quinta-feira, 26 de setembro de 2019

OS ESCÂNDALOS DO PT E SUA IDEOLOGIA DE ESQUERDA


Percival Puggina
Depois de década e meia de discursos, experimentos, práticas, relacionamentos, leis, nomeações, opções, infiltrações e aparelhamentos ideológicos de esquerda, há quem se espante, no Brasil, com a ideologização do governo Bolsonaro. Não se requer muita honestidade intelectual, não; basta não ser um punguista intelectual, ou um intelectual punguista, para reconhecer que não há ideologização maior do que nomear para o STF 13 ministros de esquerda, dos quais oito ainda permanecem na Corte que rompeu relações com a Nação. Mas isso nunca suscitou os mesmos melindres. Quem comandava a política externa brasileira era Marco Aurélio Garcia, na Secretaria de Relações Internacionais do PT.

Os governos petistas puderam nomear com critérios ideológicos reitores de dezenas de universidades federais. Aliás, as universidades se tornaram aparelhos políticos a seu serviço, como bem se pôde perceber. As gestões petistas, onde atuaram e onde atuam, são marcadas pela ideologia de esquerda. E isso tampouco suscitou escândalo algum nos círculos que hoje condenam a ideologização do governo Bolsonaro.


Em sucessivas Assembleias da ONU, Lula e Dilma proferiram discursos que entraram para a história das insignificâncias ou das ridicularias. Discursos que proporcionaram memes, discursos que ninguém no Brasil se deu o trabalho de ler e, menos ainda, de aplaudir. Foram todos inócuos, mas não havia dúvida na seleta plateia sobre a natureza do sinistro alinhamento do Brasil, nem das afeições internas e externas daquelas duas figuras exóticas. Elas convergiam para a escória da política internacional e para os “negócios” que acabaram se tornando conhecidos.

Nenhum dos atuais críticos do discurso de Bolsonaro fez fila no microfone para investigar ou reclamar disso! Do meu humilde canto, eu escrevi. Externei ao longo dos anos meu constrangimento, como cidadão brasileiro, ante os ostensivos e inegáveis desatinos ideológicos dos ex-presidentes.

Era tudo tão ideológico – estou adorando usar essa palavra hoje! – que os resultados colhidos após década e meia de governos foram os, inevitáveis e bem conhecidos dessa visão de mundo: corrupção, insegurança pública, ascensão do corporativismo; economia em decadência, empobrecimento da população; aumento dos desníveis de renda, da máquina pública e do peso do Estado.

Quão difícil aceitar que essa ideologia funesta perdeu a eleição! Quão pungente resulta a percepção de que outras ideias, combatidas ou mantidas ocultas no Brasil ao longo de quase meio século, ressurgiram no coração e na mente dos cidadãos: família, valores, ordem, cultura de trabalho, patriotismo, liberdade, importância do direito de propriedade, combate à impunidade, segurança e unidade nacional; respeito à fé, seus cultos e símbolos.

Foi o que se ouviu na ONU, sob intenso aplauso nacional. O Brasil deixou a sala maior do que entrou e os brasileiros viveram um dia para não esquecer. Ainda que no fundo não seja ideologia, mas mera aplicação da inteligência aos fatos nacionais.

GUERRA É GUERRA!!!


