Augusto Nunes
Morto nesta quarta-feira aos 58 anos, vítima dos ferimentos sofridos na queda do avião que pilotava, o ex-senador boliviano Roger Pinto Molina não conseguiu consumar o sonho de rever o país que teve de abandonar em 24 de agosto de 2013, depois de 455 dias enclausurado numa sala da embaixada do Brasil em La Paz. Mas ao menos viveu para ver o sepultamento da política externa da canalhice, criada por Lula e mantida por Dilma Rousseff, e a derrocada dos seus três carrascos.
Pinto Molina escapou do naufrágio na loucura, do mergulho definitivo na depressão e da pena de morte decretada por Evo Morales (com o aval dos poderosos comparsas da nação vizinha) graças à altivez de Eduardo Saboia. Sem pedir licença a um Itamaraty emasculado pelo sumiço da vergonha, o jovem diplomata o trouxe para o Brasil de carro, numa viagem balizada por perigos. Esses atos de bravura em território hostil custaram-lhe uma longa temporada na geladeira dos inimigos da pátria petista.
O ex-senador sobreviveu por três anos com a ajuda e amigos dispostos a desafiar a filial brasileira da comunidade bolivariana. Nesse curto período, a paisagem política mudou. Condecorado pelo governo Temer e devolvido à ativa, Saboia trabalha no gabinete do chanceler Aloysio Nunes. Lula tenta livrar-se da cadeia. Dilma foi despejada da Presidência e reduzida a nada. Morales é um lhama-de-franja em seu ocaso.
Os três carcereiros de Pinto Molina seguem vivos. Mas serão todos enterrados na cova rasa reservada a figurantes da história universal da infâmia.
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