As situações vividas pelo ex-presidente Lula ao longo das últimas décadas traz uma série de excepcionalidades. Sua trajetória é marcada por eventos únicos, extraordinários e históricos, de natureza dramática. O retirante nordestino com baixo grau de instrução conseguiu galgar uma carreira meteórica no sindicalismo no centro nervoso da indústria, na região do ABC paulista, ainda nos anos 70.
Logo no início da década seguinte, Lula se viu totalmente engajado no processo político, quando foi alçado à condição de líder de um partido incipiente, mas repleto de figuras ilustres. No final daquela década, a de 80, o líder do PT concorreria à sua primeira eleição presidencial, após ter sido eleito deputado federal constituinte. Uma década depois, Lula chegava finalmente à Presidência da República. Era o primeiro sindicalista a chegar ao posto mais alto da política nacional. Em 1.º de janeiro de 2003, Lula assumia seu primeiro mandato.
Mesmo envolvido em escândalos de corrupção no processo do mensalão, o petista conseguiu se reeleger em 2006. Se no primeiro mandato, Lula surfou na estabilidade da economia e faturou politicamente com o ingresso de várias empresas globais no mercado interno, a partir de seu segundo mandato, Lula surfou na onda das commodities supervalorizadas no mercado externo e terminou seu mandato como o presidente mais popular da história do país, alcançando índices de aprovação acima dos 80%.
Graças à sua popularidade, Lula conseguiu eleger uma anônima sua sucessora A ex-presidente Dilma Rousseff, que tomou posse de seu primeiro mandato no início de 2010, ficou conhecida como 'O poste de Lula" durante as eleições presidenciais um ano antes. Lula ainda conseguiu reeleger Dilma quatro anos mais tarde, numa eleição repleta de escândalos e marcada pelo maior estelionato eleitoral da história do país. Àquela altura, Lula as contas públicas apresentavam problemas profundos, havia a insatisfação da população com o alto número de demissões, os sucessivos escândalos de corrupção envolvendo os governos do PT e o país começava a mergulhar naquela que se tornaria a pior recessão da história.
Até 2014, Lula havia sido o único em vários aspectos. Mas a sequência de feitos inéditos do petista não havia se encerrado. Naquele mesmo ano, Lula começava a ser investigado pela recém deflagrada Operação Lava Jato. Os escândalos de corrupção se tornaram públicos e a população, indignada, saiu às ruas para pedir a saída de Dilma e do PT do poder. No ano seguinte, Lula se tornava alvo das primeiras denúncias na esfera criminal. Na medida em que novas investigações revelavam esquemas criminosos envolvendo o ex-presidente Lula, os financiamentos de campanhas do PT e a crise econômica se agravava, a situação de Dilma se tornava cada vez mais insustentável. Em 2016 veio o impeachment, o PT foi afastado do poder e Lula foi definitivamente arrastado para o buraco sem fundo de crimes, vindo a se tornar réu em nada menos que sete ações penais.
Por fim, Lula acabou sendo condenado a uma pena de mais de 12 anos de prisão em regime fechado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do triplex do Guarujá. Apenas nesta ação penal, Lula apelou com 78 recursos para evitar sua prisão, que acabou se concretizando no dia 07 de abril, quando o petista se entregou à Polícia Federal, após ter passado dois dias entrincheirado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.
Como se vê agora, Lula foi único em vários aspectos. Foi também o único ex-presidente a ser condenado e preso por crimes comuns. Lula foi um homem que teve tudo ao seu alcance e poderia entrar para a história como um exemplo de superação, mas, movido pela arrogância, sede de poder e ganância, acabou indo parar na cadeia. - Imprensa Viva -
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