Percival Puggina
quinta-feira, 5 de julho de 2018
TOFFOLI: O CUMPANHÊRU DE ZÉ DIRCEU
Percival Puggina
Dias Toffoli, o
paraquedista enxertado por Lula no STF, cassou a decisão do juiz Sérgio Moro
que impusera a José Dirceu o uso de TORNOZELEIRA ELETRÔNICA. Ao expedir a
ordem, com o pé no estribo do recesso, o ex-funcionário do PT afirmou, sem
revelar o menor constrangimento, que a Segunda Turma (sempre ela!) concedera “LIBERDADE
PLENA” ao preso e que, portanto, TORNOZELEIRA era uma
inibição da liberdade. Daquela liberdade fulgente, de asas ao vento, que o trio
maravilhoso fizera raiar para o pensionista da Papuda.
Liberdade plena!
Claro, por que não? Só porque Dirceu é um criminoso reincidente em corrupção
passiva, condenado em segunda instância por tribunal federal, num novo
processo, a mais de 30 anos de prisão? COMO ENCARCERAR, SÓ POR ISSO, UM GUERREIRO
HERÓI DO POVO BRASILEIRO? Afinal, a matéria adquire urgência absoluta
posto que a carimbada, rotulada e descarada maioria da Segunda Turma vislumbrou
“plausibilidade nos recursos interpostos [pela defesa] quanto à dosimetria da
pena”. Faz sentido. E, se refeitos os cálculos, os 30 anos forem corrigidos
para 30 dias? Para 30 minutos? Já pensaram nisso? Toffoli pensou.
Cai sobre tão
insólitas decisões o silêncio dos adoradores de corruptos, a mais nova seita
nacional. Fervilham os engomados e bem trajados jurisconsultos nos corredores
das carceragens. Imagine leitor, a inveja ao longo do corredor enquanto os
demais presos acompanhavam os passos de Dirceu rumo aos portões do presídio.
“Quando sair daqui vou para a política!”, devem ter jurado a si mesmos.
A Segunda Turma
faz a festa dos grandes escritórios de advocacia criminal! Querem nos convencer
de que estamos presenciando as maravilhas de um ordenamento jurídico perfeito.
No firmamento da democracia, ele faz luzir a constelação dos inabaláveis
direitos dos cidadãos. Dito isso for the record, bota o pé no chão, DEIXA DE
FRESCURA e
solta a bandidagem endinheirada. Libera os amigos. Protege os companheiros.
É preciso andar
de quatro, com o nariz enfiado no chão, para imaginar que [no firmamento da tal
“democracia” da Segunda Turma] os mesmos favores, o mesmo atendimento urgente
em meio àqueles arquivos empoeirados, são conferidos a todo processo, a toda
petição. E que a mesma orelha ministerial esteja sempre disposta a ouvir todas
as arengas e a atender todos os telefonemas. Por quem nos tomam?
É instigante observar que os cavaleiros do apocalipse moral do país,
veneráveis patronos da impunidade eterna, ostentam uma característica comum.
São bifrontes. Têm uma face para promover a impunidade, para jurisdicionar e
fazer felizes os grandes corruptos. E outra para – peito estufado de vaidade
enferma – descrever tais atos como virtuoso exercício de sua missão
constitucional.
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