Márcio Falcão e Aguirre Talento
Uma nova delação revelou aos investigadores da Lava Jato que propina
do esquema de corrupção da Petrobras teria sido usada para pagar viagem à
Europa de Caroline Collor de Mello, que é mulher do senador Fernando
Collor (PTC-AL) e foi denunciada ao STF (Supremo Tribunal Federal). A
viagem ocorreu em julho de 2013, quando Caroline teria recebido US$ 20
mil em espécie. O pagamento foi apontado na delação premiada do doleiro
Leonardo Meirelles, ex-sócio do doleiro Alberto Youssef, e compõe a
acusação contra o casal no Supremo por crimes como corrupção e lavagem
de dinheiro. Registros migratórios obtidos pelos investigadores confirmaram que
ela viajou para a Europa em julho de 2013, “para onde levou o dinheiro”,
diz o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
SEGREDO DE JUSTIÇA
A Folha teve acesso à denúncia, que tramita em sigilo no STF.
Meirelles entregou ainda aos procuradores extratos de cartões de crédito
que comprovariam que a mulher do ex-ministro Pedro Paulo Leoni Ramos,
apontado como operador de Collor, também teve despesas internacionais
pagas com recursos desviados pelo esquema na estatal.
Meirelles afirmou que, a pedido de Youssef, carregou dois cartões
pré-pagos internacionais com US$ 30 mil cada. O delator informou que
“obteve os extratos das despesas com os cartões e verificou gastos no
exterior em lojas de artigos femininos, como Victoria’s Secret e Louis
Vuitton”.
Os registros de viagens da mulher de Pedro Paulo, Luciana, confirmam
viagem a Miami (EUA), também em julho de 2013, mesmo período dos gastos
do cartão. Ao longo da acusação, a Procuradoria diz que Caroline “auxiliava
diretamente o marido quanto à lavagem de dinheiro” e cita que, entre
2010 e 2014, ela recebeu em suas contas R$ 453 mil em depósitos em
dinheiro.
EMPRÉSTIMOS FICTÍCIOS
A Procuradoria apontou ainda que a empresa de comunicação do senador
repassou para Caroline, em 45 operações, R$ 622,5 mil, além de R$ 144,6
mil em empréstimos fictícios para justificar aquisição de bens de luxo,
em especial veículos e imóveis.
Segundo a Procuradoria, Meirelles também custeou despesas internacionais de Collor que somam € 81.230 (R$ 243,6 mil à época).
As fontes dos repasses, segundo a Lava Jato, eram contratos de troca
de bandeiras de postos de combustível celebrados entre a Petrobras e a
DVBR Derivados do Brasil, além de contratos com a UTC.
R$ 30,9 MILHÕES!!!
Num complemento da acusação, a Procuradoria fez um ajuste na denúncia
oferecida contra o senador ao STF para atualizar o total de propina
recebida por Collor por desvios no esquema. A partir de novas delações,
como do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, o montante passou de R$
26 milhões para R$ 30,9 milhões.
O esquema vinculado ao senador envolvia além da mulher, assessores do
Senado, colaboradores, empresas em atividade e outras suspeitas de
serem de fechada. Janot pede que o STF determine a Collor ressarcimento
aos cofres públicos de R$ 154,7 milhões.
COLLOR SE DEFENDE
Procurada, a assessoria de Collor informou que o “senador não conhece
Leonardo Mereilles”. “Nem ele nem sua mulher jamais receberam do
referido senhor quaisquer valores para gastos no Brasil ou no exterior”,
afirma a assessoria. Anteriormente, o senador já havia negado as acusações da Operação
Lava Jato sustentando que não teve participação nos negócios da BR
Distribuidora e nem recebeu propina por isso. A assessoria de Leoni Ramos informou que ele “não se manifestará
sobre fatos que desconhece e continuará prestando esclarecimentos”.
Na Foto à Esquerda em 1978, Hosmany Ramos com a socialite carioca Beki Klabin e na foto à direita com o ex-presidente Fernando Collor e Lilibeth Monteiro de Carvalho |
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