Como se pode notar, a edição da revista Veja que chega às bancas neste sábado e já está disponível para os assinantes da versão digital, vem quente. Mas a reportagem de capa que conta com 31 páginas devassando o predador gigantismo estatal seja excelente, a chamada acima "O Cerco se Fecha", pode ser tipificada como a reportagem-bomba. Sim, porque o conteúdo dessa matéria traz à luz informações relevantes que podem acelerar o processo de impeachment da Dilma. Esta reportagem especial traz conteúdos explosivos das delações premiadas. Os delatores revelam como Lula e Dilma se beneficiaram do esquema de corrupção da Petrobras, fato que joga mais lenha na fogueira do impeachment.
A edição de Veja vem portanto recheada de ótimas informações e, por isso mesmo, vale a pena comprar a revista. Ao mesmo tempo em que revela as delações bombásticas mostra com os fatos que o déficit de capitalismo no Brasil no final das contas é que gera essa torrente de corrupção e escandalosa roubalheira.
PROPINA EM CARRO BLINDADO
No segundo semestre de 2010, a inflação estava controlada, o Brasil crescia em ritmo chinês e as taxas de desemprego eram consideradas desprezíveis. A sensação de bem-estar, a propaganda oficial maciça e a popularidade do então presidente Lula criavam as condições ideais para que Dilma Rousseff passasse de mera desconhecida a favorita para vencer as eleições. Paralelamente, um grupo pequeno de políticos e servidores corruptos da Petrobras acompanhava com compreensível interesse os desdobramentos do processo eleitoral. Foi nesse cenário que a campanha de Dilma e o maior esquema de corrupção da história do país selaram um acordo que, se confirmado, pode se transformar na primeira grande evidência de que o petrolão ajudou a financiar a campanha de Dilma Rousseff. Mais que isso. Se confirmado, estará provado que os coordenadores da campanha sabiam da existência do aparelho clandestino de desvio de dinheiro da Petrobras, se beneficiaram dele, conheciam seus protagonistas e, no poder, deixaram que tudo continuasse funcionando tranquilamente até o ano passado, quando a Polícia Federal e a Procuradoria da República no Paraná desencadearam a Operação Lava-Jato.
A lógica permite afirmar que seria impossível um esquema responsável por desviar quase 20 bilhões de reais, que envolve ministros de Estado, senadores, deputados aliados e a cúpula do PT, o partido que está no poder desde que tudo começou, existir sem o conhecimento do presidente da República. Os fatos, a cada novo depoimento, apontam na mesma direção. Condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, negocia um acordo de delação premiada com a Justiça. Ele já prestou vários depoimentos. Num deles, contou ter participado pessoalmente da operação que levou 2 milhões de reais à campanha petista. No ano passado, o ex-diretor Paulo Roberto Costa disse que o ex-ministro Antonio Palocci, então coordenador da campanha de Dilma, lhe pedira 2 milhões de reais. O dinheiro, segundo ele, foi providenciado pelo doleiro Alberto Youssef. Ouvido, o doleiro afirmou que desconhecia a existência de qualquer repasse a Antonio Palocci. A CPI da Petrobras chegou a promover uma acareação entre os dois para tentar esclarecer a divergência. Sem sucesso. Baiano contou detalhes que não só confirmam as declarações de Paulo Roberto e de Alberto Youssef como ampliam o que parecia apenas mais uma fortuita doação ilegal de recursos. É muito mais grave.
O MISTERIOSO "DR. CHARLES"
O acordo para repassar o dinheiro foi fechado no comitê eleitoral em Brasília depois de uma reunião entre Fernando Baiano, Paulo Roberto Costa e o ex-ministro Antonio Palocci. De acordo com o relato de Baiano, Dilma caminhava para uma eleição certa e, até aquele momento, ainda não se sabia o que ela pensava a respeito do futuro comando da Petrobras. Coordenador-geral da campanha, Palocci forneceu algumas pistas e fez o pedido: precisava de 2 milhões de reais. Antes de a reunião terminar, recomendou que acertassem a logística do repasse do dinheiro com "o Dr. Charles", seu assessor no comitê. E assim foi feito. Combinou-se que, para a segurança de todos, era melhor que a propina fosse entregue num hotel de São Paulo. E assim foi feito. No dia indicado, um dos carros blindados do doleiro Youssef estacionou na garagem de um conhecido hotel de São Paulo, e uma mala cheia de reais foi desembarcada e entregue a um homem que já a aguardava.