Percival Puggina

A lamentável morte da menina Ágatha deu origem a inúmeras matérias às quais não pareceu importante mencionar:
• as infinitas culpas do crime organizado, principal causador de tais situações;
• as simétricas responsabilidades de sucessivos governos tolerantes com a formação desses estados paralelos, criados pela covardia de bandidos que usam como escudo humano bairros inteiros das nossas cidades;
• a cumplicidade de tantos, nos poderes de Estado, a fazer da tolerância com a criminalidade o gatilho ideológico que dispara sua utopia revolucionária;
• o falso humanismo que discursa do alto da torre de uma imaginária superioridade moral enquanto faz vítimas na vida real;
• o lamentável papel desempenhado continuada e historicamente, nos meios de comunicação, pelos que soluçam em textos histéricos a cada bandido morto;
• o criminoso mercado das drogas, das armas, dos veículos furtados, das cargas roubadas, que faz prosperar o crime, seus agentes e seus protetores.
A GloboNews, durante horas diárias de programação, conta bandidos afastados para sempre do serviço ativo, soma policiais mortos e abalados por problemas psicológicos, ouve familiares de vítimas. No fundo de tudo, a personagem errada das cenas é a autoridade policial, com o modo imperfeito ou impróprio de atuação. E o crime? Ora, o crime e a criminalidade devem ser parte da vida; e a polícia e a segurança pública, parte da morte.
É triste, muito, muito triste a perda de vidas inocentes! Estou inteiramente solidário com os familiares dos que comparecem às estatísticas dessa guerra. O que eu solenemente dispenso é o ataque frontal que alguns meios de comunicação estão promovendo à Polícia, instituição que sequer existiria se não houvesse a criminalidade e, especialmente, em nosso país, o crime organizado. Muito estranho o jornalismo zarolho, que ataca o efeito e não vê a causa. A Polícia não cometeria um único erro se não tivesse contra quem agir. Ou tantos contra quem agir, enxugando o gelo da permissividade processual penal.
O mundo do crime declarou guerra. É uma guerra assimétrica e multiforme. Ele dissemina o vício que debilita a sociedade e faz prosperar os criminosos. Não contente, mata. Mata na dependência, mata na guerra pelo ponto, mata para mostrar poder. Mata pelo valor de um telefone celular, pela cheirada de logo mais, porque o tremor não controla o dedo no gatilho. Mata 60 mil por ano. Organizado, dispõe de recursos incalculáveis e confronta a miséria do Erário.
De que modo entender matérias jornalísticas que, ou trabalham pelo avesso da verdade, ou são incapazes de arranhar a superfície dos fatos, como se, deliberadamente, pretendessem ocultá-los ao discernimento da opinião pública? Raspe a matéria, leitor. Faça uma “raspadinha” no conteúdo que lhe é apresentado e verá que diariamente, em todo país, milhares de homens e mulheres, a serviço da sociedade, saem de suas casas sem saber se vão voltar. Saem para enfrentar criminosos ante cuja conduta os adjetivos, as repreensões e as penas são tragados por certo jornalismo e por incerta justiça.
Tome, agora, o elevador social. Suba vários andares no edifício do banditismo. Desça lá no topo, nos grandes salões acortinados com seus sofás de couro, periodicamente redecorados à sua custa. Verá que ali, outro tipo de crime engravatado, a toda hora encobre pegadas, limpa digitais, toma dinheiro seu para pagar advogados; faz acordos, achaca o governo, extorque a nação. Observe como as notícias a respeito são frias como ata de assembleia de cotistas de fundo de investimento. Não há nelas um único adjetivo. Não revelam nem suscitam qualquer emoção. Raspe, então, a notícia. Veja como querem, agora, impropriamente, valer-se de Ágatha para destruir o pacote anticrime de Moro e restaurar a abstenção anterior. Conjugue os fatos e perceba o quanto tudo serve para serem escondidos os verdadeiros culpados e tenha curso a inculpação dos inocentes.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

O BRASIL NO OSCAR DA ONU



Guilherme Fiuza
Dois analistas políticos modernos analisando a performance do Brasil na Assembleia Geral da ONU:

– Que gafe!
– Vergonhoso.
– Como um presidente usa um terno com esse corte em 2019?
– Hein? Não… Falei de outra gafe.
– Qual?
– A do tapete vermelho. Aquela troca de afagos com o Trump…
– Um horror! Se ainda fosse o Obama…
– Outra gafe.
– Minha?
– Não, deles. Não reeleger o Obama pra sempre é uma gafe.
– Bom, mas aí é a democracia.
– Não, é o fascismo.
– Democracia fascista.
– Algo assim.
– Gente, e o que foi aquilo de citar o MORO?
– Cafonice.
– O Jean Wyllys resumiu tudo: aquela voz fina do Moro é uma cafonice.
– Não, falei que cafonice é citar o Moro em discurso na ONU.
– Não pode ser os dois?
– O Moro e o Jean Wyllys?
– Não, a voz e a citação.
– Ah, tá. Pode. É tudo estética.
– Estética é tudo.
– Isso me lembra um discurso do Bergman no Oscar…
– Vamos ficar só na ONU, o Oscar é outra coisa.
– Lembrei do Bergman por causa da Greta, que também é sueca.
– Maravilhosa… A Dama das Camélias, inesquecível.
– Essa é a Greta Garbo. Falei da Greta Thunberg.
– Ah, a menina ecologista. Bom, camélia tem a ver com ecologia, de certa forma.
– Sem dúvida, é tudo natureza.
– É tudo estética.
– Estética é tudo.
– Pobre Brasil. Um país que já teve uma mulher discursando nessa tribuna…
– Dilma era pura estética.
– A Greta Garbo do petismo.
– E jamais daria aquela moral pro Trump.
– Nunca! Chamava logo de fascista.
– E o melhor é que ele não ia entender.
– Exatamente. Esse era o diferencial da Dilma: ninguém entendia o que ela falava.
– Uma revolucionária contra o óbvio, contra a compreensão linear das coisas.
– Puro hermetismo. Me lembra Jean-Luc Godard.
– Godard era mais fácil de entender.
– Concordo. Mais elementar.
– Há quem diga que a Dilma não tá presa até hoje porque a Lava Jato tem medo de interrogá-la.
– Claro, a Dilma é um labirinto. Um interrogatório desses você sabe onde começa mas não sabe onde termina.
– Grande Dilma. Derrotou a Lava Jato por W.O.
– O Lula não teve esse senso estratégico.
– Todo homem bom é presa fácil.
– Foi muito aplaudido aí nessa tribuna. E a ONU até hoje defende ele.
– Defende de graça, porque nunca levou um tostão dos bilhões roubados pelo PT.
– Agora me emocionei. Onde foi parar esse mundo de amizades verdadeiras?
– Sei lá. É tudo muito triste e obscuro.
– Resumindo: a participação do Brasil na Assembleia Geral da ONU 2019 foi um golpe na estética e na bondade.
– Depois de muitos anos vamos ficar sem o prêmio de efeitos especiais, quebrando uma longa tradição brasileira.
– Vexame.
– Vergonha.

