sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

A PETRALHA PETRA COSTA MENTIU NO SEU DOCUMENTÁRIO AO TRANSFORMÁ-LO NUM LIXO IDEOLÓGICO




Luan Sperandio


No documentário Democracia em Vertigem, Petra Costa não adulterou apenas fotos para mostrar que a guerrilha urbana de esquerda era inofensiva nos anos 1970. Ao longo de mais de duas horas, praticamente a cada três ou quatro frases o espectador encontra uma omissão importante, uma falsa narrativa ou uma indução conspiratória.

 

Em meio a isso, há registros caricatos de um ou outro crítico ao PT, falas emocionadas da mãe da diretora sobre Dilma, e Lula se comparando a Jesus Cristo.

 

Mas o filme cumpre seu papel: o de ignorar fatos, dados e evidências para vender ao mundo a visão que o PT tem sobre o impeachment, a prisão de Lula e a eleição de Jair Bolsonaro.

 

Aqui estão as 45 inconsistências do filme.

 

1. DIMENSÃO DAS MANIFESTAÇÕES A FAVOR DO IMPEACHMENT DE DILMA

 

Houve diversas manifestações populares contra o governo de Dilma Rousseff, especialmente em cinco oportunidades. O protesto do dia 13 de março de 2016 foi o maior ato político da história do país, superando as Diretas Já. O documentário mostra alguns poucos reacionários aleatórios, omite a real dimensão dos protestos e o quanto a saída da presidente mais impopular da história era desejada pelos brasileiros.

 

2. “NÃO HAVIA EXPECTATIVA DE UMA PRISÃO TÃO RÁPIDA. PEGOU TODO MUNDO DE SURPRESA”

 

O filme diz que “seu processo [o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva] chega à segunda instância mais rápido do que qualquer outro da Lava Jato”. Não é bem assim. Um levantamento feito pelo economista Carlos Goés mostrou que o período de tramitação do processo dele entre a condenação na primeira e a segunda instância do TRF-4 não foi atípica. “Olhando os dados, mesmo somente para aqueles que estão restritos aos da Lava Jato, não dá pra dizer que há nada de extraordinário na tramitação do processo do Lula”, afirmou.

 

3. “ENTRE OS 443 PARLAMENTARES, APENAS 2 ERAM DA CLASSE TRABALHADORA”

 

Petra diz que Lula decidiu se tornar político quando viu que apenas 2 entre 443 parlamentares eram da classe trabalhadora. Cegamente, confia na fala de Lula, não a checa (uma metodologia que domina todas as duas horas de documentário). A frase muito provavelmente é falsa, já que nunca houve 443 parlamentares no Congresso.

 

4. “O PT REPRESENTAVA A ESPERANÇA DE QUE AS DESIGUALDADES DO PAÍS SERIAM ENFRENTADAS”

 

Um estudo feito pelo World Wealth and Income Database apontou que a desigualdade de renda no Brasil não caiu entre 2001 e 2015. O crescimento econômico verificado no país teve pouco impacto na redução da desigualdade, porque beneficiou principalmente os 10% mais ricos.

 

5. “COM LULA, A TAXA DE DESEMPREGO ATINGE O MENOR ÍNDICE DA HISTÓRIA”

 

A dissertação do economista Rafael Baccioti mostrou que as taxas de desemprego registradas no Brasil nos anos 1980, 1970 e 1950 foram menores do que durante o governo Lula, com números entre 2% e 3%.

 

6. MENSALÃO

 

No julgamento da Ação Penal 470 pelo Supremo Tribunal Federal, ficou claro que o Mensalão foi um esquema de desvio de dinheiro público cuja finalidade era a compra de apoio parlamentar no Congresso Nacional. Tudo para favorecer a aprovação de projetos de interesse do governo Lula.

 

7. DILMA PERDEU PRESTÍGIO PORQUE ATACOU BANCOS E JUROS

 

Quando Dilma assumiu a presidência, a taxa Selic estava em menos de 8,75%. Ao final de 2011, ela chegou a 12,5%, quando passou a cair até 7,25%. Não deu certo, os juros voltaram a subir e passaram dos 14%. Só voltaram a cair quando a equipe econômica de Michel Temer assumiu. Dilma discursava contra rentistas, mas seu governo foi o que mais os favoreceu.

