Magno
Martins
Em
apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, as manifestações convocadas
para amanhã em todo o País, serão decisivas para determinar o andamento do
processo em Brasília. NÃO HÁ IMPEACHMENT SEM APOIO POPULAR, e
a força das ruas contribuirá para cristalizar as decisões nas mentes de atores
ainda em dúvida.
Por
ora, dois fatores estão ainda em aberto. O primeiro é a decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF) a respeito do assunto. Marcada para a próxima quarta-feira,
a votação sobre o relatório do ministro Luiz Edson Fachin poderá dar andamento
ou paralisar a formação tumultuada da Comissão Especial do Impeachment na
Câmara. Caso Fachin dê ouvido às queixas do PCdoB e os demais ministros
concordem com ele, ou caso algum dos ministros decida pedir vista do processo,
tudo ficará parado até a volta do recesso parlamentar e judiciário em
fevereiro.
O
segundo fator é o mais importante, o PMDB. O
partido do vice-presidente Michel Temer está rachado em relação à questão, mas
caminha progressivamente na direção do apoio ao impeachment. Alguns sinais
comprovam isso. A
CARTA PRIVADA DE TEMER A DILMA que se tornou pública, em que ele se
dizia desprezado pelo governo, no papel de “vice decorativo”.
A
substituição do líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani, por seu xará
mineiro Leonardo Quintão, mais propenso a indicar deputados pró-impeachment
para a comissão especial. A disposição do partido em convocar uma convenção
extraordinária para janeiro, para romper oficialmente com o governo. BRASÍLIA
FERVE.
O
clima de briga de rua contamina cada manobra protelatória do presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, para evitar que a Comissão de Ética da Câmara tome
alguma decisão a respeito da acusação de que ele tenha quebrado o decoro ao
mentir a respeito de suas contas na Suíça.
Deputados
volta e meia partem para xingamentos, agressões físicas e destruição dos
equipamentos de votação eletrônica (houve pelo menos dois episódios só este
mês). Decoro e ética são palavras que passam longe do Congresso por estes dias.
A tensão se espalhou até pela festa de confraternização de fim de ano dos
senadores, onde a governista Kátia Abreu (PMDB) jogou um copo de vinho sobre o
oposicionista José Serra (PSDB), depois que Serra fez uma brincadeira grosseira
com ela.
Com
seu gesto de desespero ao acatar o pedido de impeachment depois de tentar todo
tipo de chantagem, Cunha logrou seu objetivo: DEIXOU DILMA EM SITUAÇÃO MUITO FRÁGIL.
O desespero também é palpável no governo, que não
conseguiu nem 200 deputados na votação para estabelecer a Comissão Especial.
Será que, diante do avanço das manifestações e do andamento do processo, Dilma
teria os 171 necessários para evitar ser julgada? A
PERDA DE APOIO OFICIAL DO PMDB SERIA UM GOLPE FATAL, por
isso os passos de Temer são tão decisivos.
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