POLÍCIA FEDERAL CUMPRE MANDADOS NO PALÁCIO DO GOVERNADOR PETISTA DO PIAUÍ

Operação apura corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa



Cláudio Humberto

A Controladoria Geral da União (CGU), o Ministério Público Federal e a Polícia Federal realiza nesta quarta-feira (25) operação no Palácio de Karnak, sede do governo do Piauí, chefiado pelo petista Wellington Dias. A operação cumpre 18 mandados de busca e apreensão em Teresina e 1 no município de Luiz Correia, e incluem as secretarias estaduais de Educação e de Infraestrutura, no cumprimento de mandados de busca e apreensão. Em nota, a PF informou que a “Operação Satélite” apura crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e crimes de licitação praticados por gestores públicos da Secretaria de Educação e por empresários contratados para a prestação de serviço de transporte escolar. Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara da Seção Judiciária Federal de Teresina, que também determinou o bloqueio de bens imóveis e de ativos financeiros de parte dos envolvidos. Foram mobilizados na operação 80 policiais federais e dez auditores da CGU, que chegaram por volta de 6h ao palácio, no centro de Teresina, e saíram cm documentos e outros objetos pelas 7h30.

SÉRGIO MORO É ELOGIADO NA ONU

Moro foi o único ministro citado pelo presidente no discurso das Nações Unidas


Cláudio Humberto

A referência generosa do presidente Jair Bolsonaro, chamando Sérgio Moro de “SÍMBOLO DO MEU PAÍS”, em seu discurso perante o plenário das Nações Unidas, reitera a estabilidade no emprego do ministro da Justiça. Apesar das demonstrações de prestígio, como quando desfilou lado a lado na parada de Sete Setembro, ainda há quem divulgue, por torcida ou desinformação, “divergências” entre o presidente e o auxiliar. A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder. Ao citar Sergio Moro, Bolsonaro quis prestigiar o ministro e lembrar na ONU que foi ele quem meteu na cadeia políticos corruptos como Lula. Opositores apostam na saída de Moro porque imaginam que a queda do ministro mais popular precipitaria o declínio do próprio presidente. Sérgio Moro declarou em entrevista que entrou no governo “para ficar e não para sair”, quando o indagaram sobre a fofoca. Não adiantou. Bolsonaro elogia e avaliza iniciativas de Moro, mas até o sóbrio jornal Valor, na véspera do discurso na ONU embarcou na lorota da “fritura”.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

MORREU GEORGE HILTON, ESTRELA DO SPAGHETTI WESTERN


Por Altamir Pinheiro

Em 28 de julho deste ano, há 2 meses, faleceu o ator uruguaio George Hilton aos 85 anos de idade. Tornou-se famoso na Itália ao lado de nomes como Terence Hill, Franco Nero e Giuliano Gemma. Era um fã de futebol e torcedor da Lazio. No seu currículo encontramos filmes como Os Dois Filhos de Ringo (1966), Tempo de Massacre (1966), Balas em Jogo (1967), Mais Um para o Inferno (1968) e Chamam-me Aleluia (1971). Ele também protagonizou obras como Ringo... Era Seu Nome (1967), Vou, Mato e Volto (1967) e Com Sartana Cada Bala é Uma Cruz (1970).

Em 28 de julho de 2019, a ex-esposa e parceira de Hilton divulgou um comunicado em suas contas de mídia social, anunciando que Hilton morreu após uma doença não revelada em Roma, Itália . O uruguaio Jorge Hill Acosta y Lara começou sua carreira  no ano de 1955 em Buenos Aires, logo após foi à procura de novos horizontes em 1963 conseguiu  dar novamente um grande salto em sua carreira para se estabelecer na Itália, e com o nome final do GEORGE HILTON com o passar do tempo conseguiu a cidadania italiana. No ano de 2017, em passagem pelo Brasil,  ele afirmou  que continua sendo   fã incondicional dos filmes sobre o cangaço e de Sônia Braga no cinema brasileiro.

Em vida, Hilton costumava afirmar que, reconhecia que esse apogeu da cinematografia italiana, assim como a dolce vita romana jamais se repetirão, e por duas razões. A primeira é que cinema mudou completamente, e a segunda é a violência nas grandes cidades, como Roma, que impede as pessoas de sair de casa tranquilamente para tornar a noite um grande, interminável, livre e fértil encontro. Mas quando questionado sobre Florinda Bolkan, a estrela brasileira que mais fez sucesso internacional no cinema depois de Carmen Miranda e figura de proa desse momento mágico das telas italianas, George Hilton respondeu: “Há muito tempo que não a vejo. Era maravilhosa!!!”.

