Ricardo Noblat
Quantas vezes você já leu: “O GOVERNO RECUOU”? Pois bem: o
governo recuou. Dessa vez para consertar mais uma TRAPALHADA QUE COMETEU. E uma trapalhada das brabas. Que quase produziu uma CRISE
MILITAR que viria a se somar às crises econômica, política e moral que o país
atravessa.
O ministro Jaques Wagner, da Defesa, assinará uma portaria
devolvendo aos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, poderes que foram subtraídos pelo decreto 8515
assinado há poucos dias pela presidente Dilma Rousseff. Entre os poderes
subtraídos estavam o de editar atos relativos a pessoal militar, como
transferência para a reserva remunerada de oficiais superiores, intermediários
e subalternos, reformas de oficiais da ativa e transferência para o exterior. Não
lhe parece razoável que os comandantes tivessem sido consultados a respeito do
decreto antes de Dilma assiná-lo? Pois não foram. E como Wagner estava
viajando, ele também não foi.
O decreto saiu assinado por Dilma e pelo comandante da
Marinha que substituía Wagner como ministro interino, mas que também não foi
ouvido nem cheirado. Usaram o nome dele em vão. COMO TUDO ISSO OCORREU? A secretária-geral do ministério, Eva Maria Chiavon,
aproveitou a viagem de Wagner à China para esquentar uma proposta de decreto
que dormia há anos em uma gaveta qualquer do Ministério da Defesa. Eva é
militante do PT, casada com Francisco Dalchiavon, O BRAÇO DIREITO DE JOÃO PEDRO STÉDILE NA
DIREÇÃO DO MOVIMENTO DOS SEM TERRA. Os
comandantes militares não a veem com simpatia. Antes, eles se dirigiam
diretamente ao ministro da Defesa. Agora, são obrigados muitas vezes a
despachar com Eva.
Rolou um stress forte, ontem, entre Dilma e Aloizio
Mercadante, chefe da Casa Civil da presidência da República. Foi a Casa Civil
que mandou o decreto para Dilma assinar. Depois de ouvir muitas e boas da sua
chefe, Mercadante alegou que pensara que estava tudo certo entre ela e Wagner.
Na segunda-feira, um grupo de deputados tentou ser recebido
pelos comandantes militares para conversar sobre o decreto. Nenhum os recebeu. Domingos
Sávio (PSDB-MG), líder da Minoria na Câmara dos Deputados, fez chegar ontem aos
comandantes a informação de que apresentaria um decreto legislativo cassando os
efeitos do decreto assinado por Dilma. Sávio foi orientado a esperar o
desenrolar da situação. Dilma estava sendo fortemente pressionada a recuar do
decreto. À tarde, Sávio foi liberado para apresentar o decreto. Chegou a
fazê-lo pelo sistema eletrônico da Câmara. À noite, viu que já não era mais
preciso.
A simples delegação de poderes a ser feita por Wagner
mediante uma portaria não põe fim ao caso. Quem delega pode suspender a
delegação. OS COMANDANTES QUEREM DE VOLTA OS PODERES QUE TINHAM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário