UM
PARTIDO PARA MARINA CHAMAR DE SEU
Por Sérgio Vaz
É o esforço
suprapartidário para que a população tenha nojo da política. Marina Silva é igual a Gilberto Kassab. Pode,
à primeira vista, não parecer: ELA TEM UMA HISTÓRIA DE VIDA RESPEITABILÍSSIMA, UM PASSADO
GLORIOSO.
Mas
Marina, hoje, é igual a Kassab. Exatamente como Kassab, Marina vai fazer um
novo partido. O país não precisa de mais um partido político. Quem precisa é
Marina. Marina não quer um partido para defender uma plataforma, um ideário – QUER UM PARTIDO PARA CHAMAR DE SEU. Marina se revela
uma caudilha. Caudilhinha verde, com passado de glória e cara de pureza
angelical cuidadosamente ensaiada, mas caudilha. Há no Brasil 30 partidos
políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral, todos com direito ao
fundo partidário (pago com o nosso dinheiro) e horário na TV e no rádio (dito
gratuito, mas na verdade pago com o nosso dinheiro). Há vários partidos que se
dizem socialista, comunista, verde, “dos trabalhadores” – as áreas em que
Marina transitou ao longo da vida. Mas nenhum deles serve para ela. QUER UM SÓ DELA.
AFINAL, ELA TEVE UNS 20 MILHÕES DE VOTOS NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010. Na época, estava no
Partido Verde, após ter abandonado o PT porque o PT não dava a menor pelota
para ambiente. Como acha que é muito maior do que o PV, vai criar um novo.
Ainda não se definiu pelo nome. Poderia ser Partido da Marina Silva, PMS – será
que já existe uma sigla PMS entre as 30 registradas? –, mas aí talvez fosse dar
bandeira demais. Poderia, talvez, ser PN, de Partido Natureza, ou Partido
Natureba, ou Partido Natura. Nome é de somenos importância. Algum ela haverá de
achar. Mas, e assim propriamente quanto às ideias, à posição ideológica, aos
princípios, às propostas para o Brasil? Ah, mas esse negócio de princípio
interessa a alguém?, ELA PODERÁ PERGUNTAR,
COM AQUELA CARINHA ESTUDADAMENTE CÂNDIDA. Se o Kassab pôde criar do nada um partido que não é de esquerda,
nem de centro, nem de direita, e obter a terceira maior bancada da Câmara de
Deputados, por que Marina, tão mais pura, história de vida muito mais rica do
que aquele sujeito que começou a carreira política na Associação Comercial de
São Paulo, não poderia? Marina tem o mesmo sobrenome do presidente mais popular
de todos os tempos e de todas as latitudes e longitudes. O partido dela poderia
se chamar PS – Partido dos Silva. Ao fundar um partido só para chamar de seu,
Marina Silva dá uma força imensa ao movimento suprapartidário que visa a tornar
a política partidária brasileira cada vez mais pobre – e cada vez mais
desprezada pela população. É de fato um movimento suprapartidário. OS 30 PARTIDOS POLÍTICOS BRASILEIROS FORMAM HOJE UM
SENADO E UMA CÂMARA DE UMA INDIGNIDADE COMO NUNCA SE VIU NESTA REPÚBLICA, E
PROVAVELMENTE EM NENHUMA OUTRA. As duas casas elegeram como presidentes homens cuja
biografia está mais para folha corrida policial do que currículo. Como mostrou
pesquisa do Ibope feita para O Estado de S. Paulo, de 1988 para cá caiu de 61%
para 44% o número de brasileiros que dizem preferir alguma das tantas siglas
partidárias. Trinta partidos parecem unidos na perseguição de um único ideal: o
de disseminar entre os eleitores um profundo nojo pela política. Não é um belo
cenário. Na verdade, é um cenário suicida.
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