A suposta contradição entre Youssef e Paulo Roberto sobre a entrega do dinheiro também foi esclarecida. Depois da versão apresentada por Baiano, o doleiro foi novamente ouvido. Ele não mentiu ao afirmar que nunca entregara dinheiro a Antonio Palocci. Por uma razão: ninguém lhe informou que aquela entrega atendia a uma solicitação do ex-ministro. Youssef, que era o distribuidor de propinas aos parlamentares do PP, contou que, no dia indicado, ele de fato encheu uma mala com maços de dinheiro, amarrou outros pacotes ao próprio corpo e dirigiu-se num carro blindado para o hotel Blue Tree, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. O que era uma acusação considerada mentirosa, descabida e sem provas pelo ex-ministro Palocci ganha evidências que precisam ser esclarecidas em profundidade
As revistas semanais impressas brasileiras até o advento da internet - com destaque para as redes sociais e blogs independentes - chegavam às bancas com espessura rotunda. Nessa época independentemente do conteúdo essas publicações tinham um destaque especial. Mas isto está mudando drasticamente. As revistas semanais estão cada vez mais raquíticas e uma legião de leitores dessas publicações migrou para a internet.
Os formatos digitais por algum tempo podem dar algum fôlego para essas publicações. Mas ao que tudo indica no curto prazo veremos profundas modificações no que tange à denominada mídia impressa. O impacto do jornalismo digital ou web jornalismo conjugado com as redes sociais está mudando o rumo da comunicação de massa que, por enquanto, ainda tem como paradigma o estilo e conteúdo ditados pelas grandes empresas de mídia.
O que acabei de afirmar é uma realidade. Não tem volta. Todavia, no caso brasileiro os recentes escândalos das roubalheiras promovidas pelo governo do PT acabaram dando uma sobrevida para esse tipo de mídia semanal, desde que esses veículos consigam produzir reportagens especiais, que no jargão da redação designa-se como "furo". Com a internet as redações dos grandes veículos de comunicação funcionam full-time, 24 horas. Tanto é que existem grandes veículos de mídia internacionais somente via internet que operam 24 horas.
As três maiores revistas brasileiras semanais são a Veja do Grupo Abril; Época, da Rede Globo e a IstoÉ. Dessas três sem dúvida Veja segue há quase meio século sendo a líder absoluta em circulação e qualidade editorial. Mesmo assim, chega às bancas ultimamente com menor número de páginas.
IstoÉ e Época até há algum tempo mantinham uma linha editorial marcadamente governista, especialmente na última década de domínio do PT. Com o estouro do petrolão e a descoberta das maiores roubalheiras da história do Brasil, mesmo essas publicações mais alinhadas aos governos petistas tiveram que se reformular e foram obrigadas a trazer a cada final de semana a realidade dos fatos sob pena de terem suas edições encalhadas.
"CARREGANDO NAS TINTAS"
Melhor que assim seja. Jornalismo a favor não é jornalismo e os leitores mais atilados não fazem concessões. Simplesmente deixar de comprar a publicação e também de visitar os respectivos sites na internet. Simples assim.
Portanto, concluo essas observações fazendo as postagens das capas de Época e IstoÉ que nesses tempos de reviravoltas extraordinárias na política brasileira, por conta da profusão de escândalos de corrupção e assaque aos cofres públicos, obrigam editores a mudar o foco.
Época desta semana destaca em sua reportagem de capa que Dilma viu o seu poder derreter, enquanto a IstoÉ vai fundo num levantamento completo sobre os bastidores do movimento do impeachment e o comportamento do Congresso. A capa da IstoÉ avisa que o povo é que vai pagar a conta da farra do governo petista.
@@@Blog de Aluízio Amorim
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