Roberto Rachewsky
O que importa se há um movimento organizado ou liderando manifestações populares?
Se as manifestações são populares, basta para elas serem legítimas duas coisas: haver manifestantes do povo e haver sobre o que se manifestar.
No Brasil, esse país de mentalidade coletivista estatista, até para se manifestarem contra o autoritarismo do governo as pessoas comuns querem alguma forma de dirigismo. Haja gosto pela subserviência e aversão ao protagonismo.
Qual a necessidade de se seguir um líder que colocará a cara para bater por você em primeiro lugar? Será covardia? Será timidez? Será baixa autoestima? Quando a manifestação é legítima, uma pessoa sozinha já pode protestar.
Não tenham medo de passar vergonha se forem poucos a defender o que é preciso ser defendido. Vergonha deve ter aquele que fica alheio ao que precisa ser feito.
Numa sociedade imoral como a nossa, organizada coercitivamente como uma economia mista, socialista, a moralidade vem da crítica insistente. Chega de tanta covardia, chega de tanta omissão.
Se alguém convidou o povo para ir às ruas defender o governo que está propondo uma nova previdência, com capitalização, a liberalização da economia, o fim da impunidade, a redução de impostos e sei lá, a proscrição dos partidos políticos envolvidos com a lava jato, principalmente o PT, não espere que alguém vá na sua frente. Escolha a sua pauta, faça o seu cartaz e seja o líder de você mesmo. Vá na frente!
Deixe de ser um indivíduo de segunda mão. Uma sociedade de indivíduos de segunda mão será sempre uma nação de quinta categoria. Pegue a sua bandeira, pegue a sua camiseta, pegue o seu cartaz e vá para as ruas defender o seu autointeresse racional como cidadão. Não pense que você está defendendo o governo X ou Y.
Vá para as ruas, vá para os parques, vá para as avenidas, defender princípios. Defender valores, defender ideias, defender as pautas que farão com que os políticos envolvidos em conchavos corporativistas feitos nos gabinetes de Brasília se sintam párias. Eles precisam saber de quem é a nossa nação, se deles ou do povo brasileiro.
Na realidade, enquanto não separarmos o governo da economia, da educação, da ciência, da cultura, da saúde e da previdência, como temos o governo separado da religião, não deveríamos deixar as ruas vazias, sem manifestações, por nenhum momento.
Não é pelo Jair Bolsonaro, tampouco é pelo Paulo Guedes ou pelo Sérgio Moro, é pelo nosso próprio interesse como indivíduos soberanos que somos.
Não seremos seres humanos livres e independentes se não defendermos a nossa liberdade, a nossa propriedade, para podermos fazer as nossas próprias escolhas morais em busca dos nossos propósitos.
Se Bolsonaro, Moro, Paulo Guedes estão defendendo essas bandeiras, vamos apoiá-los.
Se há deputados federais que estão do nosso lado, vamos apoiá-los também.
Se há deputados que estão resistentes, vamos acordá-los com a nossa voz. Vamos mostrar-lhes a força e a razão da nossa indignação.
Capitalização previdenciária, privatização do sistema de saúde, da educação e das estatais, abertura unilateral do comércio com o mundo, desregulamentação e redução da carga tributária a partir da desvinculação dos gastos tornando-os todos discricionários. Enfim, há pauta para se ficar nas ruas até 2023.
É muita pauta a ser defendida, então que comecemos agora; eu vou para as ruas em 26 de maio, talvez antes, talvez depois, mesmo que eu tenha que ir sozinho.
E tem mais, quem acha que o Bolsonaro é autoritário, mais uma razão para demandar a pauta acima-mencionada, exigindo-se também dele que respeite a nossa posição.
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