Jorge Oliveira
Lula é um sujeito
previsível. Os seus passos só não são conhecidos por seus fanáticos que não
enxergam os seus truques fisiológicos para permanecer no poder a todo custo.
Depois de mentir para o juiz Sérgio Moro e jurar de pés juntos que não tem
nenhuma influência no PT, eis que aparece em Brasília erguendo a mão de Gleisi,
eleita presidente do seu partido, para quem ele cabalou votos. É a segunda
mulher que Lula patrocina a eleição e vira cabo eleitoral para continuar
manipulando os bastidores da política.
Dessa vez, Lula terá
ao seu dispor mais de 100 milhões do fundo partidário (em 2016 foram 98
milhões, segundo o TSE) para começar a sua campanha presidencial, já que, se
não for condenado, não contará mais com a boa vontade dos empresários amigos e
dos diretores das empresas estatais que roubavam dos cofres públicos para
patrocinar as campanhas do PT.
A Gleisi é ré na Lava
Jato e o seu destino é incerto daqui para frente se realmente se deixar levar
pela conversa de camelô do seu chefe, a exemplo do que ocorreu com os
ex-tesoureiros do PT e o José Genoino, ex-presidente, que cumpriu pena por
desvio de recursos do partido.
Para disfarçar o
autoritarismo e dar um ar democrático a eleição, Lula indicou para disputar a
presidência do partido dois aliados: Gleisi e Lindbergh. Um tal de José de
Oliveira se vestiu de laranja, mas não teve um voto sequer. Qualquer um dos dois
que ganhasse ele estaria bem servido. Mas a Gleisi, na verdade, tinha sua
preferência. A exemplo do que aconteceu com a desqualificada Dilma, que levou o
país ao caos econômico e ético, Lula agora tem outra mulher para fazer o papel
de fantoche. O pretexto é o mesmo: abrir espaço político para as mulheres como
se as verdadeiras mulheres necessitassem de um empurrãozinho para sobreviver na
política ou em qualquer outra atividade.
Agora vigiado pelos
investigadores da Lava Jato, Lula não pode movimentar nem a conta que a JBS
mantém à sua disposição e da Dilma no exterior. Precisava, portanto, de uma
fonte de renda para usar com gastos pessoais e da campanha dele e de seus
comparsas petistas, já que a redução no número de prefeituras em 2016 reduziu o
dízimo dos cargos comissionados. Assim, ele escalou a senadora Gleisi que, além
de militante, é fanática da seita lulista, com quem ele pode contar
incondicionalmente para manipular o dinheiro do fundo partidário.
Praticamente não
houve disputa. Escaldados, petistas de outras tendências preferiram não
apresentar candidatos. Não quiseram participar do joguete de Lula e acabar na
cadeia ou condenados como foram Zé Dirceu, João Vaccari Neto, Genoíno, Delúbio
Soares e tantos outros que abriram os cofres para Luiz Inácio da Silva. Pela
primeira vez dentro do PT não houve disputa acirrada dos núcleos para chegar à
presidência do partido. Ninguém quer ir para a cadeia para satisfazer a
ganância e a ambição desenfreada do chefe Lula.
A estratégia de Lula
– previsível, mais uma vez – era ter um candidato que não morasse em São Paulo.
E isso aconteceu. Gleisi é do Paraná e mora em Brasília com o marido Paulo
Bernardo, ex-ministro do Planejamento e da Comunicação que já amargou uns dias
de cadeia por corrupção. Assim, a presidência do partido será representada por
uma pessoa de confiança de Lula que assumirá toda parte administrativa do
partido. Gleisi, coitada!, só vai assinar papel como aconteceu com Dilma
impedida de governar pelas mãos ferro de seu protetor.
Depois de homenagear
no congresso os presidiários Zé Dirceu e João Vaccari Neto, o fundamentalista
Rui Falcão deixou a presidência do partido e o abacaxi nas mãos de Gleisi. A
senadora inicia o mandato tendo que responder a processo da Lava Jato. Ela
também é líder do PT no Senado e ré juntamente com o marido Paulo Bernardo. O
ano passado, o STF aceitou denúncia da PGR que acusava os dois de terem
recebido ilegalmente 1 milhão de reais para sua campanha ao Senado em 2010.
Eles respondem por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Não se pode aqui
achar que Gleisi Hoffmann é ingênua politicamente. Senadora ativa, bem
articulada, ex-ministra da Casa Civil de Dilma, várias vezes candidata
derrotada em seu estado, ela se vê de uma hora para outra guindada por Lula aos
principais cargos importantes do PT. Mas acontece que cego quando vê muita
esmola desconfia.
Será que a senadora
não desconfia de nada? Será que a cúpula petista tão afoita em disputa iria
abrir mão da presidência de um partido que administra mais de 100 milhões reais
se alguma trama não tivesse por trás de tudo isso? Senadora, cuidado para não
antecipar o seu recolhimento ao presídio da Papuda só para atender a fúria
incontrolável de poder do seu chefe.