Por
Altamir Pinheiro
A
Revolução dos Bichos(Animal Farm) que foi baseado no best-seller de mesmo nome
do espetacular escritor indiano/inglês George Orwell. O livro é um romance satírico publicado na Inglaterra no ano de
1945 e apontado pela revista americana Time entre os cem melhores da
língua inglesa. Já o filme foi lançado no ano de 1999. Em sua sinopse está
escrito que “Os animais moradores da
Granja do Solar, cansados dos maus tratos rotineiros, se rebelam contra o dono
do local, o beberrão Sr. Jones. Após o expulsarem, os bichos se organizam e
instauram novas regras, formando uma comunidade democrática, livre do domínio
dos humanos. Os inteligentes porcos, no entanto, logo tratam de impor suas
ideias e um novo reinado do terror ganha forma”. É uma película de aventura,
animação, comédia e drama, como também
uma semelhança entre os
personagens do filme comparados com os homens responsáveis pela Revolução Russa
que aconteceu em 1917. Dá uma impressão que seja um simples filme da sessão da
tarde ou que vai começar o TELECURSO 2000,
o que não é verdade.
A
crítica do livro, A REVOLUÇÃO DOS BICHOS, é ao sistema totalitário da União
Soviética que cerceava a liberdade. O livro foi escrito como forma de deixar
claro que para ele socialismo era algo oposto ao que estava acontecendo na
Rússia, ou seja, o socialismo deveria ser interpretado como liberdade e
igualdade, ao contrário do regime totalitário de Stálin e não me digam que é
muito difícil para alguém compreender
que o cara tinha posicionamento socialista mas era pró liberdade,
consequentemente contrário ao comunismo totalitário. A prova é tanta que,
Orwell costumava afirmar que "A liberdade, se é que significa alguma
coisa, significa nosso direito de dizer às pessoas o que elas não querem
ouvir". Há quem diga que o livro foi escrito com uma dose maciça de
críticas duras, propositais e diretas ao
regime de Stálin.
A
Revolução dos Bichos é um dos mais
emblemáticos clássicos da literatura
moderna. Na obra dividida em 10 capítulos, Orwell realiza uma sátira
contundente sobre a ditadura stalinista. Aborda temas como as fraquezas
humanas, o poder, a revolução, o totalitarismo, a manipulação política e outras
coisitas bastante sacaninhas. Além da
sátira política, a obra é também considerada uma fábula, em que a moralidade é
uma das principais características. Escrita no final de segunda guerra mundial
(1945), o romance faz uma releitura sobre as figuras históricas, como podemos
perceber nas personagens criadas pelo escritor. Como exemplos, temos Napoleão
(que seria Stálin) e o Bola-de-Neve (como Trotsky). A linguagem utilizada é
simples e com a presença do discurso direto, que aponta fidelidade na fala das
personagens. A ideia de utilizar os bichos como atuantes da cena política, traz
à tona a questão de animalização dos homens.
Eis
os personagens do livro/filme: • Sr. Jones: fazendeiro do sítio que explora os animais. - • Major Porco:
figura responsável pela ideia da revolução contra o fazendeiro. - • Porco Bola-de-neve: líder da revolução,
depois da morte do Major. - • Porco
Napoleão: figura autoritária que chega a liderar o grupo. - • Sr. Whymper:
advogado de Napoleão. - • Porco
Garganta: defensor e amigo de Napoleão. - • Sansão: cavalo muito trabalhador. -
• Benjamin: burro, animal mais idoso da fazenda.
Trata-se
de uma das obras mais emblemáticas do escritor e ensaísta indiano. Um fato
interessante e porque não dizer, peculiar,
é que os direitos de adaptação da obra foram comprados pela CIA assim
que o autor faleceu no ano de 1950. A agência norte-americana financiou o
filme, uma sátira do comunismo soviético. Este Best-seller foi transposto para
o cinema em 1999 (EUA) com direção de John Stephenson, dentro de um padrão que
não faz fronteira com o glamour hollywoodiano, porém preserva a particularidade
das articulações políticas satirizadas sabiamente por Orwell. Certamente, a
obra literária, para os mais puritanos, tem nuances que o diretor da película
não se ateve, entretanto, o intento da tônica do pensamento de George Orwell é
exprimido de forma honesta.
Boa
parte dos críticos de livros e cinemas, no tocante à história descrita pelo
autor, nos informa ou orienta que podemos acompanhar as desavenças entre
Bola-de-neve e Napoleão – os dois porcos responsáveis pelas decisões, até
Napoleão expulsar Bola. – alguns animais que lutam mais ou menos, trabalham
mais ou menos, ajudam mais ou menos. A disputa pelo poder entre quem pensa de
forma mais racional ou emocional. Os que preferem o diálogo e o pensar no
futuro enquanto outros preferem se aproveitar de ocasiões e passar por cima de
todos. Temos as contraposições entre os que são mais fortes e subjugam os mais
fracos. Temos presente aqui tudo que caracteriza ou já caracterizou as batalhas
revolucionárias humanas.
O
filme é uma sátira ácida das práticas do ditador Joseph Stálin e da própria
história da União Soviética, feito por um socialista democrático crítico ao que
o regime instituído pela Revolução Russa se tornara. E está, claro, repleto de
lições sobre o que foi o mundo no meio século 20. Não foram só leitores comuns
que aprenderam muito com A Revolução dos Bichos. No topo da lista de ídolos que
fizeram música inspirada na obra de Orwell está o Pink Floyd com o álbum
Animals. Em 1987 o R.E.M. escreveu a canção "Disturbance at the Heron
House" com o escritor britânico em mente, às vésperas do anúncio de que o
conservador George H. W. Bush – pai do Bush que era presidente na época dos ataques
de 11 de setembro – iria concorrer à presidência.
O
livro escrito em 1945 ou a película cinematográfica que foi lançada em
1999 é uma aula de política, uma
metáfora explorada de forma extremamente clara e inequívoca de como quem luta
pelo poder, pode acabar sendo influenciado da pior maneira possível, logo
depois de perceber que parece estar acima de tudo e de todos. A história ou o enredo nos faz crer ou deixou
uma lição bem clara que, se tornou
impossível distinguir quem era homem, quem era porco. O filme deixa uma
mensagem reflexiva, meditativa e altamente serena: “TODOS OS ANIMAIS SÃO IGUAIS, MAS ALGUNS
ANIMAIS SÃO MAIS IGUAIS DO QUE OS OUTROS”...