Queiram ou não os cinéfilos anti-bang bang,  que só agora caíram na real em admitir que, os filmes de caobói, até hoje, continuam sendo transformados em objetos de culto e veneração. Há um  gostoso e proveitoso excesso de paixão sagrado e adorado no mundo inteiro pelos filmes  que revolucionaram a sétima arte nos meados do   Século XX: o nome dessa modalidade de cinema chama-se faroeste, que arrastava multidões aos grandes cinemas e às salas “poeirentas” em todas as partes do mundo, com seus devidos espectadores carregando sua cadeira ou tamborete para o local de projeção de fitas de rolo,  atraídos por uma produção maciça em vários gêneros que caíram no gosto do povão, como os épicos e mitológicos que eram as películas de Hércules e Macistes; os melodramas e a comédia erótica, com filme de mistério, turbinada com altas doses de erotismo e violência, e – é claro – o  gostoso e violento western spaghetti, com seu bando de Ringos, Sartanas, Sabatas e Djangos, vividos por estrelas como Franco Nero, Giuliano Gemma, Clint Eastwood, Terence Hill e  GEORGE HILTON.

No auge da fama, George Hilton,   sempre foi um  cara  bonito, eclético e um tremendo gozador das caras dos bandidos babacas. É o que podemos chamar de  artista tirador de sarro de bandido barbudo babaca. Lendo os bons críticos de cinema percebe-se claramente que parece mentira, mas houve um período da história do cinema em que o império prateado de Hollywood chegou a ser seriamente desafiado por outra cinematografia. Durante as décadas de 1960 e 1970, a Itália invadia amplamente não só as telas dos circuitos de arte, através de um pelotão de cineastas que dificilmente serão superados – como De Fellini, Antonioni, Visconti, Pasolini, Bertolucci e Zeffirelli.

O cineasta brasileiro, Daniel Camargo, que é fã de George Hilton, nos conta que   o bangue-bangue à italiana destacou-se muito com  o diretor italiano Sergio Leone, o primeiro a fazer o  western spaghetti alcançar  fama mundial, graças também as músicas de Ennio Morricone. Segundo ele, nos bangue-bangues italianos  tudo era exagerado. "O italiano pegava este gênero e trabalhava de outra maneira, sempre muito natural, muito própria e com exagero, usando aquele  tom tão operístico que ele tem. No western americano a pessoa tomava um tiro e morria. No bangue-bangue italiano o cara tomava um tiro e girava em câmera lenta, o sangue saía pelo nariz, ele dava um mortal para trás, uma cambalhota e só então caía".







segunda-feira, 23 de setembro de 2019

LULA DEVE SE CASAR NA CADEIA: Janja já faz até comidinha para o noivo, que convidou Chico Buarque para padrinho do casamento.


Políbio Braga

Lula cumpriu 1/6 da pena e pode ir para o semiaberto a qualquer momento, A MENOS QUE O TRF4 JULGUE OS RECURSOS DO CASO DO SÍTIO DE ATIBAIA E CONFIRME NOVA CONDENAÇÃO.  O anúncio de que pretende se casar quando deixar a prisão foi feito diversas vezes pelo prisioneiro por corrupção e lavagem de dinheiro Lula da Silva em suas últimas entrevistas. Nesta semana, a futura cerimônia ganhou um ingrediente novo: o primeiro casal de padrinhos. Lula esqueceu rapidamente de dona Marisa Letícia e quer até festa de casamento. Na última quinta-feira 19, Lula convidou a jurista Carol Proner e o cantor e compositor Chico Buarque para testemunharem sua união com a socióloga Rosângela Silva, conhecida como Janja. O convite foi aceito. Janja mora em Curitiba, visita Lula como integrante da família e cozinha para o noivo. Ele, por sua vez, já mostra uma aliança de noivado nos vídeos em que aparece dando entrevista a jornalistas numa sala nas dependências da Superintendência da Polícia Federal.

domingo, 22 de setembro de 2019

VENCEDORES DO PRÊMIO OSCAR DA PICARETAGEM



Guilherme Fiuza

Como todo mundo sabe, o Brasil está dando um show na luta contra o fascismo imaginário. Mas nem tudo é estoicismo e sofrimento. Chegou o momento de celebrar as pessoas e instituições que mais se destacaram nessa guerra sangrenta de ketchup, arriscando corajosamente seus penteados, seu verniz cívico-intelectual e seus 50 tons de maquiagem progressista.

A seguir, a relação dos principais vencedores do Prêmio RDA (Resistência Democrática de Auditório) 2019:

- Categoria Melhor Rui Barbosa do Centrão – quesito Apropriação do Trabalho Alheio: Rodrigo Maia – com a obra-prima “Como sabotar os autores da Reforma da Previdência e depois virar o dono dela”.

- Categoria Melhor Assalto Triplo: Partido dos Trabalhadores – com a obra “Petrolão, Fundo Partidário (valeu, Maia) e Mega Sena”.

- Categoria Melhor Organizador de Eleições Fora de Época Para Lula e Seus Meliantes Ganharem: Datafolha – com a obra “Se as eleições fossem hoje e ninguém estivesse olhando o Haddad ganhava”.

- Categoria Melhor Sabotador da Agenda Ética Nacional Fantasiado de Oráculo Sociológico: Fernando Henrique Cardoso – com a obra “Se eu fosse o Moro renunciava e deixava os criminosos em paz”.

- Categoria Melhor e Mais Guloso Candidato Precoce a 2022: João Dória – com a obra “Alexandre Frota e a resistência civilizatória contra o avanço da brutalidade”.

