Carlos Newton
Em notícias recentemente publicadas em O Globo, o jornalista Ilimar Franco, que assina a coluna “Panorama Político”, revela que o estado de saúde da presidente afastada Dilma Rousseff continua a merecer cuidados especiais, digamos assim. Na primeira nota, sob o título “Em outro mundo”, o colunista comentou que pelo menos dois blogueiros, que estiveram com a presidente Dilma no Planalto, saíram alarmados. E acrescentou: Um deles, Altamiro Borges, militante do PCdoB, registrou seu pânico no Blog do Miro: “Eu deixei o Palácio bem preocupado! A sensação é de que o governo está sentado em um vulcão em erupção e, tecnocraticamente, não se deu conta!”. E, com algum desalento, completou: “Espero estar totalmente errado”.
Nesta quinta-feira, Ilimar Franco voltou ao assunto. Sob o título “Outro mundo”, publicou a seguinte nota: Os senadores que votaram contra o impeachment e que estiveram terça-feira à noite no Alvorada com a presidente Dilma Rousseff, ficaram impressionados com o que viram e sentiram. Durante a conversa, em vários momentos, ela parecia “aérea”, como se estivesse em outro lugar.
FURO DA ISTOÉ
A notícia sobre a gravidade do estado de saúde da presidente Dilma Rousseff, que está sendo tratada sob diagnóstico de esquizofrenia, foi publicada no mês passado pela revista IstoÉ. Assinada por Débora Bergamasco e Sérgio Pardellas, a reportagem desce a detalhes impressionantes, descrevendo ataques de fúria de Dilma e revelando até o medicamento prescrito, Olanzapina, substância indicada para o tratamento agudo e de manutenção da esquizofrenia e outras psicoses.
O Planalto anunciou que iria processar os autores da matéria, mas acontece que Débora Bergamasco vem a ser a atual mulher do ex-ministro José Eduardo Cardozo. Portanto, tem acesso privilegiado a informações de bastidores do governo.
Os ministro do núcleo duro desistiram de abrir processo, é claro, esqueceram o assunto e a presidente Dilma nem chegou a tomar conhecimento da explosiva reportagem, porque não lê jornais e revistas desde que a doença se agravou.
TROCARAM A MEDICAÇÃO
Depois que a IstoÉ revelou a medicação Olanzapina, os médicos que atendem a presidente tentaram disfarçar e mudaram o tratamento. Mas não adiantou nada, porque a imprensa, através do site O Antagonista, descobriu que eles passaram a receitar Quetiapina, também usada contra esquizofrenia.
Para se ter uma ideia da gravidade da situação, a equipe médica do Planalto prescreve como sonífero a substância Midazolam, que os pacientes ingerem antes de se submeter à anestesia geral na mesa de cirurgia. É um medicamento muito forte e perigoso, causa dependência, tem graves contraindicações, não pode ser ministrado indefinidamente, sobretudo a pessoas idosas, e Dilma já vai fazer 69 anos.
ALHEIA ÀS NOTÍCIAS
Para não agravar a doença, ministros e assessores passaram a manter a presidente Dilma alheia aos acontecimento. Além de não ler jornais nem revistas, ela tampouco assiste a telejornais. Informa-se sobre o que acontece no país através de uma sinopse das notícias, redigida por sua assessoria, sob coordenação do jornalista Olímpio Antônio Brasil Cruz, que agora a acompanha no Alvorada.
A estratégia da sinopse é “amaciar” as notícias negativas e “destacar” as positivas. É neste mundo à parte, de realidade virtual, que Dilma Rousseff tem vivido. Por isso mesmo, é compreensível que os blogueiros e os senadores tenham se surpreendido com o alheamento da presidente afastada, porque as revistas hoje têm pouca circulação e os jornais preferiram desconhecer o assunto, para não causar ainda mais problemas, e isso é um erro, porque a verdade é que nos liberta.
DILMA E O “GOLPE”
Movida à tarja preta e sem saber o que de fato acontece no país, Dilma realmente passou a acreditar que está sendo vítima de um golpe, tese insólita e irreal que lhe foi incutida por Lula, pelos ministros do núcleo duro e pelos dirigentes petistas.
A presidente afastada continua achando que a crise econômica não necessita de ajuste fiscal, pode ser facilmente resolvida através do aumento da arrecadação, a melhor saída é a CPMF. Como a sinopse não informa que a receita tributária vem caindo há 13 meses consecutivos e em abril despencou mais 7,1%, Dilma segue defendendo essa teoria patética, vejam o que poderia acontecer ao país se permanecesse no poder, pedalando e maquiando as contas públicas.
Mantida refém nesse país das maravilhas, Dilma também acha que poderá reverter a situação e voltar ao poder, caso consiga 28 votos a seu favor no julgamento final do Senado. Como já teve 22 votos, faltam apenas seis, é isso que dizem a ela, que mantém a esperança.
FRAGILIZADA E CORAJOSA
É esta mulher – mentalmente fragilizada, mas corajosa, altiva e prepotente – que nesta sexta-feira viaja de jatinho para Belo Horizonte, com objetivo de ser a principal atração de um evento contra o governo Temer, ao lado do ex-amigo Lula, que ninguém sabe se irá ou não.
Dilma Rousseff apenas segue a estratégia que traçaram para ela nessa reta final. Para evitar a derrocada total do PT, Lula e os dirigentes partidários insistem em usá-la como garota-propaganda de um golpe que jamais existiu, mas continua povoando os delírios dela, que se dispõe a investir quixotescamente contra moinhos inexistentes, criados por ela para estocar o vento.
Em que isso vai dar? Ninguém sabe. Mas podemos dizer, sem medo de errar, que acabará mal.