sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

NÃO CUSTA SONHAR...



NOVAS LENTES

Marina Silva

Têm coisas que alimentam nossas esperanças e reafirmam as utopias. Na semana passada, estive na Costa Rica para uma conferência sobre projetos socioambientais. Em três dias, tive a oportunidade de conhecer várias lideranças sociais da América Latina e suas experiências inovadoras, de expressivo resultado cultural, social, econômico e ambiental. Foi muito animador transitar nesse ambiente. É o tipo de experiência que amplia a visão e deixa mais perceptível como é limitador restringir-se ao espaço da política institucional. VENHO DIZENDO QUE AS SEMENTES DE PROFUNDAS MUDANÇAS ESTÃO ESPALHADAS POR TODOS OS LUGARES DO MUNDO. PARA PERCEBÊ-LAS, É PRECISO COLOCAR AS LENTES DO SÉCULO 21. Edgar Morin diz que, no começo, a mudança é apenas um pequeno desvio e que devemos estar atentos para apoiar aqueles que devem e precisam prosperar. Vi muitas iniciativas com potencial de atualizar políticas públicas e impulsionar a sociedade rumo à sustentabilidade: serviço de saúde de excelência para populações de baixa renda, arte e esporte para inclusão social e combate à violência, usos criativos e socialmente inclusivos dos resíduos sólidos, acessibilidade... A lista é longa e variada. As novas iniciativas criam uma espécie de superfície de sustentação social e econômica, mas também conceitual, de valores e "MODUS OPERANDI". Superam a mesmice e projetam o sonho de que um novo mundo é mesmo possível. Mostram que O MUNDO ATUAL É FRUTO DE NOSSAS ESCOLHAS COTIDIANAS, QUE PODEMOS CRIAR OUTRAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO E RELACIONAMENTO ENTRE NÓS E COM A NATUREZA. PODEMOS RESSIGNIFICAR NOSSA EXPERIÊNCIA CIVILIZATÓRIA. PODEMOS IMAGINAR UM ESTADO MOBILIZADOR, QUE INCENTIVE O POTENCIAL CRIATIVO DA SOCIEDADE E NELE SE APOIE PARA ATUALIZAR-SE, DESENVOLVER-SE, RECRIAR-SE. UM MERCADO EM QUE EMPRESAS COM RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL PRODUZAM BENS E SERVIÇOS PARA NECESSIDADES REAIS, MUITO ALÉM DO SUPÉRFLUO. PROJETOS CULTURAIS QUE HUMANIZEM AS CIDADES E A CONVIVÊNCIA ENTRE AS GERAÇÕES QUE NELAS VIVEM. PROGRAMAS QUE VALORIZEM AS COMUNIDADES TRADICIONAIS, DETENTORAS DE SABERES RAROS E DE ALTO VALOR CIVILIZATÓRIO, ESTABELECENDO VÍNCULOS E TROCAS SAUDÁVEIS EM VEZ DA ASSIMILAÇÃO FORÇADA OU DO ISOLAMENTO PRECONCEITUOSO. Esses e muitos outros sonhos são semeados em nossas cidades e vilas, campos e florestas. Estão nas escolas, nas comunidades, no trabalho de muita gente talentosa. São pequenos desvios que podem se transformar em grandes caminhos. É preciso mudar o olhar sem perder o foco e a clareza da visão. Em vez de enxergar no tecido social apenas NÚMEROS, VOTOS OU IMPOSTOS, podemos fazer como os cientistas do biomimetismo, que olham para a natureza em busca de boas ideias e soluções.

 

 

 

 

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