quarta-feira, 23 de setembro de 2015

AS TITIAS VELHAS DO PMDB BOTAM DILMA NO COLO...


Josias de Souza

 

O PMDB da Câmara decidiu encaminhar a Dilma Rousseff uma lista de ‘ministeriáveis’ para que a presidente selecione os dois deputados que irão compor o seu “novo” gabinete. Para a vaga de ministro da Saúde, foram apontadas três alternativas: Manoel Júnior (PB), Marcelo de Castro (PI) e Saraiva Felipe (MG). Para chefiar o ministério que resultará da fusão das pastas da Aviação e dos Portos, indicaram-se quatro nomes: José Priante (PA), Celso Pansera (RJ), Mauro Lopes (MG) e Newton Cardoso Júnior (MG). DOIS DOS CANDIDATOS —MANOEL JÚNIOR E CELSO PANSERA — INTEGRAM O GRUPO DO PRESIDENTE DA CÂMARA, EDUARDO CUNHA (RJ), QUE DISSERA QUE NÃO INDICARIA NINGUÉM.

Ao identificar as digitais de Cunha na lista, o pedaço do PMDB que defende o afastamento de Dilma revoltou-se. As legendas de oposição, que enxergavam no presidente da Câmara um aliado da causa do impeachment, passaram a acusá-lo de traição. Abordado em plenário, Cunha tentou desvincular-se da escolha dos ‘ministeriáveis’ do PMDB. Não convenceu os colegas. Marcou para esta quarta-feira um almoço com os líderes oposicionistas.

Manoel Júnior, cotado para a Saúde, não dá um espirro na Câmara sem combinar com Eduardo Cunha. Celso Pansera, apresentado como alternativa para a infraestrutura, levou sua fidelidade ao presidente da Câmara à vitrine na CPI da Petrobras. Ali, especializou-se em apresentar requerimentos incômodos para os delatores que encrencaram Cunha na Lava Jato.

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o doleiro Alberto Yousseff dissera que havia na CPI um “PAU MANDADO” de Eduardo Cunha que tentava constrangê-lo com requerimentos de quebra dos sigilos bancário e fiscal de suas duas filhas e de sua ex-mulher. Há um mês, durante sessão da CPI, Pansera provocou Yousseff, cobrando dele a identificação do “pau mandado”. O doleiro atendeu ao pedido: “É VOSSA EXCELÊNCIA.”

O processo de seleção dos nomes que o PMDB da Câmara submeteu à análise de Dilma foi confuso. Nem de longe oferece a segurança que Dilma requisitara ao líder pemedebista Leonardo Picciani (RJ). A presidente dissera a Picciani que desejava acomodar na Esplanada ministros que, respaldados pela bancada, tivessem votos na Câmara. Chamada a opinar, a bancada de deputados do PMDB reuniu-se a portas fechadas no início da noite desta terça-feira (22).

Ao final da reunião, informou-se que a indicação dos ministros havia sido aprovada por 42 votos a 9. LOROTA. NÃO HOUVE VOTAÇÃO, apenas manifestações orais. Pelas contas do grupo dissidente do PMDB, manifestaram-se a favor de Dilma 27 dos presentes. Falaram contra 12 deputados. Na primeira conta, oficial, havia na sala 51 deputados. Na segunda, apenas 39. Em nenhuma das somas atingiu-se a totalidade da bancada do PMDB, que controla 65 assentos na Câmara.

Ao abrir a reunião, Picciani informou que estivera na véspera com Dilma. Contou que a presidente lhe fizera um apelo para que o PMDB ajudasse o governo a superar a crise. O deputado Jarbas Vasconcelos (PE) pediu a palavra. Disse: “DILMA ESTÁ NOS ÚLTIMOS ESTERTORES. O PAÍS CAMINHA PARA O CAOS COMPLETO. ESSA VISÃO É GENERALIZADA, TANTO QUE DILMA SÓ TEM 7%, 8%, 9% DE APROVAÇÃO. ACHO INCONVENIENTE ABRIR UMA DISCUSSÃO SOBRE MINISTÉRIOS E SOBRE UMA COMPOSIÇÃO COM DILMA. PEÇO PERMISSÃO PARA ME RETIRAR. NÃO QUERO PARTICIPAR DE UMA DISCUSSÃO DESSE TIPO.” Jarbas foi embora.

Seguiu-se um debate acalorado. Alguns dos que se manifestaram a favor da indicação dos ministros esclareceram que a participação no governo não obriga os deputados a votarem cegamente com o governo. Vários deles esclareceram que se opõem à recriação da CPMF.

A certa altura, incomodado com manifestações contrárias de peemedebistas anti-Dilma, o líder Picciani disse que não indicar ministros corresponderia a um rompimento do PMDB com Dilma. O deputado Lúcio Vieira Lima (BA), adepto do impeachment, se disse surpreso. “ENTÃO, QUER DIZER QUE O RENAN CALHEIROS E O MICHEL TEMER, QUE DISSERAM QUE NÃO FARIAM INDICAÇÕES, ROMPERAM COM O GOVERNO?” Para Vieira Lima, O PMDB DÁ AS COSTAS À RUA AO OFERECER MINISTROS A DILMA.

“PIOR: ESSE GESTO VAI MOSTRAR QUE OS DEPUTADOS DO PMDB SÓ ESTÃO APOIANDO DILMA PARA OBTER VANTAGENS”, CONTINUOU VIEIRA LIMA. “ESPERO QUE NÃO ACONTEÇA COM OS NOSSOS, O QUE ACONTECE COM OS DELES. HOJE, OS DEPUTADOS DO PT NÃO CONSEGUEM SAIR ÀS RUAS OU IR AOS RESTAURANTES SEM RECEBER VAIAS E AGRESSÕES VERBAIS.”

 

Celso Pancera, o “PAU MANDADO” de Eduardo Cunha, disse que é hora de o PMDB “colher” os frutos que plantou ao ajudar a aprovar o ajuste fiscal do governo. E Vieira Lima: “Votei a favor dos ajustes por considerar que era importante para evitar que o Brasil perdesse o grau de investimento. NÃO SABIA QUE ESTAVA PLANTANDO UMA SEMENTE DE MINISTÉRIO, PARA COLHER AGORA.”

 


A certa altura, Picciani afirmou que o PMDB aprovara em convenção nacional o apoio a Dilma. E só outra convenção poderia revogar essa decisão. O deputado Osmar Terra (RS) saltou da cadeira. Recordou que Picciani e seu grupo político no Rio romperam com Dilma na campanha de 2014. “Não estou entendendo”, disse Terra a Picciani. “A CONVENÇÃO DECIDIU APOIAR DILMA. E VOCÊ APOIOU AÉCIO NEVES. ONDE ESTAVA O RESPEITO À CONVENÇÃO?” (A manchete não faz parte do texto original.

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