Carlos Chagas
O costume tem sido programar o Carnaval com bastante antecedência. Como agora, porém, jamais aconteceu. Porque logo depois de encerrado o desfile da última escola de samba, daqui a duas semanas, a turma já começou a trabalhar para o próximo, de 2017. Por conta da crise que nos assola, mudanças estão sendo engendradas. Novas escolas se organizam, antes mesmo de as atuais terem pisado o sambódromo.
“Unidos do Lava Jato” é uma escola em formação que pensa arrebentar as arquibancadas com o samba enredo “Não Sobrou Ninguém”, entoado pelo coro da Papuda. O destaque vai para a “Ala dos Delatores”. A “Bateria das Empreiteiras e dos Advogados” empolgará o público pela riqueza de recursos já postos à sua disposição.
Também forte candidata ao primeiro lugar, seguir-se-á a “Estação Primeira dos Depósitos no Exterior”, com a Comissão de Frente composta por ex-deputados e senadores então destituídos de seus mandatos, exibindo recibos de repatriamento de grandes fortunas e distribuindo notas de dólar para a plateia. Fantasiados de Irmãos Metralha desfilarão os que contribuíram para a desvalorização do real, seguidos por singular bateria, onde em vez de bumbos, seus integrantes portarão elegantes maletas de couro com ressonância especial.
Lugar de honra será ocupado pela “Escola dos Companheiros do Ali Babá”, muito mais do que 40, com o bloco “Dólar na Cueca” dando passagem aos “Abandonados Pelos Chefes”, coro de lamentações destinado a arrancar lágrimas da assistência. Para compensar a tristeza, um carro alegórico na forma de imenso jatinho, ocupado por beldades peladas que homenagearão as rosas e cantarão “Está Faltando Um”.
Os planos vem sendo elaborados em completo sigilo, por isso as informações são curtas, a ser confirmadas apenas no próximo ano, ignorando-se quais os novos grupos em preparação e, acima de tudo, os seus patrocinadores. Uma coisa, porém, é certa: será o mais rico carnaval de todos os tempos, mesmo sob o risco de ser financiado do fundo da cadeia.
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