- Categoria Melhor Novo Velho Proselitismo Contra Tudo Isso Que Aí Está: João Amoedo, com a obra “Liberalismo Amazônico e a cartilha bonitinha mas ordinária (ou Tamo Junto, PSOL!)”

- Categoria Melhor Vítima Voluntária do Nazifascismo Cenográfico: Chico Buarque – com a obra “Me censura senão eu minto”.

- Categoria Melhor Teoria Econômica do Caos: Armínio Fraga – com a obra-denúncia “Girafas e democracia em perigo”.

- Categoria Melhor Francês de Aluguel: Emmanuel Macron, com a obra “Queimou Paris e foi ao cinema – ou Queimei meu filme e fugi pra Amazônia”.

- Categoria Melhor Intérprete de Mensagens Roubadas: Folha de S. Paulo – com a obra “Esta Moro ser uma fascista e este Lavo Jata ser uma golpe para impedir que a Lula e as empreiteiros roubar a Brasil honestamente”.

- Categoria Melhor Embaixador do BBB na Europa: Jean Wyllys – com a obra “O mandato é meu e eu vendo pra quem eu quiser”.

- Categoria Melhor Ocultação da Agenda Positiva de Guedes/Moro/Tarcísio & cia: Jornalismo Trans e Liberalismo Flex (prêmio dividido) – com as obras definitivas “O rosa, o azul e as prioridades de uma nação” e “Etiqueta e as boas maneiras em Adam Smith”.

- Categoria Melhor plantonista da Globonews e deputado nas horas vagas: Rodrigo Maia e Aleffandro Molão (prêmio dividido) – com a emocionante cobertura do Apocalipse (que eles prometem matar no peito e transformar numa brisa de fim de tarde, ao vivo).

A solenidade de entrega do Prêmio RDA 2019 ocorrerá no Copacabana Palace – Salão PSOL, com apresentação do Hacker de Araraquara (por telão), tradução de Glenn Greenwald, poesias de Adélio Bispo (também por telão), entradas ao vivo diretamente do sistema carcerário com Lula & PCC (“Moro demitido amanhã – rap do FHC”), show de Daniela Mercury e Caetano Veloso dublado por Ciro Gomes (Grupo Praguejar), colóquio sobre inteligência revolucionária com Dilma Rousseff e Delfim Netto, workshop de Halloween com Gleisi Hoffmann e Maria do Rosário e muitas outras atrações demoníacas, ou melhor, democráticas.

Não perca (a serenidade). Como diria o poeta, vai passar

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

ONDE FORAM PARAR OS TIRANETES LATINO-AMERICANOS?

Mujica, o ridículo ditador bonzinho do Uruguai.


Por décadas consolidada no poder, a esquerda agora começa a perder espaço na América Latina: há seis anos, dos 12 países da região, só três estavam sendo governados por políticos de centro ou mais à direita (o Chile, de Sebastián Piñera, o Paraguai, de Federico Franco, e a Colômbia, de Juan Manuel Santos).

Mesmo com uma tendência à direita se consolidando, é preciso considerar o legado de anos de políticas progressistas em determinados países. Abaixo conheça o histórico dos principais líderes da esquerda latino-americana e qual sua influência atual no continente:

RAFAEL CORREA (Equador)

Auge: 2007-2016

Eleito pela primeira vez em 2007, Correa assumiu afirmando que, com seu mandato, chegava ao fim “a triste noite neoliberal na América Latina”. Chegou ao poder em meio a um cenário de dificuldades econômicas, quedas no PIB e aumento no índice de desemprego. Aproveitando a popularidade do início de governo, conseguiu implementar uma série de medidas drásticas: criou uma nova Constituição em 2008, encerrou o acordo pelo qual os EUA mantinham uma base militar no Equador e instituiu a criticada Lei de Comunicação, que os opositores apelidaram de “lei da mordaça”.

Declínio: 2017

No fim de seu governo, Correa já acumulava tantas críticas que, nas eleições de 2017, a oposição baseou o discurso de “mudança” precisamente na derrubada de algumas das bandeiras de seu governo: prometiam uma reforma constitucional, o fim da Lei de Comunicação e a redução de impostos. Embora tenha conseguido eleger seu sucessor, Lenín Moreno, nem mesmo o nome apoiado por Correa manteve-se alinhado a ele: recentemente, Moreno acusou o governo anterior de corrupção e pediu que a Procuradoria do Equador investigasse projetos de infraestrutura de petróleo, com suspeita de superfaturamento na ordem de quase 2,5 bilhões de dólares.

Por onde anda

Às voltas com a Justiça, Correa já teve dois pedidos de prisão preventiva emitidos contra si. O primeiro veio em 2018, quando o ex-presidente foi acusado de ser o mentor do sequestro de um deputado de oposição, seis anos mais cedo. Em agosto deste ano, um novo pedido de prisão preventiva foi emitido por suspeita de suborno durante sua campanha eleitoral: Correa teria recebido dinheiro da Odebrecht em troca de contratos com o Estado. Hoje, para escapar dos processos, está vivendo na Bélgica. Um jornal do país europeu chegou a noticiar que Correa teria pedido asilo por perseguição política, mas seus advogados negaram.

