domingo, 14 de outubro de 2018
EIS UMA PRECISA ANÁLISE DO CIENTISTA POLÍTICO ALEXANDRE MARINHO QUANDO AFIRMA: “TALVEZ AGORA SEJA TARDE DEMAIS”...
Entendo perfeitamente o
apelo que muitos amigos, artistas e intelectuais fazem agora para nos
posicionarmos em favor da democracia, das liberdades, da manutenção do Estado
de Direito etc, ou seja, vamos impedir que o fascista, o misógino, o machista,
o homofóbico, o racista, o filhote da ditadura ASSUMA o poder. “É HORA DE SE POSICIONAR”, dizem os amigos.
Confesso que este apelo me
comove APENAS EM PARTE e me sinto bem à vontade em relação a isso. Primeiro
porque votei em Lula nas duas vezes que assumiu a presidência e, atendendo a
seu chamado, votei em Dilma, na sua primeira eleição.
Em segundo lugar porque, a
posição que vocês me cobram agora, eu já tomei lá atrás, não votando na
reeleição da Dilma, porque ali, naquele exato instante, o PT (depois de um
período de acertos), já dava fartos e cristalinos sinais de que tinha saído dos
trilhos, e pior, tinha traído os ideais que o levaram ao poder, em especial o
de combater a corrupção e desenvolver a economia do país.
Fui de Marina em 2013 e
fiquei aguardando um mea culpa do PT, uma mudança de rumo, e mais do que isso,
esperei sinceramente que os intelectuais, os artistas, os professores universitários
de esquerda tomassem a iniciativa de apontar novos caminhos, alternativas e que
começassem a descolar aquela parcela mais lúcida da esquerda do então já
moribundo e personalista lulo-petismo, pois na minha humilde visão cheguei a
considerar que a esquerda fosse bem maior que o PT. NÃO PRECISA SER CIENTISTA POLÍTICO PARA
SABER QUE QUALQUER MOVIMENTO POLÍTICO BASEADO EM MITOS HUMANOS JÁ NASCE COM OS
DIAS CONTADOS, SIMPLESMENTE PORQUE SOMOS FALÍVEIS E SOMOS MORTAIS.
Mas foi aí onde me
decepcionei mais ainda, porque justamente esses amigos mais lúcidos, artistas e
intelectuais começaram a compactuar com tudo aquilo, da forma mais apaixonada
possível, ou seja, preferiram abraçar o vitimismo colocando a culpa na situação
internacional, no Judiciário, e logo em seguida no “GOLPE”, ou seja, abraçaram
a teoria da conspiração. Mesmo diante dos inumeráveis e seríssimos erros
cometidos pelo PT não houve QUALQUER assunção de culpa ou mudança de rota – a
culpa era sempre dos outros, do Moro, dos golpistas. Estávamos diante, mais uma
vez, do sempre questionável e hipócrita purismo que dividiu o Brasil entre “NÓS” e “ELES”.
E daí que deu no que deu,
né? Temer no poder, Lula preso, o lulo-petismo em frangalhos, mas mesmo assim,
num momento em que o contexto exigia humildade e desapego, ou melhor, quando
era a hora de o PT dar um passo atrás para evitar o pior, em outras palavras,
quando chegou a hora da alternativa CIRO, no qual votei, o PT preferiu
cortar-lhe as pernas e impor um candidato que tinha o Lula
como “VENTRÍLOQUO”, numa das situações mais constrangedoras da nossa
história recente.
Mais uma falha imperdoável
do PT: mesmo sabendo que Bolsonaro era uma ameaça real, capaz de derrotá-los,
pois as pesquisas já indicavam isso há vários meses, preferiram correr o risco
a permitir que tivéssemos hoje um segundo turno travado entre uma chapa
composta por Ciro/Haddad x Marina, Ciro/Haddad x Alckmin ou Ciro/Haddad x
Bolsonaro, por exemplo, que seria um cenário bem mais tranquilo e esperançoso
para o país. A
PREPOTÊNCIA E O EGOÍSMO DO PT FORAM MUITO ALÉM DA CONTA, LEVANDO-NOS A VIVER O
ATUAL VEXAME. E perceba que Haddad
continuou a não admitir qualquer mudança de rota. O PT não errou em nada, OS
CULPADOS SÃO OS OUTROS e “vamos fazer o Brasil ser feliz de novo”.
Estava assim criado o
cenário perfeito para o surgimento de um salvador da pátria: economia em recessão,
15 milhões de desempregados, violência nas alturas, mais um depoimento
bombástico do Palocci, posicionamento conjunto dos líderes evangélicos em
defesa do “defensor da família” e, para completar, a tentativa de assassinato
do capitão que, tornando-o vítima, comoveu milhões e fortaleceu a crença de que
ele seria o mais indicado para "acabar com a violência, a bandidagem e a
corrupção no país”.
