Reinaldo Azevedo
Atenção, meus caros! Desde que acompanho
política, e comecei cedo, nunca vi tamanha incompetência do governo, o que dá
uma medida do que pode acontecer com o país caso, DEUS
NOS LIVRE!, DILMA PERMANEÇA NA PRESIDÊNCIA. O que o PT e a presidente viram viu nesta
terça foi se agigantar o fantasma do impeachment ou, ainda pior, da
ingovernabilidade.
O governo esticou a corda e decidiu bater
chapa com oposição e dissidentes pelo controle da comissão especial que vai
analisar a denúncia contra a presidente. BATEU CHAPA E PERDEU. BATEU CHAPA E
PERDEU FEIO. BATEU CHAPA E PERDEU POR 272 VOTOS A 199.
QUE COISA!
Se a base governista tivesse sido menos
truculenta na formação da chapa oficial, é possível que não se tivesse formado
a chapa dois, batizada de “UNINDO O BRASIL”. Mas
eles são quem são. Resolveram atropelar, esmagar, passar por cima…
Leonardo Picciani (PMDB-RJ), por exemplo,
líder do PMDB, que foi cooptado pelo Palácio do Planalto, decidiu que as oito
cadeiras do partido seriam entregues a adversários do impeachment. Vale dizer:
a metade (ou mais) do partido que pensa o contrário não seria representada.
Os petistas não escolheram deputados, mas
uma tropa de choque, composta, entre outros, DE SIBÁ MACHADO (AC), JOSÉ GUIMARÃES (CE) E WADIH DAMOUS (RJ). SÃO
LIDERANÇAS QUE CHAMAM O SIMPLES DEBATE DO IMPEACHMENT DE “GOLPE” (a
exemplo da presidente) e que não reconhecem, pois, o foro para o qual se
candidatam. É uma vergonha!
Foi o governo que forçou os dissidentes
da base e a oposição a formar uma chapa alternativa. Vale, para essa gente, a
frase de Talleyrand sobre os Bourbons: eles não aprendem nada nem esquecem
nada.
As chapas foram à votação com, respectivamente,
47 e 39 membros — a menor era a composta pelos adversários de Dilma. Caso o STF
decida não atravessar a rua para comprar uma briga monumental (vou escrever a
respeito), a chapa vencedora terá de receber ainda 26 membros, para compor os
65 necessários.
Sim, segundo as regras, os partidos têm
de estar proporcionalmente representados. Se a base não estivesse dividida, é
claro que o governo teria o controle da comissão. Mas o caos se instalou. Para
vocês terem uma ideia, 20 dos 39 membros da chapa anti-Dilma pertencem a
partidos que têm cargos na Esplanada dos Ministérios.
FANTASMA DO
IMPEACHMENT
É claro que o PT e Dilma viram se agigantar à sua frente o fantasma do impeachment — ou, ainda pior, da ingovernabilidade. Sim, se a votação de hoje tivesse sido a da aceitação ou rejeição da denúncia, Dilma teria sido fragorosamente derrotada nos números, mas teria vencido no placar.
Bastam 171 votos (ou 172 se todos os 513
votaram “sim” ou “não”) para Dilma permanecer no cargo, e a denúncia morrer na
Câmara. Já os que querem o impeachment precisam reunir a enormidade de 342
VOTOS.
Notem, Dilma obteve nesta terça 27 ou 28
votos a mais do que precisaria para barrar o impeachment. Embora a oposição e
dissidentes tenham tido 73 a mais do que os governistas, ainda lhe faltariam 70
para afastar Dilma.
Cabe, então, a pergunta que já fiz aqui: UM GOVERNO CONSEGUE A ESTABILIDADE
NECESSÁRIA COM 199 VOTOS NA CÂMARA? A resposta está dada. Esse é hoje o
tamanho da base fiel — e olhem lá. Eu duvido que esse mesmo tanto defendesse,
por exemplo, a CPMF — que, para ser aprovada, precisa de 308 votos na Câmara:
109 a mais do que os obtidos nessa terça.
NÃO É POSSÍVEL QUE DILMA NÃO PERCEBA
QUE SEU SEGUNDO MANDATO ACABOU ANTES DE COMEÇAR. Sempre
destacando que a pressão em favor do impeachment não deriva da sua
incompetência — nem mesmo da roubalheira do petrolão. Dilma pode cair em razão
dos crimes de responsabilidade cometidos.
Ainda que a ministra Carmen Lúcia resolva
meter a mão em cumbuca, anulando a sessão em favor do voto secreto, a derrota
já está dada. O GOVERNO, DEFINITIVAMENTE, ACABOU.
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