CRISTINA KIRCHNER (Argentina)

Dilma: Ordem do Cruzeiro do Sul para a amiguinha argentina.
Auge: 2007-2011

Cristina chegou à presidência em 2007, navegando na onda de popularidade causada pela redução do desemprego e da pobreza durante o governo de seu marido, Néstor Kirchner, iniciado em 2003. Com a morte de Néstor em 2010, Cristina buscou a reeleição e, embora já estivesse começando a perder apoio, conseguiu seguir no cargo para um segundo mandato.

Declínio: 2014

Os primeiros sinais de que Cristina começava a perder apoio vieram em 2009, quando seu partido foi derrotado nos principais distritos argentinos e ficou sem maioria parlamentar. A partir de 2014, denúncias de corrupção começaram a se acumular, e o governo Kirchner também foi acusado de falsear dados econômicos, como os índices de inflação, para mascarar a real situação do país, que em seus últimos anos de governo viu um aumento no trabalho informal e recessão. Sem poder concorrer a uma nova reeleição em 2015 e com o governo imerso em um mar de lama, Cristina não conseguiu fazer um sucessor e viu Mauricio Macri chegar à presidência.

Por onde anda

A continuidade das dificuldades econômicas na Argentina durante o governo Macri fez com que a oposição voltasse a ganhar força, apesar de novas denúncias contra Kirchner seguirem vindo à tona. Para driblar a impopularidade de seu nome, Cristina desistiu de concorrer como candidata principal em sua chapa, aparecendo como vice de Alberto Fernández, seu ex-chefe de gabinete. Após vencer com sobras as primárias na Argentina, a tendência é que o kirchnerismo retorne ao poder na votação marcada para outubro deste ano.

HUGO CHÁVEZ (Venezuela)


Auge: 2002-2007

Eleito presidente em 1999, Hugo Chávez viveu o primeiro grande teste de seu governo três anos mais tarde, quando um golpe de Estado chegou a afastá-lo do poder por 48 horas. No entanto, ainda contando com grande apoio entre a população e os militares, Chávez, que já convivia com acusações de estar ensaiando uma escalada autoritária, voltou ao poder e intensificou as reformas. Em 2004, um referendo que tentava tirá-lo do poder acabou por ratificar seu governo e, no ano seguinte, a oposição boicotou as eleições à Assembleia Nacional, acusando Chávez de fraude, deixando o partido governista sozinho no poder. Favorecido pelo aumento do preço do petróleo, o governo investiu em programas populistas que aumentaram sua base de apoio, e seguiu intensificando o controle estatal sobre diferentes setores da vida venezuelana: em 2007, deixou de renovar a concessão de um importante canal de TV opositor e, dois anos mais tarde, conseguiu passar uma reforma constitucional que permitiu a reeleição indefinida para a presidência. 

Declínio: 2010-2013

A partir de 2010, o governo Chávez começou a perder espaço nas eleições legislativas e, simultaneamente, passou a conviver com cada vez mais denúncias na comunidade internacional. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) divulgou, naquele ano, um relatório de mais de 300 páginas em que acusava Chávez de perseguir jornalistas e impor limites à liberdade de imprensa no país. Com a piora da economia e a queda no preço do petróleo, a inflação começou a crescer, atingindo 19,9% ao ano em 2012.

Por onde anda

Chávez, porém, não viveu para ver a pior parte da crise que legou à Venezuela: morreu no dia 5 de março de 2013, aos 58 anos, em decorrência de um câncer. Nicolás Maduro herdou e agravou ainda mais os problemas do país.

NICOLÁS MADURO (Venezuela)


Auge: 2013

Maduro nunca teve um “auge” propriamente dito. Vice de Chávez e indicado como seu sucessor quando sua saúde piorou, Maduro deu, porém, uma demonstração de força um mês após a morte de seu mentor: em abril de 2013, disputou e venceu as eleições convocadas para substituí-lo. A margem foi estreita (fez 50,6% dos votos válidos) e a oposição alegou fraude, mas Maduro assumiu o poder, onde segue desde então.

Declínio: desde 2014

Os problemas deixados por Chávez no fim da sua vida só se agravaram nos anos imediatamente seguintes. Entre 2013 e 2017, o PIB venezuelano teve uma queda de 37%. A inflação, que já vinha crescendo, entrou em uma espiral cada vez mais intensa e se tornou a maior do mundo: estima-se que deva bater em 10.000.000% em 2019.

Por onde anda

Nicolás Maduro ainda governa a Venezuela na prática, mas enfrenta, desde o início do ano, questionamentos cada vez maiores à validade de seu mandato. Juan Guaidó, oposicionista que preside a Assembleia Nacional, assumiu como “presidente interino” e obteve reconhecimento de mais de 50 países, incluindo o Brasil, e vem negociando tratados internacionais. Ainda assim, o impasse permanece, com Maduro dispondo de grande parte do poderio militar ao seu lado. Sem uma resolução ao conflito, o povo venezuelano sofre: além da hiperinflação, a economia não para de encolher — o FMI estima uma retração de 25% este ano.


