Josias de Souza
A bancada do
Partido dos Trabalhadores no Senado ensaia uma meia-volta. Duas semanas depois
de aderir ao mutirão suprapartidário que se formou para restituir o mandato a
Aécio Neves, os senadores petistas ameaçam votar contra o retorno do
grão-tucano. Num universo de 81 senadores, o PT tem nove votos. Aécio precisa
de pelo menos 41 aliados para prevalecer no plenário do Senado.
Em entrevista ao
Jornal Nacional, o senador petista Humberto Costa (PT-PE) declarou: “Eu vou
defender na nossa bancada que nós votemos pela execução dessas sanções contra
Aécio Neves – o afastamento do mandato principalmente. E eu acredito que será a
tendência do voto do PT.”
A nova posição do
PT, esboçada nas palavras de Humberto Costa, contrasta com o conteúdo de uma
nota divulgada pela legenda há 15 dias. Nela, a Executiva Nacional do PT tachou
de “ESDRÚXULA” a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal que
impôs sanções cautelares a Aécio, entre elas suspensão do mandato.
“Não existe a
figura do afastamento do mandato por determinação judicial”, escrevera o PT em
sua nota. “O SENADO FEDERAL PRECISA REPELIR ESSA VIOLAÇÃO DE SUA AUTONOMIA.” Estava decidido até então que os nove senadores petistas ajudariam a trazer
Aécio de volta ao convívio dos seus pares. Mas o que parecia certo evapora
rapidamente.
O petismo se
reposiciona em cena a quatro dias da votação do caso Aécio, marcada para esta
terça-feira (17). Se não faltar quórum, a sessão ocorrerá nas pegadas do
julgamento em que o plenário do Supremo decidiu, por 6 votos a 5, que cabe às
duas Casas do Legislativo dar a palavra final sobre eventuais punições
cautelares impostas a parlamentares.
O PT cogitava
socorrer Aécio porque há petistas com a corda no pescoço, a começar pela
presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann. O partido recua porque a ideia
de estender a mão para o adversário tucano rendeu críticas internas e uma
avalanche de ataques nas redes sociais
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