 

8. "COTAS RACISTAS"

 

O documentário mostra uma manifestante que pede a saída de Dilma e diz que o PT instituiu “cotas racistas”. Mas uma pesquisa de 2013 realizada pelo Ibope apontou que 62% dos brasileiros eram a favor dos três tipos de cotas no acesso a universidades: baixa renda, escola pública e raciais. Quando analisadas apenas a reserva de vagas para alunos de escola pública e pobres, o percentual chegava a 77%.

 

9. BOLSA FAMÍLIA FOI CRIADO POR LULA

 

O documentário sugere que a ajuda aos mais pobres foi uma benevolência exclusiva dos governos petistas e ignora que houve programas de distribuição de renda antes dos governos do PT. Em 2001, o próprio Lula criticou o Bolsa Escola de FHC, chamando-o de "esmola".

 

10. MICHEL TEMER FOI UM TRAIDOR DESDE O INÍCIO DO MANDATO

 

Quando a onda de protestos anti-Dilma varreu o país no início de 2015, Michel Temer escreveu em seu Twitter: “O impeachment é impensável, geraria uma crise institucional. Não tem base jurídica e nem política". Ao longo daquele ano, ele assumiu a articulação política do governo e desempenhou bem a tarefa. Quem afirmou isso foi o então deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), um dos vice-líderes do governo Dilma na Câmara.

 

11. “DILMA TIROU CARGOS DO PMDB”

 

A rebelião de Temer se deu, segundo o documentário, porque Dilma tentou restringir a influência do PMDB no governo. Não foi bem assim. Em 12 de março de 2016, ele conseguiu evitar que o partido rompesse com o governo. Quatro dias mais tarde, a presidente nomeou Mauro Lopes ministro da Aviação Civil.

 

12. CRISE ECONÔMICA

 

Por algum motivo, Petra não achou que era uma boa ideia explicar que as políticas econômicas da Era PT levaram à maior crise econômica da história brasileira e a mais de 10 milhões de desempregados. Só depois de meia hora é que ter havido alguma crise econômica é mencionada, sem explicar suas dimensões, é claro.

 

13. PETROBRAS ESPIONADA PELA CIA

 

Documentos vazados em 2013 indicaram que o governo dos Estados Unidos teria espionado a Petrobras. Apesar da gravidade, é um enorme salto argumentativo deduzir que desejavam o impeachment para poder pôr as mãos na companhia.

 

14. “MORO: HOMEM TREINADO NOS ESTADOS UNIDOS”

 

O então juiz participou em 2007 do International Visitors Leadership Program, o mesmo programa do qual participou… Dilma Rousseff em 1992.

 

15. “AÉCIO NÃO ACEITA O RESULTADO”

 

O documentário diz que Aécio Neves ele não aceitou o resultado da eleição e por isso entrou no Tribunal Superior Eleitoral contra a chapa Dilma-Temer. Mas o próprio deputado, antes senador, admitiu que entrou com a ação apenas para “encher o saco” do PT.

 

16. “AÉCIO APOIA O IMPEACHMENT”

 

Quando os pedidos de impeachment de Dilma começaram, Aécio Neves rejeitou a tese. Aécio decidiu aderir ao movimento apenas em 2016, quando compareceu às manifestações em São Paulo e foi hostilizado na Avenida Paulista.

 

17. “GRUPOS DE DIREITA USAM ALGORITMOS DE REDES SOCIAIS”

 

Estudos mais recentes mostram que a influência de algoritmos de redes sociais para a polarização política foi superestimada. Além disso, militantes e grupos de esquerda usam as mesmas arenas do debate público que a direita.

 

18. CRISE INTERNACIONAL

 

O documentário fala que após uma “queda global em commodities e série de erros econômicos o país entrou em crise”. Mas um relatório do FMI mostra que 183 dos 192 países analisados registraram crescimento econômico superior ao brasileiro entre 2015 e 2016. De acordo com estudo do economista da FGV Marcel Balassiano, mais de 90% dos países do mundo cresceram mais do que o Brasil entre 2011 e 2018.

