Aluízio Amorim
A reportagem-bomba da revista Veja que chega às bancas nesta sexta-feira em virtude do feriadão, traz com exclusividade o conteúdo da delação premiada do ex-deputado Pedro Corrêa, do PP. Veja teve acesso aos 72 anexos da delação onde é reproduzido o diálogo em que Lula deu a ordem para montar o petrolão, como ficou conhecida a roubalheira que devastou a Petrobras e o Brasil.
Ao mesmo tempo, em reportagem correlata, a revista revela a existência de um complô para travar as investigações da Operação Lava Jato que seria operado, segundo a publicação, por líderes do PMDB.
Transcrevo abaixo um aperitivo da reportagem-bomba mas são necessárias algumas observações que julgo pertinentes. O texto de Veja parece relativizar os fatos quando afirma que a folha corrida de Pedro Correa contabiliza 40 anos de corrupção, desde o regime militar em diante, passando por todos os governos.
Entretanto, cabe um detalhe importante que esse texto de Veja não inclui, que é o fato de que a corrupção e a roubalheira que vêm sendo apuradas pela Lava Jato não se limitaram apenas ao enriquecimento ilícito dos envolvidos. O objetivo político atendia a um esquema de sorte a conferir a permanência do PT no poder indefinidamente. De quebra, como se sabe, os frutos dessa roubalheira também tiveram ramificação internacional dentro do esquema do Foro de São Paulo, organização comunista fundada por Lula e Fidel Castro em 1990 e que tem como objetivo a comunização de todo os continente latino-americano e Caribe chegando até à América Central. Isto tem de ser levado em consideração, tanto é que o mensalão provou que o objetivo do PT era obter o apoio total do Congresso Nacional com a aprovação de todos os projetos dos governos petistas, inclusive um que emasculava o Poder Legislativo com a criação dos famigerados "conselhos populares" emulando os sovietes criados na ex-URSS. Na prática é aquilo que se conceitua como "centralismo democrático", ou seja a ditadura do partido disfarçada pelos tais conselhos. O troço foi para o vinagre quando os políticos sentiram o cheiro de carne queimada.
Esta é a leitura correta e verdadeira dos acontecimentos. Há a corrupção tendo em vista tão somente o enriquecimento ilícito. No caso presente, o fulcro da roubalheira tem um viés político muito claro que vai além da corrupção que comumente acontece em todos os países. É isto que tem de ser levado em consideração em qualquer análise que se faça, ou seja, o "objetivo político" dessa verdadeira destruição do Brasil e da liberdade dos brasileiros. Estava em curso sem a menor dúvida um golpe - aí sim - que transformaria o Brasil num lixão como Cuba e Venezuela. Em todas as ditaduras comunistas as coisas evoluíram assim. Nesses países comunistas vigora a eterna escassez de alimentos, principalmente. Após a debacle econômica e a inflação acelerada desaparece a classe média. Nivela-se tudo por baixo e sobra apenas uma casta que pode tudo e que se constitui no núcleo do poder.
Portanto, Pedro Correia pode levar a sua história de sacanagens pelo caminho da galhofa, pode querer relativizar tudo e até mesmo fazer piada. Mas tal comportamento é vedado no que concerne ao jornalismo, como é também aos agentes públicos.
Esta é a minha visão de todos esses fatos. Esta é a minha maneira de exercer o jornalismo e acredito que também reflete o que deseja praticamente a totalidade do povo brasileiro e os estimados leitores deste blog. Transcrevo o resumo da reportagem de Veja a seguir:
UM RELATO ESTARRECEDOR
Entre todos os corruptos presos na Operação Lava-Jato, o ex-deputado Pedro Corrêa é de longe o que mais aproveitou o tempo ocioso para fazer amigos atrás das grades. Político à moda antiga, expoente de uma família rica e tradicional do Nordeste, Corrêa é conhecido pelo jeito bonachão. Conseguiu o impressionante feito de arrancar gargalhadas do sempre sisudo juiz Sergio Moro quando, em uma audiência, se disse um especialista na arte de comprar votos. Falou de maneira tão espontânea que ninguém resistiu. Confessar crimes é algo que o ex-deputado vem fazendo desde que começou a negociar um acordo de delação premiada com a Justiça, há quase um ano. Corrêa foi o primeiro político a se apresentar ao Ministério Público para contar o que sabe em troca de redução de pena. Durante esse tempo, ele prestou centenas de depoimentos. Deu detalhes da primeira vez que embolsou propina por contratos no extinto Inamps, na década de 70, até ser preso e condenado a vinte anos e sete meses de cadeia por envolvimento no petrolão, em 2015. Corrêa admitiu ter recebido dinheiro desviado de quase vinte órgãos do governo. De bancos a ministérios, de estatais a agências reguladoras - um inventário de quase quarenta anos de corrupção.
VEJA teve acesso aos 72 anexos de sua delação, que resultam num calhamaço de 132 páginas. Ali está resumido o relato do médico pernambucano que usou a política para construir fama e fortuna. Com sete mandatos de deputado federal, Corrêa detalha esquemas de corrupção que remontam aos governos militares, à breve gestão de Fernando Collor, passando por Fernando Henrique Cardoso, até chegar ao nirvana - a era petista. Ele aponta como beneficiários de propina senadores, deputados, governadores, ex-governadores, ministros e ex-ministros dos mais variados partidos e até integrantes do Tribunal de Contas da União.
Além de novos personagens, Corrêa revela os métodos. Conta como era discutida a partilha de cargos no governo do ex-presidente Lula e, com a mesma simplicidade com que confessa ter comprado votos, narra episódios, conversas e combinações sobre pagamentos de propina dentro do Palácio do Planalto. O ex-presidente Lula, segundo ele, gerenciou pessoalmente o esquema de corrupção da Petrobras - da indicação dos diretores corruptos da estatal à divisão do dinheiro desviado entre os políticos e os partidos. Corrêa descreve situações em que Lula tratou com os caciques do PP sobre a farra nos contratos da Diretoria de Abastecimento da Petrobras, comandada por Paulo Roberto Costa, o Paulinho.
Uma das passagens mais emblemáticas, segundo o delator, se deu quando parlamentares do PP se rebelaram contra o avanço do PMDB nos contratos da diretoria de Paulinho. Um grupo foi ao Palácio do Planalto reclamar com Lula da "invasão". Lula, de acordo com Corrêa, passou uma descompostura nos deputados dizendo que eles "estavam com as burras cheias de dinheiro" e que a diretoria era "muito grande" e tinha de "atender os outros aliados, pois o orçamento" era "muito grande" e a diretoria era "capaz de atender todo mundo". Os caciques pepistas se conformaram quando Lula garantiu que "a maior parte das comissões seria do PP, dono da indicação do Paulinho". Se Corrêa estiver dizendo a verdade, é o testemunho mais contundente até aqui sobre a participação direta de Lula no esquema da Petrobras. Do site de Veja
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