Jorge Béja
Até que se prove o contrário, todos
os produtos fabricados pelas empresas e frigorificos alvos da operação “Carne
Fraca”, estão contaminados, são imprestáveis, inservíveis e perigosos para o
consumo, humano e animal. Tudo precisa ser recolhido e levado a um gigantesco
forno para ser incinerado. Nem era preciso contaminação de tantas marcas, tais
como, Sadia, Perdigão, Elegê, Friboim Swift — citando-se apenas cinco das
dezenas e dezenas de outras –, para o imediato recolhimento e incineração de
tudo que está à venda no mercado.
A saúde do povo brasileiro está em
primeiríssimo lugar, e cesteiro que faz um cesto faz um cento, diz o refrão
popular.
QUE ADOEÇAM E MORRAM – Que fosse apenas um produto contaminado,
tanto já seria suficiente para a adoção de rigorosas medidas do poder público
contra o fabricante-produtor. Mas são muitos os produtos contaminados, de
muitas marcas, de muitos frigoríficos, de muitos produtores da grife JBS. Se
consumidos, quando não matam, causam doenças graves que nem a Medicina teria
condições de identificar a causa, em busca da cura. E nem autópsias
conseguiriam identificar a causa da morte. Mas o governo não pensa no povo.
Esse hediondo crime que foi cometido
contra a saúde do povo brasileiro e de muitos outros países, por parte dos
quatro maiores grupos empresariais do ramo, tem forte conotação de semelhança
com o crime ambiental causado pela Samarco. Com o rompimento da barragem,
muitos morreram, milhares perderam tudo o que tinham, cidades inteiras
desapareceram do mapa, rios se tornaram lama e grande parte do solo do
território nacional ficou imprestável para qualquer fim. O governo federal
sabia. E nada fez antes, para impedir. E nada fez depois, para punir. Nem a
concessão cassou. E a Samarco continua lá, operando em risco permanente da
repetição da tragédia. É o que vai acontecer com os frigoríficos que
envenenaram a população. Quem viver, verá.
COVARDES E PUSILÂNIMES – Os
governantes deste Brasil são frouxos. São pusilânimes. São covardes. São
desonestos. Todos têm o rabo preso. Preso e sujo. Imundo e fétido.
Nesta sexta-feira, numa improvisada
entrevista coletiva, Eumar Novacki, Secretário-Executivo do Ministério da
Agricultura, um agente público de poucas letras, que nem sabe fazer concordância nominal,
tantos foram os erros vernaculares que cometeu em sua fala (“os itens elecado”
foi um deles), e também não sabe diferenciar “mandado” de “mandato”. Todas as
vezes que se referiu às ordens expedidas pelo Juiz da 14a. Vara Federal de
Curitiba, disse Novacki “os mandatos judiciais”. E assim se comunicando, ele
veio a público para defender o Ministério e até as empresas.
Foi um fiasco. Não dirigiu uma
palavra, uma orientação ao povo. Quando perguntado a respeito, se esquivava e
embromava. E disse uma asneira que não tem mais tamanho. Que no Ministério da
Agricultura são pouco mais de 200 fiscais sanitários e apenas 33 se
corromperam!
FISCAIS CORRUPTOS – Saiba o senhor
Novacki que cerca de 200 fiscais já é muito pouco, considerando o tamanho do
país. E que num universo de pouco mais de 200 fiscais, 33 corruptos é muito
agente corrupto. São mais de 15%. Ele ainda disse “contar com a ajuda da
população para denunciar”.
O povo é leigo, senhor Novacki.
Ninguém é perito para pegar um produto Sadia, Perdigão, Elegê, Friboi, Swift ou
qualquer outro que esteja posto à venda e saber de antemão, a olho nu, se as
carnes, frangos, salsichas e todos os outros enlatados ou não, estão
contaminados, se contêm salmonela, se estavam vencidos e foram reembalados, se
neles foram injetados produtos químicos para dar aparência de frescos e
saudáveis.
Os crimes acontecem nas fábricas. O
povo-consumidor não fica sabendo. Empresas e empresários foram e são
criminosos. E a fiscalização criminosa também, porque corrupta. Levou dinheiro
para não impedir e interditar. E o senhor ainda pede a ajuda da população?
POLÍCIA, MP E JUSTIÇA – Não fossem a
Polícia, o Ministério Público e a Justiça (federais), que investigaram,
flagraram, prenderam e interditaram, a população continuaria a consumir carne
vencida, carne podre, com aparência de saudável e fresca. Carne de boi, de
porco, de frango e embutidos, tudo envenenado. Empresários e agentes públicos
responderão pelos crimes que praticaram contra a saúde pública, contra o
sistema financeiro, a ordem tributária e outros delitos mais.
Que se veja na Polícia, no Ministério
Público e na Justiça (federais), o braço forte do povo brasileiro. São
instituições que não nos decepcionam. Nos orgulham e nos defendem.
CRIME HEDIONDO E PENA PEQUENA – O que causa forte decepção é a constatação de
que a saúde e a vida humana dos brasileiros pouco ou nada valem. Não fosse os
outros crimes praticados por esses donos de frigoríficos e agentes públicos do
Ministério da Saúde (corrupção, ativa e passiva, falsificação, etc.), creiam, senhores
leitores, a pena seria bem singela, tamanha a proporção e a hediondez do crime:
reclusão de dois a seis anos e multa.
É o que está previsto no Código
Penal, ao tratar “Dos Crimes Contra a Saúde Pública”: A conferir: “Artigo 272 –
Corromper, adulterar ou falsificar substância alimentícia ou medicinal
destinada a consumo, tornando-a nociva à saude. Pena – reclusão, de dois a seis
anos, e multa. Parágrafo primeiro – Está sujeito à mesma pena quem vende, expõe
à venda, tem em depósito para vender, ou de qualquer forma, entrega a consumo a
substância corrompida, adulterada ou falsificada”.