Por Altamir Pinheiro
Tão longínqua quanto Kirk Douglas(que completará em dezembro
de 2019, 103 anos), Olivia de Havilland,
uma Lenda Viva da Sétima Arte completou 103 anos de existência. Ela é uma das
poucas reminiscências vivas dos anos dourados do cinema, Olivia foi
participante ativa de diversos clássicos das telas, celebrados por inúmeros fãs
da Sétima Arte. As Aventuras de Robin Hood talvez seja o mais lembrado de todos
por uma geração mais jovem, junto à outra obra prima, E O VENTO LEVOU. No
primeiro se consagrou como a parceria romântica do galã e aventureiro Errol
Flynn (que morreu aos 50 anos de idade), com quem atuou oito vezes, e no
segundo, ela é a única atriz viva do elenco principal do que é considerado “O
MAIOR FILME DE TODOS OS TEMPOS”, realizado em 1939 e onde viveu a doce e gentil
Melanie.
No filme E O Vento Levou não se deve confundir os papéis da
protagonista Vivien Leigh que tinha
como personagem Scarlett O'Hara com Olivia de Havilland que representava a personagem de Melanie Hamilton. O cinéfilo Paulo Telles
nos faz uma brilhante observação quando diz que “Não foi só de canduras que viveu esta grande
atriz dentro e fora das telas. Ela se impôs como mulher e artista, desafiando o
sistema hollywoodiano de estúdios e com isso, conquistando o respeito de seus
amigos e colegas de profissão (entre os quais, se destaca Bette Davis”. Ela foi premiada pela Academia em duas
ocasiões. Dame Olivia Mary de Havilland é uma atriz britânico-américo-francesa
NASCIDA NO JAPÃO, hoje, radicada na França e tendo como seu esporte predileto o
ciclismo que pratica diariamente no vigor dos seus 103 anos.
Um dos maiores estudiosos do cinema, o brasileiro e natalense
Antonio Nahud, é um profundo conhecedor da história pessoal de Olívia de
Havilland( nascida no Japão e hoje com 103 anos de idade) & Joan
Fontaine(também nascida em Tóquio, Japão, e falecida em 2013 aos 96 anos de
idade). O cinéfilo Nahud nos conta que,
AS DUAS ATRIZES IRMÃS ERAM INIMIGAS FIGADAL e jamais se conciliaram em
vida mesmo vivendo no estrelato em seus longínquos anos. Essas duas atrizes como Havilland, em
contraste com sua imagem pública comportada e boazinha, sempre teve um
temperamento inflexível e brigão. Fontaine, insossa e sofisticada, em cena
parece estar repetindo o mesmo personagem de inúmeros outros filmes que fez: a
vítima apaixonada, frágil e desorientada, mas sempre foram duas excelentes atrizes.
Raras irmãs alcançaram o estrelato
no cinema, como são os casos de Lillian e Dorothy Gish (anos 10 e 20); Norma e
Constance Talmadge (anos 20); Constance e Joan Bennett (anos 30 e 40); Eva e
Zsa Zsa Gabor (anos 50); Catherine Deneuve e Françoise Dorléac (anos 60);
Vanessa e Lynn Redgrave (dos anos 60 em diante). Mais recentemente, Natasha e
Joely Richardson; Patricia e Rosana Arquette; Jennifer e Meg Tilly. No entanto,
as mais famosas irmãs estrelas de cinema de todos os tempos são OLIVIA DE HAVILLAND e JOAN FONTAINE Irmãs e inimigas mortais.
Para entender essa rivalidade e quem quiser se aprofundar no assunto leia o bem
documentado IRMÃS: A HISTÓRIA DE OLIVIA DE HAVILLAND & JOAN FONTAINE publicado no ano de 1984,
de Charles Higham.
Através do livro de Charles Higham e os escritos de Antonio
Nahud podemos conhecer os “puxavancos” de cabelos que rolavam entre as irmãs
inimigas. Elas sempre tiveram uma relação difícil, começando na infância,
quando Olivia teria rasgado uma roupa de Joan, forçando-a a costurá-la
novamente. A rivalidade e o ressentimento resultam também da percepção de Joan
em relação ao fato de Olivia ser a filha favorita da mãe delas, a atriz Lillian
Augusta Ruse. JOAN FONTAINE, certa vez, declarou: “Lamento, mas não me lembro
de um ato de bondade de minha irmã durante toda a minha infância. Em 1933,
quando ela tinha 17 anos, jogou-me na laje da piscina e pulou em cima de mim,
fraturando a minha clavícula”. Segundo o biógrafo Higham, OLIVIA DE HAVILLAND
nunca conseguiu dividir a atenção maternal com a irmã mais nova, além disso ela
se via como “a mais bonita e a mais talentosa”, chegando a fazer um testamento,
em uma de suas brincadeiras de criança, deixando toda a sua beleza para a sua
irmã, “que nada possui”. Nos estudos, no entanto, era Joan quem se destacava.
Ambas vencedoras do Oscar, com estrelas na Calçada da Fama de
Hollywood e aclamadas por seus papéis em filmes maravilhosos dos anos 30, 40 e
50, OLIVIA DE HAVILLAND foi a primeira a se tornar atriz, estreando na comédia
“Esfarrapando Desculpas em 1935.
