DEBATE DA BANDEIRANTES - PLÍNIO FATUROU
Marina Silva (PV) perdeu. Com apenas 1 minuto e 15 segundos de propaganda eleitoral no rádio e na televisão a partir do próximo dia 17, ela está obrigada a dar um show durante os debates. Saiu-se mal no primeiro. Estava nervosa - ou parecia. Deu respostas banais às perguntas. Não apertou nenhum dos seus adversários. Sequer foi engraçada. Outro dia, Marina fez uma platéia sisuza e desconfiada de empresários chorar.
PLÍNIO DE ARRUDA SAMPAIO (PSOL) GANHOU. Primeiro porque o país, afinal, tomou conhecimento da existência de mais um candidato a presidente. Segundo porque estava à vontade. Alfinetou os demais. Foi engraçado quando deveria. Falou o tempo todo olhando nos olhos dos espectadores.
Serra foi essencialmente técnico. Foi o que sempre foi. O campeão dos detalhes. Não sorriu - a não ser no último dos cinco blocos do debate, mesmo assim por cobrança de sua filha. Um bom expositor, como sempre. Nada mais do que isso.
Dilma, como Plínio, também ganhou - embora menos do que ele. Havia no PT e no governo o receio de que ela se saísse mal. Como não derrapou em nenhum momento, embora tenha sido tão chata quanto Serra foi, não perdeu o debate. Tirando-se o áudio, foi a que apresentou a melhor "imagem presidencial", digamos assim.
A dureza das regras produziu um debate sonolento. A audiência foi um pouco maior do que se esperava - quase 6%. No mesmo horário, a Globo bateu em 36% transmitindo o jogo São Paulo x Internacional(Blog do Noblat).
DEBATE CHATO
PLINIO DE ARRUDA SAMPAIO foi o que mais tirou vantagem no debate na TV. Simples assim: televisão é um veículo perfeito para shows e espetáculos. E neste quesito o socialista ganhou o primeiro confronto. Pelo menos teve humor.
No mais, o primeiro debate presidencial foi chato demais. Só melhorou um pouquinho próximo de meia-noite, quando os quatro presidenciáveis já estavam há mais de uma hora no estúdio. Tarde demais para o trabalhador assistir.
E não foi chato por causa da "Band" e suas regras. Elas são flexíveis e básicas para um bom confronto de ideias. O desenho do programa era claro. O debate foi enfadonho, não por uma eventual má condução do mediador. Ricardo Boechat foi fiel ao seu estilo informal. Nunca antes na história dos debates deste país tivemos um âncora tão liberto do estilo robozinho, velho conhecido dos telespectadores. Ele foi bem.
O debate não foi pouco atraente, porque o tucano José Serra usava uma gravata vermelha, cor do PT de Dilma. Isto foi até legal!
Não foi chato por que Marina Silva não conseguiu expor suas propostas e nem por que Dilma Rousseff era disparada a mais nervosa. Não por isso tudo. Faz parte.
O DEBATE SÓ NÃO NAUFRAGOU TOTALMENTE POR CAUSA DE PLINIO ARRUDA SAMPAIO. FOI ENGRAÇADO ELE DIZER QUE JOSÉ SERRA DEVE SER "HIPOCONDRÍACO, PORQUE SÓ FALA DE SAÚDE".
O candidato do Psol foi o franco atirador da noite. E tirou vantagem desta condição. Por outro lado, não apresentou nenhuma proposta concreta. A sua candidatura já nasceu morta na praia(Texto de Sidney Rezende).
“A SAÚDE NÃO PODE ESPERAR”, AFIRMA MARINA NO PRIMEIRO DEBATE ENTRE OS PRESIDENCIÁVEIS
AS INTERVENÇÕES DE MARINA SILVA durante o debate realizado pela Rede Bandeirantes. Participaram Marina, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL).
22H – PERGUNTA FEITA POR RICARDO BOECHAT: “Entre estes três itens, segurança, educação e saúde, escolha um que atacará imediatamente logo depois da posse e responda quais serão as primeiras providências concretas de seu governo nesse sentido?”
