Josias de Souza
De passagem por Salvador, o prefeito paulistano João Doria foi submetido a uma chuva de ovos organizada por estudantes e militantes da CUT. Atingido, Doria foi exposto na vitrine da internet limpando o cabelo e o paletó com um lenço. Depois, com a rapidez de um raio, o alcaide tucano fez dos ovos uma omelete. Recheou com Lula e Nicolás Maduro. E serviu num vídeo levado ao Facebook.
''Não é esse o caminho que desejamos para o Brasil”, trovejou Doria. “Esse é o caminho do Lula, o caminho do PT, das esquerdas que querem isso: a intransigência, a agressividade e a tentativa de amedrontar. A mim não intimida… Vão lá defender o Maduro e jogar ovo lá na Venezuela.''
Doria voara à capital baiana para receber da câmara de vereadores local o título de “Cidadão Soteropolitano”. No instante em que trovejaram ovos sobre o seu penteado, estava acompanhado do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), outro desafeto do petismo.
Visto como alternativa do PSDB para 2018, Doria estimula o falatório sobre uma candidatura presidencial que diz não existir. E saboreia a insistência com que o petismo o trata como adversário. A exemplo dos esquerdistas que o tacham de direitista, Doria não hesita em levar o seu discurso às fronteiras do paroxismo ideológico.
O prefeito sabe que não se faz omelete sem quebrar os ovos. Não está claro se gosta de fritada de ovos. Mas parece compartilhar com seus rivais o gosto comum pelo barulho dos ovos sendo quebrados. Cristão-novo no ninho, Doria não se dá bem com o muro. Constrói seu discurso antipetista de forma tão compulsiva que acaba se revelando o mais antitucano dos tucanos.
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