O ex-presidente Lula tinha tanta confiança em sua popularidade, que nem mesmo a prisão permitiu que o político se abatesse por completo. Da cadeia, Lula insistiu em sua candidatura até o último momento, desprezando por completo a candidatura de Fernando Haddad. Mesmo ciente de que havia sido enquadrado na Lei da Ficha Limpa que ele mesmo assinou, Lula fingia ignorar o fato de ter sido condenado em 2.º grau pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O petista, que desafiou as autoridades do país até o limite, imaginava que o povo não resistiria à tentação de reeleger aquele que foi um dia o presidente mais popular de toda a história do Brasil.
Lula acreditava piamente em sua força política por um motivo bem simples. Havia dedicado a sua vida, desde os anos 70, a sedimentar seu nome no consciente coletivo como o único brasileiro que defendia os interesses do trabalhador e dos mais pobres. Ainda que após ter chegado à Presidência da República nas eleições de 2002 e de ter se lambuzado na orgia da corrupção com poderosos e deixado os pobres em segundo plano, Lula confiava que seu nome era forte o suficiente para se eleger, mesmo na cadeia, ou em última hipótese, eleger um outro poste, a exemplo do feito extraordinário com a então desconhecida Dilma Rousseff.
O problema é que o petista se esqueceu da lição das urnas nas eleições de 2016, quando o PT conseguiu eleger apenas um prefeito de capital, no Acre, contra 9 em 2004. Lula também pareceu fingir ignorar que o mérito da eleição de Marcus Alexandre para a prefeitura da capital, Rio Branco, foi mais mérito do então governador do Acre, Tião Viana, do que dele próprio, que não conseguiu eleger nem o filho vereador em São Bernardo do Campo, seu berço político.
Segundo interlocutores, Lula detesta perder uma eleição. Há inclusive relatos de que teria firmado dezenas de alianças ao longo da vida e apoiado candidatos de outros partidos apenas para não ser derrotado com candidatos do PT. Lula odeia a derrota, dizem pessoas próximas.
Mas ao que tudo indica, o hóspede do quarto andar do prédio da Polícia Federal em Curitiba está caindo na real. Esta semana, Lula admitiu que Haddad teria reconhecido a dificuldade para vencer a eleição no dia 28 de outubro. Magoado e preso, Lula teria apostado na “tragédia que virá” como elemento catalisador da volta do PT ao poder nas próximas eleições presidenciais de 2022. Lula dito que "a disputa política não se encerra em uma eleição", num claro sinal de que já jogou a toalha com a candidatura de Haddad. Resta saber se até lá, terá sobrado alguma coisa do PT e se Lula terá conseguido se livrar da cadeia. O petista é réu em várias ações penais e pode enfrentar novas condenações já a partir do próximo ano.
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