MARINA – “Primeiro quero dizer da minha satisfação de estar nesse debate e de poder, entre nós, discutirmos o que pensamos para o Brasil e o que os nossos brasileiros e brasileiras esperam de nós através desse primeiro encontro. Uma das coisas que não se pode separar é, de fato, saúde, educação e segurança. A educação está na base de tudo, porque sem ela acabamos tendo menos segurança, menos saúde, porque a desinformação é responsável pela falta de oportunidades e também responsável por boa parte das doenças que as pessoas são acometidas. Mas é óbvio que vou escolher a saúde para ser uma das primeiras medidas a serem tomadas no meu governo, se Deus quiser. Por que a saúde, nós sabemos, é algo que não pode esperar nenhum momento. Milhões de brasileiros continuam nas filas, milhões de brasileiros continuam esperando meses ou anos para poder marcar um exame. E eu sei o que é ficar na fila como indigente. Eu sei o que é um péssimo atendimento de saúde, porque já tive a oportunidade de vivenciar como indigente as filas dos hospitais lá no Estado do Acre, a falta de atenção com a saúde pública. Algumas coisas melhoraram, melhoraram, mas nós precisamos inclusive dar recursos porque hoje os municípios estão bancando sozinhos a questão da saúde praticamente. Os Estados não repassam o dinheiro, a União não repassa corretamente e a média de repasse dos municípios em recursos já está em torno de 22%. Quando eleita, uma das coisas que vou fazer em relação à saúde é mobilizar o Congresso Nacional, mobilizar prefeitos e governadores para que possamos regulamentar a emenda 29, que até hoje não foi regulamentada e tem levado à morte milhões e milhões de brasileiros”.
22H30 – MARINA PERGUNTOU PARA JOSÉ SERRA (PSDB) qual foi a experiência que tirou dos últimos 16 anos, oito dos quais como situação e oito como oposição. Na réplica, a candidata do PV disse que fazia a pergunta por, nos últimos 16 anos, ter tido a felicidade de acompanhar dois grandes partidos, incapazes porém de fazer um realinhamento histórico, de esquecer as divergências e lutar pelo Brasil. “No caso da CPMF, por exemplo, vi um partido que era a favor ser contra, e um que era contra ser a favor. É por isso que tenho feito uma proposta de que, a partir dessa aprendizagem, a gente possa trabalhar juntos pelo Brasil que nós queremos”, afirmou.
23H01 – EM PERGUNTA PARA DILMA ROUSSEFF, MARINA LEMBROU TER UMA LIGAÇÃO VISCERAL COM A EDUCAÇÃO, ATÉ POR TER SE APROVEITADO DA FRESTA QUE TEVE, AOS 16 ANOS, DE APRENDER A LER NO MOBRAL. Lembrou ainda que havia prometido investi atér 7% do PIB em educação e que Dilma havia concorda com a proposta e dito que isso “poderia ser feito imediatamente”. “Como isso pode ser feito imediatamente?, perguntou Marina. Na réplica, a candidata do PV lembrou que o país só investe 5% em educação. É preciso, em sua visão, ter visão estratégica e aumentar os recursos para educação.
23H05 – DILMA PERGUNTA PARA MARINA: “O crack afeta e atinge nossa juventude e destrói as perspectivas de futuro. Qual sua estratégia para enfrentar, combater e derrotar o problema?”
MARINA – “O crack é um dos graves problemas que estão afetando nossa juventude. Só no Rio Grande do Sul temos 52 mil pessoas viciadas em crack. Tenho andado por esse Brasil afora e, aonde eu chego, mães desesperadas vêm me dizer que seu filho está completamente viciado. Como se não bastasse, uma pessoa que usa o crack pode ficar viciada em uma única vez. É fundamental que se tenha políticas públicas voltadas para um trabalho integrado entre prefeituras, Estados, sociedade civil e, principalmente, aqueles setores que têm expertise e que trabalhem com amor e respeito para os viciados. Em setembro do ano passado, o Luiz Eduardo Soares havia entregue uma política de combate ao crack. Depois tive a felicidade de ouvir que o governo federal tinha desarquivado essa proposta. Eu disse, fico feliz. Talvez se eu tivesse apresentado, teria virado apenas uma bandeira de campanha. Com felicidade eu digo, que a proposta é muito semelhante à do Luiz Eduardo”.
Na réplica, Marina disse ter insistido que o combate às drogas não pode ser encarado como um problema apenas moral. “É fundamental que se pense essa questão como uma espécie de adoecimento a que a sociedade está submetida. Uma boa parte da juventude está sendo ceifada em função do uso de drogas. É necessário uma política integrada que envolva psicólogos, agentes comunitários, terapeutas e ativades parecidas com a Justiça Restaurativa do Rio Grande do Sul, onde o próprio o Judiciário, em vez de colocar os jovens na cadeia, possa fazer um processo de restauração dos jovens”.
