Ricardo Noblat
Fernando Pimentel (PT), governador de
Minas Gerais, está certo: ele não desrespeitou lei alguma ao se valer, ontem,
de helicóptero oficial para resgatar seu filho que passara a noite do réveillon
em animada festa em condomínio às margens do lago de Furnas, tradicional
balneário do Estado.
Em nota divulgada pelo Facebook,
Pimentel afirma que o uso da aeronave é regulamentado por decreto publicado em
2005. À época, o governador de Minas era o hoje senador Aécio Neves (PSDB), que
voou de helicóptero e de jatinho oficiais para cima e para baixo,
emprestando-os, inclusive, a amigos necessitados.
Portanto, assim como Aécio, Pimentel
tinha o direito, sim, de voar em helicóptero comprado com dinheiro público e
mantido com dinheiro público, para ir passar o domingo com o filho onde bem
quisesse, como ele alegou ter sido sua ideia original. Ou para simplesmente ir
buscá-lo porque o garoto parecia indisposto.
O que a lei não proíbe é permitido.
E, se ainda por cima, ela regulamenta o que a outros horroriza, fim de papo.
Mudemos de assunto. Se um dia Pimentel for deposto, certamente não será por uso
indevido de equipamento do Estado. Poderá ser por uso de dinheiro ilegal em campanha,
mas essa é outra coisa.
Sérgio Cabral governou o Rio de
Janeiro por oito anos. Usou helicóptero oficial até para transportar o
cachorrinho da família nos fins de semana. Usou jatinhos de empresários e de fornecedores
de serviços ao governo para voar de férias ao Caribe. E nada disso configurou
crime. No máximo, falta de vergonha na cara.
Minas Gerais é um Estado quebrado
como o Rio? É. Seria um despropósito cobrar de quem o governa moderação extrema
com gastos supérfluos? Não. Faltou moderação a Pimentel. E também vergonha na
cara. Se lhe sobrasse vergonha, deveria no mínimo pedir desculpas aos mineiros
e ressarcir o Estado do gasto desnecessário.”
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