Carlos Alberto Fernandes
Conforme a maioria
já sabe, o Power Point é um programa de computador utilizado para
criação/edição e exibições de apresentações gráficas, cujo objetivo é informar
sobre determinado tema, podendo usar imagens, sons, textos e vídeos que podem
ser animados de diferentes maneiras. É o instrumento mais usado nas
apresentações e palestras, para dar transparência as ações de governo. Segundo
este instrumento, o Pré sal vai nos salvar a todos. O trem bala corre nos
trilhos. A TRANSPOSIÇÃO DO
SÃO FRANCISCO VAI DE VENTO EM POPA. AS ESTAÇÕES DO BRT ESTÃO FUNCIONANDO A MIL.
A VIA MANGUE HÁ MUITO QUE FOI CONCLUÍDA. Todas
as contas batem. Todavia, ainda com pouca transparência, a maior empresa
brasileira exibe suas entranhas, em mais um processo de corrupção de magnitude MAIOR
QUE O PRÓPRIO MENSALÃO. Através da alternativa da delação premiada, descobre-se
que a Petrobrás foi transformada num grande balcão de negócios, com
beneficiários diversos, amigos, partidos, políticos e a própria família. Tudo
isso, num misto de nepotismo, patrimonialismo, familismo e clientelismo, entre
outros ismos que nenhum “POWER POINT” consegue mostrar. Por outro lado, uma
grande quantidade de casos semelhantes foram identificados pelos Órgãos de
Controle em outras organizações públicas de dimensão e tamanho diversos, nas
diversas esferas de governo. Isso demonstra que esse tipo de prática cada vez
mais se finca como realidade no cenário institucional e como traço cultural no
imaginário da sociedade brasileira. Segundo Gaudêncio Torquato, “A NOVA ERA DESCORTINA UMA DESOLADORA PAISAGEM DE COMPETIÇÕES
IDEOLÓGICAS MENOS CONTRASTADAS E AGORA ANCORADAS, DE UM LADO, EM VASTAS
ORGANIZAÇÕES DE INTERESSES PRIVADOS E, DE OUTRO, EM BUROCRATAS DA ADMINISTRAÇÃO
GOVERNAMENTAL. NESSA MODELAGEM, TAMBÉM CHAMADA DE TECNOBUROCRACIA, OS
ESPECIALISTAS-TÉCNICOS ACABAM FORMANDO PARCERIAS COM EMPRESAS E POLÍTICOS. A
POLÍTICA, INCLUSIVE A INSTITUCIONAL, POR CONSEGUINTE, DEIXA DE SER MISSÃO PARA
SE TRANSFORMAR EM NEGÓCIO.” Em algumas plagas
tropicais, tal modelagem adquire proporções exageradamente enviesadas por causa
de uma cultura política irrigada pelas fontes do passado. O marquês do Paraná,
Honório Hermeto Carneiro Leão, afirmava haver, no Brasil, “PESSOAS CAPAZES DE
TODAS AS CORAGENS, MENOS A CORAGEM DE RESISTIR AOS AMIGOS”. Clássicos da nossa
sociologia, como Sérgio Buarque de Holanda, são unânimes ao apontar os “INTERESSES
INDIVIDUAIS E OS FAMILIARES INTERVINDO NO TRATO DA COISA PÚBLICA DE TAL MODO
QUE O ESTADO PERDE SUA FUNÇÃO PRECÍPUA DE MANTENEDOR DA JUSTIÇA E DA ORDEM,
PASSANDO A FUNCIONAR EXCLUSIVAMENTE EM BENEFÍCIO DOS GRUPOS QUE O CONTROLAM”. A
imagem que emerge é a da Grande Família. Vamos esperar que, vitoriosa, a nova
política seja de fato implementada no estado brasileiro e coíba as ações que TRANSFORMAM AS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS EM BALCÃO DE NEGÓCIOS
PRIVADOS, CUJOS INTERESSES SÃO ESCUSOS E DIFUSOS. Isso, porque as redes de negócios se mantém e se ampliam. Em
linguagem moderna, os grupos de interesses fazem links com o poder virtual e
mantém funcionando suas networks de preservação dos espaços políticos e
institucionais conquistados no passado. Para tanto, OS TECNOBUROCRATAS SUGESTIONADOS POR LOBISTAS SEMPRE FORMULAM
HIPÓTESES E DEFENDEM VELHOS PARADIGMAS RECAUCHUTADOS DE CONCEITOS TRADICIONAIS
CHAMADOS ESTRATEGICAMENTE DE MODELOS NOVOS UMA VEZ QUE SÃO APRESENTADOS EM
FIGURAS GEOMÉTRICAS COLORIDAS, COM ANIMAÇÃO DIGITAL, PASSÍVEIS DE OFUSCAR OLHOS
E IMPRESSIONAR MENTES. Tudo em nome do
negócio e do dinheiro envolvido cujos nacos também beneficiam políticos e
partidos. É A CORRIDA DO PODER PELO PODER. Não é à toa que diante de
fragilidades dialéticas, o maior instrumento de argumentação do Governo é o
insubstituível “POWER POINT”. Mas
mesmo sendo eficaz e de grande serventia, essas e outras coisas ele não
consegue mostrar.(A
manchete e a imagem não fazem parte do texto original. – Título do artigo
original: Viva o “ Power Point”
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