E ASSIM PERAMBULA O PT: SE DEIXAR UMA PORTA ABERTA, ELES
ENTRAM. SE DEIXAR FECHADA, ELES ARROMBAM.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
O PT TRANSFORMOU-SE NUMA DIREITONA TROGLODITA
José Aníbal
Seja durante a inauguração de obras,
seja em atos políticos ou mesmo na TV, tem sido recorrente na esfera do governo
o recurso retórico ao inimigo interno -- aqueles que trabalham contra o Brasil
e que tramam nas sombras para desunir e destruir o que quer que seja. Para mim
é uma lástima ver colegas de geração fazendo uso da mesma fantasmagoria que
instilou, entre outras obscenidades da nossa história política, a doutrina de
segurança nacional -- o “alvará” da perseguição durante a ditadura. Se o alarde
viesse do ex-presidente Lula, vá lá. LULA
CONSTRUIU SUA IDENTIDADE POLÍTICA AO LONGO DOS ANOS A PARTIR DE SUCESSIVAS
NEGAÇÕES. DOS “PELEGOS” DOS TEMPOS SINDICAIS AOS “REACIONÁRIOS” DA
CONSTITUINTE, PASSANDO POR “OLIGARQUIAS” E “NEOLIBERAIS” ATÉ CHEGAR ÀS
“ELITES”, LULA SEMPRE ESTIGMATIZOU ADVERSÁRIOS PARA MOSTRAR-SE MUNIDO DE
PROPÓSITOS SUPERIORES. Se Lula conservou a
política dos neoliberais, se foi sustentado no governo pelas oligarquias ou se
recorreu à malfadada privatização para destravar os investimentos, para ele
nada disso importa. Lula era ‘bom’ quando tudo isso era ‘mau’. Mas para o atual
governo, 25 anos depois da Constituinte nos restituir a democracia, as eleições
diretas, a alternância de poder e transições civilizadas, o retorno desta
retórica do inimigo interno é melancólico (para dizer o mínimo). APÓS 10 ANOS NO PODER, COM SINDICATOS E BOA PARTE DOS MOVIMENTOS
SOCIAIS DOMESTICADOS, UMA BASE ALIADA FORMADA POR QUASE 25 PARTIDOS E 450
DEPUTADOS E SENADORES, NÃO CONSIGO VISLUMBRAR QUEM SÃO, ONDE ESTÃO E QUAL O
PODER DE FOGO DESTES QUE TANTO AMEAÇAM O GOVERNO FEDERAL. Fora a megalomania salvacionista, autoritária e um tanto
paranoica, este discurso não passa de uma cortina de fumaça recauchutada.
Principalmente em tempos de Comissão da Verdade, que desmascara dia após dia a
mentira do inimigo interno criado pela ditadura. Não é de hoje que o PT
confunde o destino do governo com os destinos do país. O curioso é que o
recurso ao inimigo interno, à esquerda e à direita, sempre serviu a regimes que
conviviam mal com a pluralidade, a divergência e a tolerância. No fundo, é um
artifício reativo e conservador daqueles que, incapazes de transformarem a
realidade com o poder que detêm, se empenham para que tudo, ao menos, permaneça
como está. A incompetência do governo não é culpa dos outros (as manchetes nem a
imagem pertencem ao texto original).
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