O calamitoso movimento grevista dos caminhoneiros que gerou prejuízos, demissões e milhares de micro tragédias pelo país ao longo de dez dias serviu para derrubar a mística de que a categoria era representada por heróis brasileiros.
A truculência e a falta de sensibilidade com o caos que instalaram no país comprovou que os 'heróis' podem se converter em inimigos mortais da nação. Além dos bilhões em prejuízos para o país e dos bilhões que conseguiram arrancar do contribuinte na base da chantagem, mais de 60 milhões de litros de leite foram descartados por produtores desesperados, cerca de 80 milhões de aves foram perdidas, milhões de suínos tiveram o mesmo destino. Boa parte da produção de pequenos produtores se estragou no campo, enquanto a maior parte dos alimentos que chegaram à mesa do trabalhador alcançaram preços absurdos, onde itens como verduras e hortaliças alcançaram valores inacessíveis para os mais pobres.
Milhões de famílias tiveram que se abster da maioria dos alimentos, inclusive ovos e carne. Hospitais ficaram sem insumos básicos, dependentes de tratamentos como hemodiálise passaram maus bocados, creches foram fechadas e cirurgias seletivas marcadas há meses tiveram que ser canceladas em todo o país. Os responsáveis pelos bloqueios criminosos tentaram passar uma imagem de 'bonzinhos' afirmando que estavam deixando passar os caminhões com insumos hospitalares e medicamentos, como se a população do país não precisasse comer.
Além da covardia com a população, a categoria permitiu a prática de crimes contra os próprios companheiros, que foram praticamente sequestrados e impedidos de deixar as concentrações de caminhões nas estradas, acostamentos e áreas às margens das estradas. Mantidos nos cárceres das boleias de seus caminhões, chefes de família eram impedidos de voltar para suas famílias, sob a constante ameaça de destruição de seu patrimônio. Pelo menos 50 caminhões foram incendiados e milhares tiveram os pneus furados, vidros quebrados e outros danos causados pelos próprios manifestantes contra trabalhadores da categoria. Pelo menos dois caminhoneiros perderam as vidas em bloqueios, atingidos por pedras lançadas por piqueteiros.
Enquanto isso, os verdadeiros heróis do Brasil, aqueles empreendedores que arriscam o próprio capital ou contraem dívidas para investir na atividade produtiva no país, se tornaram reféns daqueles que apenas transportam o fruto do trabalho de toda uma cadeia produtiva. Os heróis que geram empregos, pagam pesados impostos, se arriscam em perder safras por pragas ou produtos por falta de venda, ficaram nas mãos daqueles que cumprem a parte mais elementar de todo o processo produtivo que gera a riqueza, empregos e impostos para o país. Herói são aqueles que apostam no Brasil, não aqueles que conspiram contra a nação. Os caminhoneiros romperam um elo sagrado na cadeia produtiva que gera a prosperidade para o país, a segurança alimentar e a confiança de uma nação.
Apenas para esclarecimento: Nos últimos seis anos, a frota brasileira de caminhões cresceu 40%, graças aos subsídios garantidos pelos governos do PT para as montadoras. O povo pagou os juros para que empresários e autônimos comprassem seus caminhões durante, apostando na economia, que cresceu apenas 11% no mesmo período. Como qualquer investimento, apostar no mercado de cargas também oferece riscos. Não é culpa da população que o país tenha sido mergulhado na pior recessão da história durante o período em que mais pessoas apostaram na aquisição de caminhões. Como a frota cresceu 40% e a economia cresceu apenas 11%, a concorrência no mercado aumentou e o preço do frete caiu drasticamente. O fato é que nem a redução do preço do diesel e outras vantagens obtidas pela categoria após a chantagem com o país irá resolver os problemas do setor. Somente a recuperação da economia permitirá a recuperação do mercado de cargas, assim como os demais setores da economia. No entanto, os caminhoneiros e empresários do setor preferiram chantagear o país, contribuindo para afundar ainda mais a economia. - Imprensa Viva -
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