Enquanto sua carreira decolava, através de clássicos de aventuras ao lado de
Errol Flynn (com quem fez oito filmes), como “Capitão Blood, “A Carga da
Brigada Ligeira de 1936 e “As Aventuras
de Robin Hood 1938, JOAN FONTAINE
desenvolvia um “complexo de Cinderela” e se via como coitadinha. Para
piorar as coisas, sua mãe exigiu que mudasse seu sobrenome para Fontaine,
evitando uma possível associação com Olivia, e proibiu-a de aceitar um
interessante contrato com a Warner Bros., “porque era o estúdio de sua irmã”.
Em 1942, elas foram nomeadas para o Oscar de Melhor Atriz.
Joan indicada pela atuação em “SUSPEITA”, de Alfred Hitchcock, e Olivia por “A
Porta de Ouro. Joan acabou levando a estatueta. O biógrafo Charles Higham
descreveu os eventos da cerimônia de premiação, afirmando que Joan avançou
empolgada para receber seu prêmio, rejeitando as tentativas da irmã
cumprimentá-la. Olivia acabou se ofendendo com essa atitude. Depois, Joan
declararia: “Quando foi anunciado o meu nome como vitoriosa, percebi que Olivia
teve vontade de dar um salto e me agarrar pelos cabelos”. Anos mais tarde, em
1947, seria a vez de Olivia ganhar o Oscar, pela atuação no melodrama “SÓ RESTA
UMA LÁGRIMA”.
Nesse episódio, o
prêmio era para ser dado por Joan Crawford, mas a Academia, talvez
acreditando que não poderia haver melhor cenário para a reconciliação das
irmãs, substituiu-a em cima da hora por Joan. Esta, chamou a irmã para subir ao
pódio. Mas quem esperou um sorriso afetuoso ou um abraço fraternal de
reconciliação, enganou-se, Olivia se recusou a apertar a mão da irmã, numa
comentada saia-justa. Segundo o biógrafo, na ocasião Joan fez um comentário
leviano sobre o então marido de Olivia, ofendendo-a. Ela não quis receber os
cumprimentos de sua irmã por este motivo.
Elas muitas vezes disputaram os mesmos homens e papéis. JOAN
FONTAINE foi a primeira a se casar – com o popular astro do cinema britânico
Brian Aherne -, gerando novo atrito entre elas. Na festa de casamento, o
namorado de OLIVIA DE HAVILLAND – o bilionário Howard Hughes - dançou com a
noiva e tentou seduzi-la, procurando convencê-la a desistir do casamento e se
casar com ele. Olivia se chocou, culpando a irmã pela situação humilhante. No
caso de “... E o Vento Levou”, Joan foi considerada muito chique para o
personagem e Olivia ganhou o papel da doce e simplória Melanie Hamilton, mas na
disputa pelo cobiçado papel da versão de Alfred Hitchcock para o romance de
Daphne du Maurier, “REBECCA”, Joan se saiu vitoriosa.
A relação entre as irmãs continuou a deteriorar-se após os
incidentes na cerimônia do Oscar. Em 1975, aconteceria algo que faria com que
elas deixassem de se falar definitivamente: segundo Joan, Olivia não a convidou
para um ritual religioso em homenagem a mãe delas recentemente falecida. Mais
tarde, Olivia afirmou que tentou comunicar Joan, mas ela se encontrava muito
ocupada para atendê-la. Charles Higham também diz que Joan tem uma convivência
distante com suas próprias filhas, talvez porque tenha descoberto que elas
sempre mantiveram uma amizade secreta com a tia Olivia. Até pouco antes de JOAN
morrer as irmãs se recusavam a falar
publicamente sobre sua delicada situação, apesar de JOAN FONTAINE ter comentado
em entrevista que muitos boatos a respeito delas surgiram dos “cães de
publicidade” do estúdio.
Ocasionalmente, uma rara trégua acontece entre elas. Em 1961,
passaram o Natal juntas no apartamento de Joan, em Nova York, mas a noite
terminou em briga. Oito anos depois, Joan recebeu um pedido de ajuda de OLIVIA
DE HAVILLAND, então adoentada e em dificuldades financeiras. “Deixei um gordo
cheque”, lembra Joan. Mas os ressentimentos e a mesquinha antipatia
continuaram. Quando a mãe morreu de câncer, deixou sua herança para os filhos
de Olivia e nada para as filhas (uma delas, adotiva) de Joan. Vingativa, Joan
lançou em 1978 a autobiografia “No Bed of Roses” (Nenhum Mar de Rosas), que
segundo um dos seus ex-maridos – William Dozier – não contém nenhuma verdade,
fazendo um retrato cruel da irmã, inclusive descrevendo-a como venenosa.
Há
nove anos, em 2010, Olivia de Haviland, vencedora de dois Oscars foi
homenageada no Palácio de Élysée em Paris, pelo presidente Nicolas Sarkozy, que
na ocasião lhe deu uma legião de Honra Haviland, que mora em Paris há 60 anos,
estava com sua filha Gisele, entre outros membros de sua família e Jacqueline
Bisset. Mas uma pessoa de sua família estava ausente: JOAN FONTAINE, sua única
irmã e é igualmente vencedora na sua carreira nas telas. Quando o Presidente
colocou a fita vermelho-sangue e a estrela da Legião de Honra em Olivia, Joan
estava na Califórnia, ignorando sistematicamente a ocasião, apenas mais uma ao
longo de décadas de separação.