sábado, 12 de dezembro de 2015

SEM RUA, NÃO TEM IMPEACHMENT




Magno Martins

Em apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, as manifestações convocadas para amanhã em todo o País, serão decisivas para determinar o andamento do processo em Brasília. NÃO HÁ IMPEACHMENT SEM APOIO POPULAR, e a força das ruas contribuirá para cristalizar as decisões nas mentes de atores ainda em dúvida.

Por ora, dois fatores estão ainda em aberto. O primeiro é a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito do assunto. Marcada para a próxima quarta-feira, a votação sobre o relatório do ministro Luiz Edson Fachin poderá dar andamento ou paralisar a formação tumultuada da Comissão Especial do Impeachment na Câmara. Caso Fachin dê ouvido às queixas do PCdoB e os demais ministros concordem com ele, ou caso algum dos ministros decida pedir vista do processo, tudo ficará parado até a volta do recesso parlamentar e judiciário em fevereiro.

O segundo fator é o mais importante, o PMDB. O partido do vice-presidente Michel Temer está rachado em relação à questão, mas caminha progressivamente na direção do apoio ao impeachment. Alguns sinais comprovam isso. A CARTA PRIVADA DE TEMER A DILMA que se tornou pública, em que ele se dizia desprezado pelo governo, no papel de “vice decorativo”.

A substituição do líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani, por seu xará mineiro Leonardo Quintão, mais propenso a indicar deputados pró-impeachment para a comissão especial. A disposição do partido em convocar uma convenção extraordinária para janeiro, para romper oficialmente com o governo. BRASÍLIA FERVE.

O clima de briga de rua contamina cada manobra protelatória do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para evitar que a Comissão de Ética da Câmara tome alguma decisão a respeito da acusação de que ele tenha quebrado o decoro ao mentir a respeito de suas contas na Suíça.

Deputados volta e meia partem para xingamentos, agressões físicas e destruição dos equipamentos de votação eletrônica (houve pelo menos dois episódios só este mês). Decoro e ética são palavras que passam longe do Congresso por estes dias. A tensão se espalhou até pela festa de confraternização de fim de ano dos senadores, onde a governista Kátia Abreu (PMDB) jogou um copo de vinho sobre o oposicionista José Serra (PSDB), depois que Serra fez uma brincadeira grosseira com ela.

Com seu gesto de desespero ao acatar o pedido de impeachment depois de tentar todo tipo de chantagem, Cunha logrou seu objetivo: DEIXOU DILMA EM SITUAÇÃO MUITO FRÁGIL. O desespero também é palpável no governo, que não conseguiu nem 200 deputados na votação para estabelecer a Comissão Especial. Será que, diante do avanço das manifestações e do andamento do processo, Dilma teria os 171 necessários para evitar ser julgada? A PERDA DE APOIO OFICIAL DO PMDB SERIA UM GOLPE FATAL, por isso os passos de Temer são tão decisivos.









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