23H15 – MARINA PERGUNTOU PARA PLÍNIO que política social faria para o Brasil. A candidata do PV lembrou que as políticas sociais evoluíram, pois o país saiu do “famigerado sacolão” para uma política de transferência de renda que tirou da pobreza 25 milhões de brasileiros. “Isso deve ser mantido por uma questão de direito à vida digna das pessoas”, afirmou Marina. A senadora defendeu a necessidade de programas sociais de terceira geração, que permitam “igualdade de oportunidades, treinamentos, cursos profissionallizante, formação superior”.
23H52 – JOELMIR BETTING – Na politizada área ambiental, qual deve ser a prioridade. O aquecimento global, o da água, do esgoto ou do lixo.
MARINA – “Devo dizer que discordo dessa avaliação veementemente. Essas duas coisas não precisam ser colocadas em oposição. A proteção das árvores, a defesa do meio ambiente e o saneamento básico fazem parte da mesma equação. E nós não podemos adiar em hipótese alguma o cuidado com as nossas crianças, com o tratamento do esgoto que, hoje, cerca de 50% da população não têm acesso a esgoto tratado. Isso também é defesa do meio ambiente. Isso é defesa da saúde pública. Isso requer também uma população e um governo educados para o século 21. Eu não posso concordar que nós tenhamos que viver sempre essa oposição entre meio ambiente e desenvolvimento. Eu venho de um Estado onde aprendi com Chico Mendes, que pagou um preço alto de dar a sua vida para defender o meio ambiente, mas para também defender as crianças da Amazônia, que não têm saneamento básico, que não têm acesso a bens e serviços, que jamais serão prejudicados em função do meio ambiente. Aliás, proteger o meio ambiente é gerar mais empregos, mais educação, ciência, tecnologia e conhecimento e gerar novas oportunidades de trabalho, novas oportunidades para que, na economia no século 21, a gente não fique preso aos velhos paradigmas. Os paradigmas que fazem com que a gente inviabilize o futuro das crianças aqui, agora. Porque continuar jogando 40% do esgoto no rio Pinheiros é acabar com o meio ambiente e destruir a vida da nossas crianças”.
NA RÉPLICA, MARINA AFIRMOU QUE “a luta da natureza é uma luta generosa. Ela integra a sociedade. Um capitalista precisa de água potável, terra fértil e ar puro”. “Um trabalhador e a criança pobre lá da favela do Coque, aonde eu conheci o Dado, precisam também.”
24H10 – NAS CONSIDERAÇÕES FINAIS, MARINA AFIRMOU:
“Primeiro quero agradecer a Deus por ter chegado até aqui. Quero cumprimentar a Band por este debate. Agradecer a concorrência, o Plínio, a Dilma, o Serra por este esforço que fizemos de nos expor aqui para os brasileiros, a fim de que possam tomar suas decisões conscientemente. Espero sinceramente que isso possa progressivamente ajudá-lo a tomar sua decisão no dia 3 de outubro. E eu queria só fazer um pequeno lembrete: Enganam-se aqueles que pensam que essas eleições serão ganhas pela velha lógica do ‘eu, eu, sei, sei, posso, posso, tenho, tenho’. Essas eleições, eu espero sejam um momento para a gente, sem desconstruir os acertos, sem negarmos as conquistas, inclusive dando a autoria delas. Sejamos capazes de assumir que ainda temos muito o que fazer. Evitando a complacência, sabermos que, na saúde, na educação, na segurança pública, na moradia digna, no cuidado com o meio ambiente, ainda falta muito para fazer. E, principalmente, na educação de qualidade, que gera oportunidades. O nosso país – que já foi capaz de acabar com a lógica do poder pela força, eleger um sociólogo para as transformações econômicas, acabar com o preconceito de classe para eleger o operário, que fez transformações sociais – é capaz de continuar se surpreendendo para eleger a primeira mulher de origem humilde, de raízes amazônicas, mas altamente comprometida com a sociedade. A primeira presidente da República Federativa do Brasil, para que possamos por um fim a situações como vi na favela do Coque, com o menino Dado, um menino inteligente, que ali estava jogado. E eu quero terminar, Dado, fazendo uma homenagem a você:
---HAVIA UM PEQUENO DADO JOGADO POR SOBRE A MESA
---ALI NADA ERA CERTEZA, TUDO ERA INTERROGAR
MAS, PARA MINHA SURPRESA, NA FORMA DE UM COLOSSO
---DADO ERA DE CARNE E OSSO E SABIA ATÉ CANTAR,
---DADO, MEU PEQUENO DADO JOGADO,
---QUE PLÍNIO, DILMA, SERRA OU MARINA AJUDEM A MUDAR A CENA DE TANTOS DADOS JOGADOS.
