Guilherme Fiuza
O Brasil não falha: a ideia de criar um fundo público (seu dinheiro) para
bancar campanhas eleitorais surge no momento em que João Santana (alguém se
lembra dele?) pede à Justiça para desbloquear seus bens, porque está sem grana.
Deu para entender? O marqueteiro-laranja do maior assalto da história da
República está esquecido na prisão, tentando reaver sua fortuna, enquanto o
país discute a oferenda de mais R$ 3,6 bilhões para engordar novos marqueteiros
eleitorais.
Como isso é possível? Simples: dê uma olhada pela janela de seu computador e veja o Brasil, ao vivo, inflamado em seu despertar cívico, discutindo se o fundo público de financiamento eleitoral é de esquerda ou de direita. Se não for exatamente isso, é algo nessa linha, em geral um pouco mais tolo e surrealista. Se você fosse o João Santana, você faria o mesmo: “DEIXA EU APROVEITAR O RECREIO INTELECTUAL DOS IDIOTAS QUE ESTÃO DISCUTINDO A IDEOLOGIA DE ADOLF HITLER E SALVAR MINHA PELE”.
Vamos interromper o recreio um minutinho, com todo o respeito à
frivolidade geral, para uma lembrança saborosa: essa facada nas costas do
contribuinte (você) NASCEU – NÃO
RIA – DE UM SURTO ÉTICO DO PT. NATURALMENTE UM SURTO ÉTICO DE MENTIRA, COMO TUDO QUE
PROVÉM DAS ALMAS MAIS HONESTAS DO PROSTÍBULO.
A situação era a seguinte: a Operação Lava Jato fervia, em plena revelação
da MÁFIA MONTADA POR LULA e DILMA com as maiores empreiteiras do país para roubar a Petrobras e a economia
popular, quando o Partido dos Trabalhadores resolve dar seu grito contra o
abuso do poder econômico perpetrado pelo capitalismo selvagem. Traduzindo para
o português: depois de usar as empresas para abarrotar criminosamente seu caixa
eleitoral, as virgens de Lula resolvem proibir a doação eleitoral de empresas – EM NOME DA ÉTICA. Não ficou clara a tradução? Vamos tentar de outra forma: O PT ROUBOU VOCÊ COM O PETROLÃO E VAI TE
ROUBAR DE NOVO COM O ORÇAMENTO DA UNIÃO. SE AINDA NÃO DEU PARA ENTENDER, PELO
MENOS RIMOU.
Podemos continuar essa conversa triste. Mas prometa que você não vai
querer discutir se a proibição hipócrita das doações de empresas é de direita
ou de esquerda. HIPOCRISIA não tem IDEOLOGIA. Rimou de novo – rima pobre, como
o espírito de um país que ama polemizar sobre o que não presta. É claro que o
poder econômico sempre influenciará eleições – assim como o poder político, o
poder cultural, o poder acadêmico, o poder familiar, o poder espiritual etc.
Uma estrela de televisão que apoia um candidato está influenciando
poderosamente o jogo eleitoral com o capital de sua fama. Não existe capital
mais poderoso – e concentrado. Que tal proibi-lo? Nova lei: em ano eleitoral,
artista famoso não pode abrir o bico sobre política.
Se você pode fiscalizar a promiscuidade entre artistas e políticos, pode
fazer a mesma coisa sobre cartas marcadas entre empresas e partidos. Pode
regular limite de gasto, tipo de contrato e condutas em geral – até onde você
achar que deve, para controlar o tráfico de influência. MAS ISSO DÁ TRABALHO, então é melhor aderir à demagogia anticapitalista do maior ladrão da
República.
Esse proselitismo malandro, supostamente progressista, tem entre seus
arautos os heróis carnavalescos de sempre – vários dos quais de toga. Desse
Supremo Tribunal Federal que tentou melar o impeachment de Dilma na mão grande,
o mesmo que abençoou a tramoia de Janot com Joesley, só se ouvem tiradas
espertas em busca de manchetes – tipo o “QUERO MUDAR O BRASIL, NÃO ME MUDAR DO BRASIL” de Cármen Lúcia, frase
matadora para bolo de aniversário. Sobre a garfada obscena de R$ 3,6 bilhões
com a bênção do STF (o companheiro Barroso não falha), nenhuma tirada
estilística.
Queridos legalistas ornamentais, ONDE ESTÁ A INVESTIGAÇÃO DAS OPERAÇÕES
BILIONÁRIAS DO BNDES COM O CAUBÓI BIÔNICO, MAIOR CORRUPTOR CONFESSO DO SISTEMA
POLÍTICO BRASILEIRO, SOB A REGÊNCIA DO PT? A omissão geral sobre esse esquema pornográfico, protegido pelas flechas
de bambu do procurador companheiro, é de esquerda ou de direita? Até o
procurador Deltan, expoente da Lava Jato, resolveu aderir à coqueluche
ideológica do jardim de infância. Afinal, o oportunismo é de esquerda ou de
direita? Com a palavra, as viúvas de Adolfo. (Via Blog
de Rafael Brasil)
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