MICHELLE BACHELET (Chile)

A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet| FABRICE COFFRINI/AFP

Auge: 2006-2010, 2014

Primeira mulher eleita à presidência do Chile, Michelle Bachelet deu sequência aos governos da coalizão que presidiu o país desde o fim da ditadura pinochetista, em 1990. Encerrou seu primeiro governo com 80% de aprovação e, como não existe reeleição consecutiva no Chile, precisou esperar até 2014 para retornar ao poder, o que fez com 62% dos votos. Sua plataforma previa a revisão do sistema educacional superior no país, com mais vagas gratuitas, além de atualizações nas leis relacionadas ao aborto e ao casamento homoafetivo.

Crise: após 2015

Bachelet nunca enfrentou um grande declínio como a maioria de seus colegas de esquerda na América Latina e encerrou seu mandato, em 2018, ainda com avaliações positivas. Mas, em 2015, esteve às voltas com um escândalo de corrupção e tráfico de influência envolvendo seu filho e nora. Exatamente como havia ocorrido em 2010, encerrou seu mandato sem conseguir eleger sucessor e viu Sebastián Piñera assumir pela segunda vez.

Por onde anda

Ainda vista como uma das principais lideranças democráticas de esquerda na América Latina, Bachelet imediatamente assumiu como Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, cargo que exerce atualmente.


EVO MORALES (Bolívia)

Presidente da Bolívia, Evo Morales| Yamil Lage/AFP

Auge: desde 2013

No poder desde 2006, Evo Morales já mudou a Constituição para se eternizar na presidência, e tem dado indícios de que não pretende deixar o cargo tão cedo. Seu governo foi marcado pela nacionalização de recursos naturais, como o gás, e a defesa dos povos cocaleiros, contrariando a agenda antidrogas dos EUA. Diferentemente de seus colegas venezuelanos que adotaram táticas similares, porém, Evo tem conseguido manter um continuado bom desempenho econômico, que garante altos índices de popularidade. Desde que assumiu, o PIB boliviano tem crescido a uma média acima de 4%, chegando a 6,8% em 2013.

Crises: 2011 e 2019

Em 2011, as primeiras críticas à sua eternização no poder começaram a emergir, com temores de que o governo pudesse ganhar traços ditatoriais, especialmente após violenta repressão policial a uma manifestação indígena. Apesar disso, foi reeleito em 2014. Agora, em 2019, Evo voltou a enfrentar críticas que apontam para a má gestão ambiental de seu governo, incapaz de controlar as grandes queimadas que vêm destruindo biomas importantes do país desde a metade do ano.

Por onde anda

Ainda gozando de grande apoio e com a economia a seu favor, Evo é favorito para um quarto mandato consecutivo nas eleições marcadas para outubro.

SALVADOR SÁNCHEZ CERÉN (El Salvador)

Auge: 2014

Eleito em 2014 com uma margem de apenas 0,22 pontos percentuais, Sánchez Cerén tinha como principal missão o combate à violência urbana e à pobreza — El Salvador é dominado por gangues e tem os mais altos índices de homicídio do mundo. Seu antecessor, do mesmo partido, havia sido acusado de mascarar uma redução na violência ao “negociar” com as gangues, facilitando o contato dos chefes de facções com seus comandados ao tirá-los das prisões de segurança máxima. Sánchez Cerén chegou ao poder prometendo avanços orgânicos nessas questões, mas não conseguiu promover mudanças significativas.

Declínio: desde 2017

O ex-presidente salvadorenho passou a enfrentar críticas pelos fracos resultados no combate à pobreza, por escândalos em que era acusado de favorecer familiares ao colocá-los em cargos públicos, e por seu contínuo apoio a Nicolás Maduro. Nos anos finais de seu governo, Sánchez Cerén enfrentou crises de desabastecimento de medicamentos e epidemias de doenças antes controladas.

Por onde anda

Deixou o poder no início de junho sem conseguir eleger sucessor — o candidato de seu partido ficou em terceiro lugar com apenas 14% dos votos. Chegou a ser investigado por enriquecimento ilícito, mas até o momento a Justiça salvadorenha não encontrou provas.

OLLANTA HUMALA (Peru)

Auge: 2011

Humala chegou ao poder em 2011 após derrotar Keiko Fujimori, filha do ex-ditador que governou o país nos anos 90, prometendo manter o crescimento econômico e focar na inclusão social. Também afirmou que acabaria com a “economia neoliberal”. Mas enfrentou dificuldades desde o início.

Declínio: desde 2012

Tendo governado até 2016, Ollanta Humala passou por grandes crises ao longo de todo o seu governo. Ainda nos primeiros anos, encontrou resistência popular a projetos como a mina de Conga, que causaria grande impacto ambiental na região de Cajamarca. Logo em 2011, já precisou enfrentar a renúncia de um de seus vice-presidentes (no Peru, há dois vices) por escândalo de corrupção. O próprio Humala eventualmente apareceria na longa lista de presidentes peruanos investigados pelas propinas da Odebrecht e chegou a ficar preso entre 2017 e 2018.

Por onde anda

Humala continua a ser investigado pelo envolvimento com a Odebrecht e, em maio de 2019, viu a Justiça de seu país pedir a sua prisão e a da ex-primeira-dama por 20 anos. Ainda às voltas com a Justiça, Humala tem viajado intensamente pelo interior do país, gerando especulações de que tentaria concorrer novamente a algum cargo político. As próximas eleições gerais do Peru ocorrem apenas em 2021. Seu índice de rejeição, porém, é elevado: 83%.

