partido Verde, Marina Silva apoiou candidatos dos mais diversos espectros: do PSOL ao PPS, passando por PT, PSB e PMDB. “(Barraremos alianças) com qualquer partido com o qual não tenhamos nenhuma identidade programática. Os partidos não têm o monopólio da política. Existem pessoas boas dentro de todos os partidos”, justificou. Hoje, ela não acredita ser provável repetir os emblemáticos 20 milhões de votos que conquistou na disputa presidencial de 2010. “ACREDITO NA POLÍTICA COMO UM PROCESSO VIVO E ÚNICO, QUE NÃO SE REPETE. NÃO VAMOS REPETIR 2010. NÃO TEM COMO REPETIR 2010, FOI UM MOMENTO ÚNICO NA HISTÓRIA DO BRASIL E UM MOMENTO ÚNICO NA MINHA VIDA”, afirmou. Ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, época durante a qual bateu de frente com o perfil desenvolvimentista da então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, Marina informou, ao longo do lançamento oficial do futuro partido, que a legenda não adotará posição automática de apoio ou oposição à administração de Dilma. Para ela, algumas urgências atuais, como as discussões ambientais, precisam ser suprapartidárias. “NEM OPOSIÇÃO NEM SITUAÇÃO. EU ASSUMO POSIÇÃO”, disse. Apesar de a nova legenda ser informalmente chamada de “PARTIDO DA MARINA”, a ex-senadora tentou neste sábado evitar ser taxada como a mais recente cacique partidária. Em princípio, na primeira coletiva de imprensa da Rede, Marina rejeitou até mesmo sentar-se à frente dos filiados, formado por deputados federais, vereadores, um pastor e um representante do movimento indígena. Preferiu ficar mais afastada e se limitou a levantar da cadeira ao responder às perguntas.

SUSTENTÁVEL Bandeira da legenda de Marina Silva, as discussões sobre sustentabilidade foram a tônica do evento de lançamento do partido. Levando a ideologia partidária para dentro de uma casa de festas em área nobre de Brasília, todos os presentes receberam uma caneca logo na entrada, um indicativo inicial de que copos plásticos não estariam presentes em um evento de perfil ambientalista. Após a oficialização de REDE SUSTENTABILIDADE COMO NOME DO PARTIDO, várias tiras coloridas foram erguidas pelos filiados a fim de simbolizar uma grande rede entre eles. Em um cenário quase teatral, uma boia gigante em formato do Planeta Terra foi lançada de um lado para o outro, sem cair no chão. Músicas regionais, poesias e apresentação de bandas de jovens marcaram a cerimônia de lançamento do partido. Com olhos marejados, a ex-senadora Heloísa Helena até arriscou repousar a cabeça no ombro do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), seu amigo pessoal. Os gastos da festa de lançamento com o novo partido ficaram na casa dos 150 000 reais. As 250 pessoas que se intitularam fundadoras da Rede vão arcar com a maior parte desses custos, mas também está previsto um jantar para arrecadar fundos que banquem o evento.

Um comentário:

Anônimo disse...

É aí que começa a contradição quando jornais do sul do Brasil já noticiam que uma senhora de nome. neca setubal,uma bilionária, é que vai financiar a campanha da marina. Qaunto aos fichas-seja ela está certísima. Ainda tem muita gente boa neste país.