Por Altamir Pinheiro
Há
nove décadas,
mais precisamente na próxima terça-feira,
24 de outubro de 1927, nascia na terra
dos Guarás e dos Anuns o PAI DOS POBRES e, já se passou um quarto de século do qual depois de sua morte jamais apareceu
aqui, em Garanhuns, um homem do porte moral e de sua preocupação social,
principalmente com os mais necessitados, os chamados “PÉS DE POEIRA”...
Estamos
tratando ou falando do IMORTAL da Academia Política de Garanhuns que teve
o seu maior patrono, JOSÉ CARDOSO DA SILVA que, lamentavelmente, no dia 30 de
abril de 1992, deixava-nos órfãos e foi fazer política em outra galáxia e hoje
está habitando no céu, lugar dos justos: praticando ou zelando pelo seu povo e
toda essa massa humana da Cohab I, Parque Fênix, Liberdade, Rua da
Raposa, Rua da Taba, Rua da Bosta e demais periferias desta cidade que tanto o venerava,
o idolatrava e a recíproca era verdadeira. Todos eles estão,
também, gravitando em torno dele, em sua aura celestial.
Cardoso foi um dos
mais destacados e honrados líderes políticos de Garanhuns. Era um
homem simples, humilde e que
fez todo o seu percurso objetivando o bem coletivo. Era um líder social
nato que trabalhou fervorosamente para melhoria de sua cidade visando
sempre um bem maior, o avanço do desenvolvimento garanhuense.
Em suas veias corria o sangue do político ilibado. Herdou de sua mãe FRANCISQUINHA
CARDOSO o gosto pelas causas sociais e políticas. Uma mulher
sempre à frente do seu tempo. Foi sapateira, líder comunitária,
presa política na ditadura de 1964, exemplo de coragem, garra e muita
determinação.
Zé Cardoso foi
ajudante de barbeiro, presidente de clubes de futebol (Cruzeiro Futebol
Clube, União Futebol Clube, Arraial), radialista da extinta Rádio Difusora de
Garanhuns (programas Desfile das Cinco, Praça da Saudade). Sua alma filantrópica o conduziria para o povo. Nascia
assim sua trajetória na política alicerçada num alto padrão de moralidade e com
ela a intenção de servir ao bem comum.
Em 1951,
candidatou-se pela primeira vez a vereador, não logrou êxito, mas era o início de um jovem cheio de
esperança em ver, um dia, em seu torrão
natal, uma cidade desenvolvida e com oportunidades para
todos. Conseguiu eleger-se vereador em 1955, pelo Partido Trabalhista
Brasileiro (PTB). Com seu grande carisma e relevantes serviços prestados
à população, em 1959, teve 1.175 votos. Uma votação expressiva para o seu segundo
mandato. A determinação, o trabalho e a fé agrestinos de Zé Cardoso fariam dele
o vereador mais bem votado do interior de Pernambuco.
Como candidato a
deputado estadual em 1962, Zé Cardoso ficaria na segunda suplência, tomando
posse devido a um remanejamento na Assembleia Legislativa. Com o Golpe Militar
de 1964, teve seu mandato cassado. Foi perseguido, humilhado, torturado e preso
político. Acusado de ser um agitador e membro do Partido Comunista. Foi
processado por atividade subversivas. Ficou preso por quase dois anos na Casa
de Detenção, no Recife, hoje Casa da Cultura. Por longos anos sua liberdade e sonhos
foram cerceados pela ditadura.
Com a anistia em
1979, voltava a Garanhuns aquele que seria um dos maiores líderes políticos de
nossa cidade. Zé Cardoso era povo e para ele retornara. Em 1986,
candidata-se a deputado estadual pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) e
ocupa a primeira suplência. Posteriormente, assume o mandato na ALEPE, tornando-se
tanto ele quanto Ivo Amaral, deputados constituintes.
Cardoso
costumava dizer que, “GOSTARIA DE VIVER EM UM MUNDO ONDE OS RICOS NÃO SEJAM TÃO
RICOS A PONTO DE COMPRAR OS POBRES E OS POBRES NÃO TÃO POBRES A PONTO DE SE
VENDEREM POR QUALQUER NINHARIA”. Se ele não conseguiu realizar seu sonho na
terra, pelo menos tá bastante satisfeito lá em cima, sentado, ao lado direito
do pai. Afinal de conta, nosso senhor ama os pobres, por isso fez tantos, por
isso existe tantos... Entretanto, O que nos reconforta nesses tempos sombrios é
a certeza de que através dessa imensa e imprescindível família Cardoso, apesar
de sua simplicidade e modesta maneira de viver, sobrevive, valente e destemida,
a mais sólida resistência democrática manifestada na bravura dos intrépidos
combatentes da pura verdade, somente a verdade...
Após
vinte e cinco anos de sua viagem predestinada... Eu, como seu admirador,
gostaria de deixar registrado nos anais da história política de Garanhuns que o
negão Cardoso foi um político na verdadeira acepção da palavra de uma
sensibilidade social espetacular, o humanismo daquele negão ultrapassava
qualquer limite do horizonte por longínquo que fosse. Zé Cardoso foi uma figura
humana daquelas que todo mundo gostaria de tê-la como amigo. Portanto, repito: ah,
que saudade do Negão Cardoso!!! Mas, fazer o quê?!?!?! C’est la vie (assim é a
vida). Mas que bom, dos males o menor: MORRE O HOMEM FICA A FAMA!!!