MANUEL ZELAYA (Honduras)

Auge: 2006

Político de carreira, tendo exercido três mandatos no Congresso hondurenho, Zelaya elegeu-se em 2006 prometendo combater a pobreza, que vinha crescendo no país, mas enfrentou crises desde o início, com a oposição chegando a pedir uma recontagem dos votos.

Declínio: 2009

A impopularidade de Zelaya começou a crescer conforme o mandatário foi se aproximando de governos autoritários do continente. Em 2007, visitou Cuba e, no ano seguinte, aderiu à Aliança Bolivariana das Américas (Alba). Finalmente, sua tentativa de mudar a Constituição em 2009 provocou uma rápida resposta do Congresso e um golpe de Estado, que o derrubou em 28 de junho daquele ano e o expulsou do país. Zelaya voltou secretamente a Honduras em setembro daquele ano, ganhando proeminência ao se refugiar na Embaixada do Brasil.

Por onde anda

Zelaya retornou a Honduras em 2011, fundando o Partido Libertad y Refundación (“Libre”), que buscou recolocar o ex-presidente nos círculos de poder, ainda que sem ser o nome principal da chapa. Em 2013, sua esposa, Xiomara Castro de Zelaya, concorreu à presidência e ficou em segundo lugar. Ainda forte nos bastidores, sua próxima aposta é na filha, Hortensia “Pichu” Zelaya, indicada como pré-candidata para o pleito de 2021.

FERNANDO LUGO (Paraguai)

Auge: 2008-2011

Eleito em 2008 com o Paraguai mergulhado em altos índices de desemprego, insegurança e corrupção generalizada, Lugo, um ex-bispo, interrompeu uma hegemonia do Partido Colorado que já durava 60 anos no país, tornando-se o primeiro governante de esquerda. Enfrentou resistências por parte dos grandes agropecuaristas, sobre os quais queria aumentar os impostos, e também entrou em rota de colisão com o próprio Parlamento, dominado pela oposição, e com o governo brasileiro, com quem Lugo pretendia renegociar os contratos de Itaipu. Ainda assim, assumiu em alta: na época, 76% dos paraguaios acreditavam que o país melhoraria sob a presidência de Fernando Lugo.

Declínio: 2011-2012

Lugo começou a enfrentar seus primeiros escândalos ainda em 2009, quando a Justiça exigiu que ele reconhecesse um filho gerado quando ainda era bispo católico. Outros casos do tipo vieram à tona na sequência. Mas o que levaria à derrubada de Lugo, por impeachment, foram acusações por mau uso de forças militares, com o estopim sendo o confronto de Curuguaty, quando o governo enviou 150 soldados do Exército para controlar uma disputa territorial próxima à fronteira com o Brasil, em um episódio que deixou 17 mortos, sendo sete policiais. Sem apoio no Congresso, a destituição de Lugo foi formalizada em 22 de junho de 2012, um episódio que o ex-presidente qualificou de “golpe”.

Por onde anda

Lugo segue envolvido com a política, segundo ele, por considerar que “não fez tudo o que poderia”. No entanto, não tem conexão com nenhum dos partidos políticos, dedicando-se a endossar nomes. Nas eleições de 2018, apoiou o candidato à presidência Efraín Alegre, que acabou derrotado pelo colorado Mario Abdo Benítez.

JOSÉ MUJICA (Uruguai)

Auge: 2010-2018

Personagem carismático e envolto em uma imagem de humildade, José Mujica foi um dos presidentes uruguaios mais reconhecidos internacionalmente na história. No comando da Frente Ampla, coalizão de esquerda que já governava o país com Tabaré Vázquez (que foi, também, o sucessor de Mujica após o fim de seu mandato em 2015), chegou à presidência em 2010 e tomou a dianteira em uma série de bandeiras progressistas, como a legalização da maconha, do aborto e do casamento homoafetivo. Após o fim de seu mandato, assumiu um posto no Senado.

Declínio: 2019

Mujica permaneceu como uma figura popular, especialmente fora do Uruguai, muito após deixar a presidência, há cinco anos. Recentemente, sua imagem acabou abalada por suas falas sobre a Venezuela — a esquerda o criticou por definir o governo de Nicolás Maduro como uma ditadura, já seus opositores tradicionais se indignaram com a fala em que dizia que os manifestantes contra o regime venezuelano não deveriam se colocar à frente dos tanques (após a difusão de um vídeo em que grupos pró-Guaidó eram atropelados por blindados militares).

Por onde anda

Mujica renunciou à cadeira no Senado em 2018 e, aos 84 anos de idade, segue atuando nos bastidores da política. Nas prévias das eleições presidenciais deste ano, apoiou a ex-ministra da Indústria, Carolina Cosse, derrotada nas primárias da Frente Ampla, que será representada pelo ex-prefeito de Montevidéu, Daniel Martínez Villamil. Mujica segue à frente de uma lista de candidatos legislativos denominada Espacio 609, que representa a ala mais à esquerda dentro de sua coligação.