Depois
de quatro anos de uma gestão malsucedida - que se refletiu nas urnas de outubro
com a vitória mais apertada que o PT já teve desde 2002 -, Dilma Rousseff tomou
providências para que, neste segundo mandato, sejam feitas as correções
necessárias na condução da política econômica. MAS O PT, DE OLHO NAS ELEIÇÕES
MUNICIPAIS DO ANO QUE VEM, está mais preocupado em manter nos palanques o
discurso populista que o levou ao poder do que com a necessidade de levar a
sério a retração econômica que já é uma realidade no País e prejudica, no médio
e longo prazos, principalmente a população de renda mais baixa. EM MATÉRIA DE ECONOMIA, PORTANTO, O PT ESTÁ NA
OPOSIÇÃO.
Mesmo
fazendo um desconto para o irredimível voluntarismo petista, que acredita que
para ter justiça social e distribuição de renda basta que o governo as imponha
por decreto, é difícil de acreditar a que ponto está chegando a generalização
das críticas e dos ataques à equipe nomeada por Dilma para botar ordem na casa,
acabar com a farsa da contabilidade criativa e conter a inflação e a sangria de
recursos indispensáveis aos projetos de infraestrutura sem os quais o País não
progride. Criar, enfim, as condições para que o Brasil possa retomar um ritmo
de crescimento que permitiu os avanços sociais registrados no governo Lula.
FORAM
IMPORTANTES CONQUISTAS QUE, EMBORA OS PETISTAS TENTEM NEGAR, FORAM CONSTRUÍDAS
SOBRE OS FUNDAMENTOS ECONÔMICOS "NEOLIBERAIS" DOS GOVERNOS FHC, AOS
QUAIS O PT ADERIU ÀS VÉSPERAS DAS ELEIÇÕES DE 2002 COM A FAMOSA CARTA AOS
BRASILEIROS.
Hoje,
indesmentíveis fatos, números e estatísticas revelam que, depois de ter
abandonado a política econômica "neoliberal" que o próprio Lula já não
levou tão a sério em seu segundo mandato, o desempenho de Dilma nos seus
primeiros quatro anos levou o País ao retrocesso. Ela própria estaria
intimamente convencida disso. Se assim não fosse, não teria ousado tanto na
troca da equipe econômica. MAS
O PT NÃO A ACOMPANHA, NEM NO DIAGNÓSTICO NEM NA PRESCRIÇÃO.
A
Construindo um Novo Brasil (CNB), corrente majoritária do Partido dos
Trabalhadores, reuniu-se segunda-feira passada em Brasília, preparando-se para
o 5.º Congresso petista marcado para 2 de fevereiro em Belo Horizonte. Os
militantes dedicaram seis horas a debater questões como o impacto do ajuste
fiscal em curso. Não o impacto na economia brasileira, mas "na imagem do
PT e nas eleições de 2016". O comando da CNB tem procurado minimizar as
críticas que se alastram dentro do partido, mas a reunião de Brasília deixou
claro que a rejeição às primeiras medidas de austeridade anunciadas são
praticamente unânimes entre os petistas.
COMPROVA ESSA TENDÊNCIA A MANIFESTAÇÃO DA FUNDAÇÃO
PERSEU ABRAMO, LIGADA AO PT E AO PENSAMENTO ECONÔMICO
"DESENVOLVIMENTISTA" DA UNICAMP, QUE EM NOTA AFIRMOU QUE AS MEDIDAS
DE AUSTERIDADE FISCAL "PODEM AFETAR A DEFESA DOS GANHOS SOCIAIS" E
QUE O GOVERNO DILMA "PARECE VER-SE OBRIGADO A COADUNAR (SIC) PARCIALMENTE
COM OS ARGUMENTOS MERCADISTAS".
A
Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do petismo, também está
insatisfeita. Para seu presidente, Wagner Freitas, "O GOVERNO TEM QUE DIZER CLARAMENTE O QUE QUER. ESTAMOS PREOCUPADOS
COM ESSA POLÍTICA RECESSIVA JUNTO COM MUDANÇAS NO SEGURO-DESEMPREGO". Essa insatisfação será levada às ruas pela CUT,
junto com outras organizações sociais, no dia 28.
Um
membro da Executiva Nacional do partido, o gaúcho Raul Pont, está inconformado:
"ESSA VISÃO DE POLÍTICA ECONÔMICA
DO MINISTRO NÃO COMBINA COM O QUE PENSAMOS E DEFENDEMOS NO PT". Pont integra a mesma corrente Democracia Socialista
a que pertencem os ministros Miguel Rossetto, secretário-geral da Presidência,
e Pepe Vargas, das Relações Institucionais.
Há
ainda uma interessante evidência de que as orelhas de Dilma continuarão
ardendo: o coro dos indignados foi reforçado por ninguém menos do que o
presidiário José Dirceu, animado com os preparativos para o retorno à cena
política. Em seu blog, escrito no conforto de sua mansão em Brasília onde
cumpre prisão domiciliar, vaticinou o chefe da quadrilha do mensalão: "TUDO INDICA QUE O QUE VAMOS TER É UMA
RECESSÃO, E DAS BRAVAS, NO BRASIL ESTE ANO".DILMA
ROUSSEFF ESTÁ SENTINDO NA PELE O QUE É TER O PT NA OPOSIÇÃO. (Editorial do Jornal O Estadão. - A manchete e a
imagem não fazem parte do texto original).
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