 

19. DILMA RESPONSÁVEL POR TODOS OS PROBLEMAS DO PAÍS

 

Para Petra, quem era a favor do impeachment “acreditava que a presidente era a responsável por todos os problemas do país”. Sem nenhum dado ou pesquisa, é só a opinião dela mesma. Um estudo do professor de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro Reinaldo Gonçalves concluiu que cerca de 90% do resultado negativo do desempenho econômico durante o governo Dilma se deu a partir de “falhas nacionais”, isto é, podem ser atribuídas à forma como o país foi conduzido.

 

20. FRAUDE FISCAL É PIOR QUE CORRUPÇÃO

 

Dilma sofreu impeachment porque o Congresso considerou crime de responsabilidade as fraudes fiscais e contábeis protagonizadas pelo governo. Chamá-las de “pedaladas fiscais” é diminuir a magnitude delas e suas consequências perversas. O economista Carlos Goés explicou a gravidade dessas fraudes.

 

21. JULGAMENTO DO TRIBUNAL DE CONTAS

 

O pedido de impeachment foi baseado no julgamento do Tribunal de Contas da União, que rejeitou as contas de Dilma Rousseff em outubro de 2015 devido às fraudes fiscais. Nada disso é mencionado no documentário.

 

22. “PRECISAMOS DE UMA COMISSÃO INTERNACIONAL”

 

“Por que não se cria uma comissão internacional de direito público para analisar se teve fraude fiscal ou não?”, pergunta Lula no documentário. Simples: é para isso que existe o TCU, e ele rejeitou as contas de Dilma.

 

23. QUANDO COMEÇOU A QUEDA DE DILMA?

 

Para o então deputado federal Jean Wyllys (PSOL), a queda de Dilma começou no Dia do Trabalho de 2013, quando a presidente teria discursado dizendo que ricos, banqueiros e rentistas tinham de “pagar pela crise”. O discurso, na verdade, tratou da correção da tabela do Imposto de Renda e de reajuste dos valores do Bolsa Família. Não faz sentido acreditar que empresários manipulariam os balanços de suas próprias empresas, com muitos indo a falência, para prejudicar uma presidente.

 

24. DISCURSO DE POSSE DE MICHEL TEMER

 

A edição do documentário sugere que Temer estaria atentando contra o estado laico ao afirmar que seu governo seria “um ato religioso”. Mas o que ele realmente disse foi “o que nós queremos fazer agora, com o Brasil, é um ato religioso, é um ato de religação de toda a sociedade brasileira com os valores fundamentais do nosso País”. Era uma referência a unificar a sociedade, dividida e polarizada após o impeachment.

 

25. O ACORDÃO DE ROMERO JUCÁ E SÉRGIO MACHADO

 

Em áudio vazado de Romero Jucá e Sérgio Machado, o então senador afirma que era mais fácil mudar de governo e estancar a sangria, fazer um acordo nacional. Petra afirma que essa seria a motivação do impeachment. Mas omite maldosamente o trecho em que Machado revela: “Eu acho o seguinte, a saída [para Dilma] é ou licença ou renúncia. A licença é mais suave. O Michel forma um governo de união nacional, faz um grande acordo, protege o Lula, protege todo mundo”. O suposto acordão era para proteger o PT também.

 

26. ARREPENDIMENTO DE LULA

 

Quando Petra pergunta a Lula se ele se arrependeria de algo, ele lamenta não ter enviado projeto ao Congresso “para regular os meios de comunicação”. Porém, em 2004 seu governo encaminhou um projeto ao Congresso para criar um conselho de classe com poderes para punir jornalistas. A proposta não foi aprovada.

 

27. LIBERDADE DE IMPRENSA DO PT

 

Lula se gaba de “fazer o que nós fizemos” com liberdade de imprensa, mas não foi bem assim. Em 2004, por exemplo, Lula pediu a expulsão do jornalista americano Larry Rohter porque ele escreveu que o ex-presidente nutria certo apreço por bebidas alcoólicas, sem falar nos milhões pagos a blogueiros para que eles defendessem o governo.

 

28. LIBERDADE PARA LEGISLAR

 

Lula também gabou-se dos governos do PT terem deixado “o Congresso funcionando livremente”. Mas foi sob o seu próprio governo que ocorreu o Mensalão, justamente para evitar que congressistas se opusessem livremente aos projetos do governo.