E o pior de tudo é que o
narcisismo do Lula, que na verdade é apenas mais uma expressão do personalismo
da velha esquerda latino americana (que parou em 1917 e não se renova nunca),
contagiou todos os seus seguidores, criando uma nova religião. Não vi nenhum
destes amigos, que agora nos cobram posicionamento, questionando qualquer erro
do PT, apenas se limitaram a gritar em uníssono “Fora Temer”, "Fora
golpistas" e repulsa a qualquer tese ou alternativa “fora da caixa”.
Pensou fora da caixinha e não assumiu seus chavões, é coxinha. É proibido
questionar! Ou está 100% do nosso lado ou dane-se! O BOLSONARO É NADA MAIS QUE CRIA E
REFLEXO DESSE SURTO PSICÓTICO DE PREPOTÊNCIA PETISTA.
Pois é amigos, apesar do
desabafo, não vou entrar na onda Bolsonaro porque, além do visível e flagrante
despreparo, discordo de vários de seus posicionamentos tão fartamente
divulgados nas redes sociais, a exemplo do absurdo de afrouxar o controle do
desmatamento na Amazônia, de ser favorável ao fim do desarmamento e de já ter
assumido várias posições discriminatórias contra minorias, ou seja, não o
considero uma pessoa à altura dos desafios que se apresentam nesse momento tão
delicado da nossa história. Mas confesso também que não me sinto nenhum pouco
confortável para digitar 13 e legitimar a volta de um partido que, apesar dos
inegáveis avanços sociais trazidos ao país, no final das contas “caiu em
tentação” e passou a compactuar com todas aquelas velhas práticas que tanto
combatia, FINDANDO POR LEVAR O PAÍS À
VELHA CRISE POR ONDE ESTE CICLO (QUE ORA SE ENCERRA) HAVIA COMEÇADO.
Mais uma vez fica provado e
entra para os registros da história que o aparelhamento da máquina pública é um
câncer que mata qualquer democracia, seja ele praticado por comunistas,
socialistas, fascistas, liberais, cristãos, budistas, muçulmanos ou por
qualquer outro credo ou filosofia. E o melhor antídoto contra essa peste é a
alternância de poder, que através do voto deve ser operada pelos cidadãos a
cada eleição. A gente não pode esquecer que faz parte da natureza humana querer
apoderar-se e manter-se indefinidamente no poder, seja no Executivo, no
Legislativo, no Judiciário, no Ministério Público, na Imprensa, no clero ou em
qualquer outra esfera ou modalidade de poder, quer cheguem através do voto, do
concurso público ou da indicação política. Quantos vocês conhecem que já
largaram voluntariamente o poder, depois que assumem?
A história nos dá inúmeras
outras provas dessa sutileza humana. Querem fazer um teste? Observem
rapidamente quais as grandes obras que os últimos governantes realizaram no
país, em seu estado ou em sua cidade? Você acha que tais obras foram motivadas
e concretizadas pelo desejo de ajudar o povo ou pelo desejo de garantir sua
permanência no poder? Até acredito que seja motivado pelos dois fatores, mas se
formos verificar a dosagem de cada uma dessas motivações...
AS
URNAS FORAM MUITO CLARAS E COM A MATEMÁTICA NÃO DÁ PRA GENTE FAZER
ARRUMADINHOS.
E sempre que a gente pensa
que vai ser assim ou assado, lá vem a realidade para nos dar um tapa na cara e
nos mostrar que somos humanos, somos falíveis, e, como bem disse o Frei
Beto: “A MOSCA AZUL EXISTE”, e a história dos povos não se escreve de
forma linear, mas de forma cíclica e, portanto, repetitiva. Exatamente porque
algumas características e atributos dos humanos são perenes. E Maquiavel já
tinha nos ensinado isso desde o século XV.
Que Deus ilumine o capitão,
sob os ombros dos quais está recaindo a enorme responsabilidade de assumir as
rédeas do nosso Brasil. Aproveito ainda para registrar o meu profundo respeito
aos queridos amigos e amigas eleitores, tanto do Haddad quanto do Bolsonaro.
RESPEITO e compreendo perfeitamente o sentimento de cada um de vocês. Que Deus
os ilumine e os abençoe!
E É ISSO! COMO HAVIA DITO
NO INÍCIO, TALVEZ AGORA SEJA TARDE DEMAIS, QUERIDOS AMIGOS.
O amor que dizemos ter pelo
nosso país e a defesa tão veemente que fazemos da democracia serão postos à
prova de forma decisiva nos próximos dias. Estaremos dispostos a aceitar o
resultado das urnas, qualquer que seja o resultado, ou continuaremos com a
estéril e ridícula briga COXINHAS/MORTADELAS, que tanto dividiu nossa sociedade,
arrasou nossa autoestima, inverteu nossos valores e abalou fortemente o nosso
sentimento de nação?
Para finalizar, permitam-me
relembrar o genial e saudoso Nelson Rodrigues, quando dizia: “nada mais cretino
e mais cretinizante do que a PAIXÃO POLÍTICA. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de IMBECILIZAR o homem”.
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