Por Altamir
Pinheiro
Dr. Jivago,
filme que marcou a juventude de muita gente... Linda música para um lindo
filme...
Dr. Jivago, com uma trilha
sonora imortal como também uma saga muito linda ou uma narrativa
espetacular, foi filmado em 1965 e
conforme nos relata o pesquisador Paulo Telles, para encarnar o papel-título,
caracterizado pelo seu desprendimento das coisas, refinamento e nobreza, a
escolha recaiu sobre OMAR SHARIF que morreu em 2015 aos 83 anos, ator de grande
força e presença. Geraldine Chaplin foi convocada para viver Tonya, esposa de
Jivago, mas não demorou, suscitou imediatamente uma onda de comentários maldosos.
Segundo as más línguas (e infelizes), o único mérito da atriz era por ser filha
de Charles Chaplin e que toda sua arte resumia-se nisto. Contudo, estes boatos
(por sinal, burros) foram desmentidos violentamente por David Lean, que afirmou
tê-la escolhido pela excelente qualidade de seus testes feitos para o papel
antes do contrato.
O filme conta sobre os anos que antecederam, durante e após a Revolução
Russa pela ótica de Yuri Zhivago (Omar Sharif), um médico e poeta. Yuri fica
órfão ainda criança e vai para Moscou, onde é criado. Já adulto se casa com a
aristocrática Tonya (Geraldine Chaplin), mas tem um envolvimento com Lara
(Julie Christie), uma enfermeira que se torna a grande paixão da sua vida. Lara
antes da revolução tinha sido estuprada por Victor Komarovsky (Rod Steiger), um
político sem escrúpulos que já tinha se envolvido com a mãe de Lara, e se casou
com Pasha Strelnikoff (Tom Courtenay), que se torna um vingativo
revolucionário. A história é narrada em flashback por Yevgraf de Zhivago (Alec
Guiness), o meio-irmão de Yuri que procura a sua sobrinha, que seria filha de
Jivago com Lara. Enquanto Strelnikoff representa o "mal", Yevgraf
representa o "bom" elemento da Revolução Bolchevique.
No filme há uma crítica severa a respeito do regime comunista. O
cinéfilo Telles nos alerta para um detalhe importante: “Podemos notar também o
discurso de crítica ao sistema socialista nas cenas anteriores e posteriores à
revolução. Antes da revolução é mostrada uma Rússia com uma aristocracia rica,
belos salões, culta e, até mesmo, despreocupada”. O que é verdade, pois o
próprio Jivago é um médico e poeta aristocrata de sucesso. Após a revolução,
todo o cenário e a sociedade até então elitista, se empobrecem. Inclusive
Jivago, que perde as propriedades e acaba pobre e doente. Este percurso da
trama descreve o senso comum de que o socialismo divide a pobreza e a miséria,
corroborando ser um método político promotor da desgraça, assim mostra o filme
do diretor David Lean.
O filme do diretor David Lean,
em mais de 3 horas de projeção, comprime-se com o volumoso romance do russo Boris Pasternak, um dos primeiros
escritores dissidentes da União-Soviética. Pasternak começou a escrever o
romance em 1946 e levou dez anos para concluí-lo. Ao terminar, ficou inseguro
se devia publicá-lo, pois a obra contrariava as normas ditadas pelo governo
soviético para a literatura. Sem condições de publicar seu romance em terras
soviéticas, o livro foi publicado na Itália a 23 de novembro de 1957,
conseguindo rápida notoriedade em 1958, quando lhe foi conferido o Premio Nobel
de Literatura. Infelizmente, por imposição do Kremlin, Pasternak não pôde
aceitar a láurea, pois caso fizesse, isso poderia levá-lo à detenção em um
campo de trabalho forçado na Sibéria.
A obra literária foi proibida na União Soviética até 1989, quando a
política de abertura de Mikhail Gorbachev liberou a publicação do livro.
Somente a partir daquele ano, os russos puderam conhecer a saga de Jivago
através da literatura. Boris Pasternak morreu a 30 de maio de 1960 de câncer de
pulmão, sem poder assistir ao estrondoso sucesso da adaptação cinematográfica
de seu famoso e imortal romance. Na Rússia, Boris é mais conhecido como poeta
do que como romancista, em virtude de o livro Doutor Jivago não ter feito sucesso
na antiga União Soviética por motivos obviamente políticos.
Deixando o regime totalitário russo de lado, quem já assistiu a essa
nobreza de fita deve se recordar de sua beleza plástica, seu elenco, a
enormidade de sua história e a música(Tema de Lara), que até hoje ainda se ouve
com todo o interesse de antes
acompanhado de um reconfortante
saudosismo. Na década de 1970/80 o filme foi uma febre ao ser lançado nos
nossos cinemas, tudo isso, pela fama de sua trilha sonora. Essa exuberante
película cinematográfica foi filmada na Espanha, Canadá e Finlândia. A música,
composta por Maurice Jarre, assim como o filme, são dois espetáculos muito bem percebíveis
pela sensibilidade humana. Transportando-nos ao passado ficamos a
imaginar: quanta gente nesse mundão de meu Deus não foi levada ao altar para se casar ao som de
TEMA DE LARA...
Ao se ouvir a relaxante melodia, Tema de Lara, os pensamentos flutuam
no ar fazendo círculos através de suas notas, descrevendo o frio, a solidão de terras distantes e da beleza
daquelas paragens. Na verdade, o tema dá
um ar de saudades de um lugar que nunca se esteve lá. Pois bem!!! Embale a alma
com essa harmoniosa valsa muito bem
orquestrada e tocada no mundo inteiro,
assistindo ao vídeo abaixo à saga de Lara e Yuri com lindas paisagens da
Rússia, uma lição ou uma viagem de emoção pela cultura russa, seus poetas, escritores e sua história milenar...
https://www.youtube.com/watch?v=OHl8Z4t8cwM
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