sexta-feira, 27 de outubro de 2017

  SERÁ QUE DILMA SÓ CAIU POR QUE SE NEGOU A INSTALAR O BALCÃO DE NEGOCIAÇÃO?!?!?! ISSO É RIDÍCULO!!!




TEMER É UM POLÍTICO, NÃO UM POSTE QUE UM MESSIAS DECIDIU UNGIR À CONDIÇÃO DE “FILHA DE DEUS”, COMO LULA FEZ COM DILMA. DADAS AS CONDIÇÕES DO PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO, O PRESIDENTE SEMPRE SOUBE QUE MANTER A BASE DE APOIO CORRESPONDE A GARANTIR A GOVERNABILIDADE.  


Reinaldo  Azevedo

O clima de denuncismo permanente, com ou sem motivos, com ou sem crime, com ou sem criminosos, tem-nos impedido de ver com a devida justeza o trabalho que tem feito o presidente da República. E observo de saída: não vou aqui atribuir a Michel Temer características de super-homem, AQUELAS QUE LULA GOSTAVA QUE LHE RECONHECESSEM E QUE VIA EM SI MESMO COM FREQUÊNCIA DIÁRIA. OU VÁRIAS VEZES POR DIA. Como esquecer aqueles discursos em que o petista parecia empenhado em despertar inveja até em si mesmo? Costumava dizer aqui que o Lula de verdade chegava a ter ciúme do Lula de ficção, que ele próprio havia criado e que setores da imprensa incensavam. 

Não! A especialidade de Temer está justamente em se portar como um homem comum e em se deixar pautar, permanentemente, pela temperança. Falemos de outra ocupante daquela cadeira. DILMA CAIU TAMBÉM PORQUE COMETEU CRIME DE RESPONSABILIDADE, SIM! SEM ELE, DEUS DECIDIU NOS GUARDAR, ELA TERIA CONTINUADO NO CARGO, E NÓS ESTARÍAMOS NA LONA. Tal transgressão foi condição necessária de sua queda, mas não era condição, por si, suficiente. ELA NÃO CONSEGUIU MANTER O APOIO DE MÍSEROS 172 DEPUTADOS. Bastava isso. 

Temer é um político, não um poste que um Messias decidiu ungir à condição de “FILHA DE DEUS”, como Lula fez com Dilma. Dadas as condições do presidencialismo de coalizão, o presidente sempre soube que manter a base de apoio corresponde a garantir a governabilidade. E, no caso, as articulações de bastidores são, obviamente, importantes. Mais importante do que isso, no entanto, são as qualidades subjetivas do líder: calma, temperança, lucidez, frieza, cálculo — no sentido mais virtuoso que pode ter a palavra. 

Ao ler isso, jornalistas formados na escola do denuncismo petista e, nos últimos tempos, embalados pela suposta pureza do PSOL — podem gargalhar — se agitam. E perguntam cheios de indignação: “Como, Reinaldo Azevedo? Você está dizendo que o presidente se livrou das duas denúncias em razão de suas virtudes, não porque abriu as burras do governo e comprou o voto desse e daquele?” Acredito, sim, na justa indignação. Mas é preciso tomar um cuidado danado com essa reação. Costuma margear o ressentimento sem substância. 

Venham cá: se um presidente cai ou não cai em razão da compra de votos, seria o caso de perguntar, então, por que Dilma foi impichada, não? ALGUÉM SE DISPÕE A DEFENDER A TESE DE QUE ELA SÓ PERDEU O MANDATO PORQUE SE NEGOU A IR À FEIRA DE CONSCIÊNCIAS? Alguém se dispõe a demonstrar que, com ela, vigorou na seguinte sentença moral: “Entre ceder à pressão dos senhores parlamentares e perder a Presidência, fico com a segunda opção”. Ora, tenham a santa paciência! RESPEITEM, UM TANTINHO AO MENOS, A NOSSA INTELIGÊNCIA. 

As duas denúncias contra o presidente são PEÇAS PORCAS DO DIREITO. Qualquer pessoa versada na área ou que se interesse pelo assunto lê os libelos acusatórios de Rodrigo Janot constrangido pela chamada “VERGONHA ALHEIA”. É uma barbaridade que aquilo tenha prosperado. Mais: abundam as provas — e, até agora, sem consequências — das ilegalidades cometidas no âmbito da Procuradoria Geral da República. Portanto, a recusa àquelas duas monstruosidades está em linha com o melhor exercício do direito, sim. 

Mas é evidente que o presidente precisou negociar. Os que deram aos deputados a chance de dizer se Temer ficava ou saía também lhes forneceram instrumentos para pressionar o governo. E, SE QUEREM SABER, ISSO É PARTE DO JOGO POLÍTICO. O diabo é que, hoje em dia, a política ela-mesma virou alvo da pistolagem supostamente moralizadora, que não passa de moralismo barato, tendente a agredir o próprio regime democrático. 

Temer segue no cargo porque não se deixa mover pelo rancor. No dia seguinte àquele em que a segunda denúncia seguiu para arquivo e em que o presidente passou algumas horas internado, com a banda podre da imprensa a lhe preparar as exéquias, faz um pronunciamento em que exalta a normalidade institucional e as boas notícias, que são reais, na área econômica. Nesta quinta, já estava cuidando da reforma da Previdência. Difícil? Difícil. MAS NÃO SERÁ POR FALTA DE EMPENHO DO PRESIDENTE QUE ELA FICARÁ PELO CAMINHO. 

Poucos políticos, e não consigo pensar em nenhum outro, demonstrariam tal resiliência. ATRAVESSOU O DESERTO. E isso basta para concluir que está mais forte do que antes.  Não! Ele não está na Presidência porque compra votos ainda que os comprasse. Está na Presidência porque faz política e porque aposta no fortalecimento das instituições, não na sua demolição. 

Ao Ministério Público Federal cumpria apresentar provas das denúncias que fez. Não apresentou. Em vez disso, ficamos sabendo de todos os crimes que foram cometidos para tentar derrubar o presidente. TEMER TEVE, SIM, UMA VITÓRIA PESSOAL. MAS QUEM VENCEU MESMO FOI A DEMOCRACIA.

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