MINISTÉRIO DA DILMA DESVIA R$ 400 MILHÕES E 22 QUADRILHEIROS VÃO PARA A CADEIA DE MENTIRINHA...
Josias de Souza
Crivado de denúncias de corrupção no Ministério do Trabalho, o PDT é
disputado com avidez por três dos principais atores da sucessão de 2014: DILMA ROUSSEFF (PT), candidata à reeleição e seus
prováveis antagonistas AÉCIO NEVES (PSDB) e EDUARDO CAMPOS (PSB). Nos três casos, a negociação é
conduzida por CARLOS LUPI, presidente do PDT e
precursor dos desvios em série praticados na pasta do Trabalho desde a
administração Lula. Momentaneamente, o PDT tornou-se símbolo de um paradoxo que
aprisiona Dilma, Aécio e Eduardo. Eles se vendem como representantes do avanço.
Porém, em troca de alguns minutos adicionais de propaganda no rádio e na tevê,
agarram-se ao atraso. Numa hora em que a rua procura um líder capaz de fixar
padrões morais, a reedição de alianças extravagantes compromete a capacidade
dos seus cultores de se firmar como lideranças éticas. Daí, em parte, a
ascensão muda de Marina Silva. No dia 21 de agosto, uma quarta-feira, CARLOS LUPI jantou com Aécio Neves. Na semana anterior, dividira a mesa
de refeições com Eduardo Campos. Em 23 de agosto, reuniu a cúpula do PDT para
debater a conjuntura. O partido frequenta o balcão de 2014 com 44 segundos de
tempo de propaganda. E LUPI não faz segredo de que
pretende valorizar a mercadoria. Embora mande e, sobretudo, desmande no
Ministério do Trabalho, esquiva-se de fechar com Dilma. “Fomos os primeiros a
declarar o apoio a Dilma em 2010. E isso nos deu a responsabilidade de estar
hoje no governo”, disse o cacique do PDT há 18 dias. “O momento é outro hoje. E
ainda não definimos. Queremos avançar mais pela esquerda, questionamos a
política na área econômica. Não estou dizendo que não está bom, mas tem que
avançar mais.” LUPI prosseguiu: “Aécio é
meu amigo pessoal, meu problema é com o PSDB. Não dá para ter um caminho mais à
direita do que temos hoje.” E arrematou: “Somos aliados do Eduardo Campos, ele
está no nosso campo de ação. Tenho mantido contado com ele, tenho simpatia por
ele, e ele ainda não definiu. Só vamos definir isso em 2014.” O lero-lero
ideológico de LUPI não orna com a cena ao redor. Alçado
à poltrona de ministro do Trabalho por Lula, em 2007, LUPI escorregou suavemente para dentro da gestão de continuidade
de Dilma Rousseff. Junto com ele, continuaram as más práticas que rendem
escândalos até hoje. Na pseudofaxina de 2011, LUPI perdeu apenas o trono
ministerial, não a pose. Estimados em R$ 400 milhões, os desvios que ganharam
as manchetes nesta segunda-feira (9) começaram em 2008, ainda sob LUPI, informa a PF. Entre os investigados está Paulo Roberto Pinto,
o segundo do ministério –homem de Lupi. Se a sensibilidade auditiva fosse
transferida para o nariz, qualquer um que ouvisse o palavrório de LUPI —“queremos avançar mais pela esquerda, não dá para ter um
caminho mais à direita”— sentiria um mau cheiro insuportável. Mas Dilma o
recebe no Planalto. Aécio janta com ele. Eduardo Campos, em privado, já
manifestou até a disposição de retirar dos quadros do PDT de LUPI o vice da futura chapa presidencial do PSB. Quer dizer: o
Brasil, que nunca teve políticos de direita, perde também os que se diziam de
esquerda. Restou uma geleia partidária amorfa, isotrópica, inefável. O pote não
contém apenas PDT. Misturam-se nele letrinhas para todos os desgostos. Seja
quem for o próximo presidente, do PT, do PSDB ou do PSB, estarão de prontidão
para garantir a governabilidade legendas como o PMDB de José Sarney e Renan
Calheiros, o PTB de Roberto Jefferson, o PP de Paulo Maluf, o PR de Valdemar
Costa Neto… Houve um tempo em que muitos tinham a ilusão de que um novo
presidente menos inepto que José Sarney, mais honesto que Fernando Collor,
menos transitório que Itamar Franco, mais firme que Fernando Henrique Cardoso e
menos cego que Lula teria autoridade para deter a sanha fisiológica dos eternos
aliados. Hoje, ainda não se sabe quem será o próximo presidente. Mas sabe-se
que, mantido o modelo, o novo presidente será presidido pelas circunstâncias
desde a campanha (A manchete e a imagem não fazem partes do texto original).
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