INCONSISTÊNCIAS CHAMAM ATENÇÃO NA CNT/SENSUS
Do blog de Jose Roberto de Toledo
O que mais chama a atenção na pesquisa CNT/Sensus não é o tamanho da vantagem de Dilma Rousseff (PT) sobre José Serra (PSDB). O que se destaca são as inconsistências internas do relatório. Do alto percentual de voto dos nanicos à distribuição regional das intenções de voto dos principais candidatos, PASSANDO POR UM MISTÉRIO NA INTENÇÃO DE VOTO DE MARINA SILVA (PV), HÁ VÁRIAS CONTRADIÇÕES NOS CRUZAMENTOS DA PESQUISA.
Fato inédito, a CNT/Sensus encontrou intenção de voto espontânea maior do que na pergunta estimulada para os nanicos. Soma dos percentuais dos candidatos dos pequenos partidos na ESPONTÂNEA: 7%. Soma dos percentuais dos mesmos candidatos na ESTIMULADA: 5%.
A pergunta ESPONTÂNEA é a primeira feita aos entrevistados. Se o eleitor não souber o nome do seu candidato a presidente, não consegue responder. Por isso, invariavelmente os percentuais são menores do que na ESTIMULADA, quando o pesquisador mostra os nomes dos candidatos. Exemplos do próprio Sensus: Dilma tem 30% na espontânea e 42% na estimulada, Serra tem 20% da espontânea e 32% na estimulada. Mas com os nanicos acontece um mistério: ELES PERDEM ELEITORES DE UMA PERGUNTA PARA OUTRA, EM VEZ DE GANHAR.
Zé Maria (PSTU) sai de 3% na ESPONTÂNEA para 2% na ESTIMULADA; Eymael (PSDC), de 2% para menos de 1%; Ivan Pinheiro (PCB), de 1% para quase zero. Ou seja, eleitores que surpreendentemente lembraram de seus nomes sozinhos, ao vê-los no disco mudam de ideia.
AS CONTRADIÇÕES NÃO FICAM POR AÍ. MARINA TEM 8,5% (O SENSUS INSISTE EM USAR CASAS DECIMAIS, DANDO A IMPRESSÃO QUE A PESQUISA, SEJA ELA QUAL FOR, TEM UMA PRECISÃO INEXISTENTE) NA PERGUNTA ESTIMULADA. MAIS À FRENTE NO QUESTIONÁRIO, O ENTREVISTADOR PERGUNTA: “(…) EM QUEM O SR.(A) VOTARIA OU NÃO VOTARIA PARA PRESIDENTE?” E DÁ QUATRO ALTERNATIVAS AO ENTREVISTADO: 1) É O ÚNICO EM QUE VOTARIA; 2) PODERIA VOTAR; 3) NÃO VOTARIA; 4) NÃO CONHECE.POIS 11% DOS ELEITORES RESPONDERAM QUE MARINA É A ÚNICA EM QUEM VOTARIAM. ENTRE UMA PERGUNTA E OUTRA, 2,5% DOS ELEITORES MUDARAM DE IDEIA E PASSARAM A DIZER QUE MARINA É A ÚNICA PRESIDENCIÁVEL EM QUE VOTARIAM? Pode-se argumentar que a lista acoplada a esta pergunta não citava os nanicos. Mas, nesse caso, por que os percentuais de Dilma e Serra diminuíram (para 35% e 25%, respectivamente) em vez de crescer, como ocorreu com o de Marina?
Finalmente, a CNT/Sensus encontrou um empate técnico entre Dilma e Serra no Sul do país: 37% a 43%, respectivamente. Com apenas 291 entrevistas na região, a margem de erro máxima para o Sul é de quase 6 pontos percentuais. Ou seja: o tucano poderia ter 37% e a petista, 43%, que estariam dentro da margem.
O problema é que esse resultado contraria a série histórica de pesquisas, sem que tenha havido nenhum fato relevante que pudesse explicar uma ascensão fulminante de Dilma no Sul.
Pior: outras pesquisas, com amostras muito maiores, como a feita pelo Ibope há poucos dias, apontam uma vantagem que varia de 11 a 16 pontos para o tucano nos três estados da região.
Todas essas inconsistências do relatório da CNT/Sensus não necessariamente invalidam os resultados globais da pesquisa. Pode ser que Dilma de fato tenha aberto 10 pontos de frente sobre Serra. Mas é mais prudente esperar o Ibope que sai nesta sexta para ter certeza.
OPINIÃO DO BLOG CHUMBO GROSSO: - PESQUISA CORRETA É AQUELA QUE EU POSSO MANIPULÁ-LA.......
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