Josias de Souza
O PLANO A, vendido na campanha, era prover rios de mel aos
brasileiros, depois de livrar o país das medidas impopulares tramadas por Aécio
Neves e impedir que o Banco Central independente de Marina Silva retirasse a
comida da mesa dos pobres.
O PLANO B consistia em recrutar o tucano Joaquim Levy na
diretoria do Bradesco para que ele fizesse um superávit primário de pelo menos
1,1% do PIB em 2015. Que teve de ser reduzido para 0,15% do PIB porque a mistura
de estagnação com inflação transformou o remédio num veneno que deixou a
economia paralisada.
O PLANO C foi subdividido em três etapas: 1) dizer que não
havia mais como cortar despesas, 2) entregar o país nas mãos de Deus, e 3)
enviar para o Congresso um orçamento para 2016 com um déficit de R$ 30,5
bilhões —coisa de 0,5% do PIB.
O PLANO D foi rabiscar um pacote
fiscal em cima do joelho, porque os estrategistas do governo não tinham
imaginado que o descompromisso com as metas fiscais irritaria a Standard &
Poor’s a ponto de a agência rasgar o selo de bom pagador que concedera ao
Brasil.
O PLANO E será, será… Ainda não há Plano E. Mas a aversão do
Congresso à ideia de ressuscitar a CPMF, coração do Plano D, já empurra os
sábios do governo para a conclusão de que talvez seja conveniente elaborar um
plano de contingência. Cogita-se legalizar o jogo do bicho, o bingo e os
cassinos.
Na última quinta-feira,
reunidos a portas fechadas com os parlamentares da Comissão de Orçamento do
Congresso, os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento)
disseram que o governo não tem um Plano B.
Atônitos, os ministros
ainda não se deram conta de que, em menos de nove meses, o governo já flerta
com o Plano E. O alfabeto é extenso. Mas paira no ar uma dúvida: a paciência da
plateia e a economia resistirão até o PLANO Z? (A imagem e a manchete não fazem
parte do texto original).
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