A ex-corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Eliana Calmon, é uma das críticas mais contundentes no que diz respeito aos desacertos do sistema Judiciário Brasileiro.
Eliana Calmon ocupou o posto de Corregedora Nacional de Justiça entre 2010 e 2012, levantou dúvidas sobre a isonomia e combateu como ninguém o corporativismo no Judiciário. Crítica feroz do sistema, a jurista chegou a usar a expressão ‘bandidos de toga’ ao se referir a parte dos membros do Judiciário suspeitos de atuarem em defesa de interesses espúrios de empresas e autoridades influentes.
No ano passado, em entrevista ao jornalista Ricardo Boechat, da revista IstoÉ, Eliana Calmon chegou a declarar que “delação da Odebrecht sem pegar Judiciário não é delação”. Ao explicar sua declaração ao jornal Tribuna da Bahia, a jurista afirmou que “Nessa república louca que é o Brasil, temos aí o Executivo e o Legislativo altamente envolvidos nas questões da Odebrecht, de acordo com as delações no âmbito da Operação Lava Jato. Tem-se aí pelo menos uns 30 anos em que a Odebrecht ganha praticamente todas as ações na Justiça. O Judiciário nunca toma uma posição contrária à empresa? Será que o Judiciário é o mais correto dos poderes? Em todas essas inúmeras licitações que a Odebrecht já ganhou no Brasil nunca a Justiça encontrou nada suspeito sem que precisasse alguém denunciar”.
Na matéria divulgada esta semana pelo jornal Estado de Minas, a publicação destaca que "A desembargadora aposentada, que, hoje, atua em seu escritório de direito tributário e contencioso em Brasília, afirma que o Partido dos Trabalhadores, para defender interesses sindicais, aparelhou a Justiça do Trabalho, inchando seus custos e criando distorções. A seguir, trechos da entrevista.
A Justiça trabalhista custa em torno de R$ 8 bilhões por ano, enquanto o valor de todas as causas gira ao redor de R$ 4 bilhões. Como sair desse contrassenso?
A Justiça do Trabalho foi aparelhada pelo PT. Eu vi de perto esse aparelhamento. Isso começou a acontecer no momento em que houve aquela ideia de acabar com a Justiça do Trabalho, e isso ia contra os interesses do sindicalismo, porque o grande e fiel escudeiro do sindicalismo é a Justiça do Trabalho. Eles viram que nenhum país civilizado tem uma Justiça do Trabalho. Então, começaram a criar conflitos e a largar o maior número de processos. Na época, aprovou-se uma lei: a cada mil processos, você criava uma vara – não sei se revogaram isso, mas estava lá. Eu era corregedora e vi isso acontecer". - Fonte: O Jornal Estado de Minas -
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