 

29. QUAIS AS ACUSAÇÕES CONTRA LULA?

 

O documentário afirma que, depois de dois anos de investigação, a única “acusação de fato” era de que Lula teria recebido um triplex de uma empreiteira. Só isso. Ele ignora que havia diversos outros processos contra o ex-presidente, inclusive alguns dos quais ele foi inocentado. Lula foi condenado em dois processos por corrupção e lavagem de dinheiro, além de ser réu em seis outras ações penais.

 

30. MARISA MORRE 4 MESES APÓS SER ACUSADA

 

O documentário sugere que a ex-esposa de Lula, Marisa Letícia, morreu em consequência da perseguição sofrida por ele e pela família. O que o filme não conta é que o ex-presidente atribuiu a Marisa Letícia a responsabilidade pelos aluguéis não pagos em um imóvel que o MPF afirma ser de fachada e adquirido com dinheiro da Odebrecht.

 

31. LULA LIDERAVA PESQUISAS, MAS…

 

Em 2018, Lula liderava as pesquisas para a Presidência. Mas também tinha a maior rejeição entre todos os candidatos, com 31% (tecnicamente empatado com Jair Bolsonaro). Uma eventual vitória não seria fácil.

 

32. LAVA JATO X ECONOMIA

 

Em uma audiência, Lula pergunta ao juiz Sergio Moro se ele “se sente responsável pela Lava Jato ter destruído a indústria de construção civil deste país?” Mais uma narrativa petista: a de que a Lava Jato prejudicou a economia no governo Dilma. Estudos, porém, mostram que integridade e combate à corrupção ajudam o ambiente de negócios e a economia.

 

33.VOTOS "ESDRÚXULOS" DOS PARLAMENTARES

 

O documentário mostra diversos parlamentares usando motivos alheios à acusação para justificar o voto pelo impeachment de Dilma e, assim, sugere que o procesos foi injusto. Mas o impeachment não é um instituto somente jurídico, mas também político. O teor dos votos no impeachment de Fernando Collor foi similar.

 

34. CONDUÇÃO COERCITIVA DE LULA

 

O documentário critica a condução coercitiva de Lula para um depoimento, apesar de afirmar que ele nunca havia se negado a testemunhar na Polícia Federal. Mas o ex-juiz Sergio Moro justificou o pedido dizendo que a condução coercitiva era necessária para evitar maiores tumultos e transtornos.

 

35. CONVERSA VAZADA ENTRE DILMA E LULA

 

O documentário pormenoriza o teor da conversa e foca na ação de Sergio Moro, que posteriormente foi anulada pelo ministro do STF Teori Zavascki. Ambos foram processados pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot por obstrução de justiça, mas foram absolvidos.

 

36. CONVERSA ENTRE TEMER E JOESLEY BATISTA

 

O documentário edita maliciosamente um diálogo que sugere que o então presidente Michel Temer teria apoiado possível obstrução de justiça feita pelo empresário Joesley Batista a fim de Eduardo Cunha não delatá-los. O ex-presidente foi absolvido em 2019 porque a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal foi considerada “frágil”. O laudo pericial do áudio apontou interrupções, ruídos e falas ininteligíveis que, suprimidos, impediram compreender o sentido completo da conversa.

 

37. "O CONGRESSO MUDA DE POSIÇÃO. TEMER NÃO DEVE SER INVESTIGADO?"

 

O documentário critica o fato de parlamentares que antes se diziam defensores do combate à corrupção terem protegido Michel Temer das investigações. Mas as investigações contra Temer continuaram depois que ele deixou o cargo. Temer até foi preso por alguns dias.

 

38. “TEMER FEZ TUDO QUE ELES QUERIAM, LEILOANDO RESERVAS DE PETRÓLEO PARA EMPRESAS ESTRANGEIRAS”

 

A menção do documentário se refere à mudança do modelo de concessão do Pré-Sal. Antes em regime de partilha, o modelo mudou para concessão. Mas, desde 2015, integrantes da equipe ministerial de Dilma eram favoráveis à alteração. Tanto o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, quanto o da Fazenda, Joaquim Levy, defenderam mudanças na legislação.

 

39. “TEMER FEZ TUDO QUE ELES QUERIAM, ENFRAQUECENDO LEIS QUE PROÍBEM O TRABALHO ESCRAVO”

 

Em 2017 o Ministério Público do Trabalho editou uma portaria que buscava tornar regras mais objetivas a fim de coibir eventuais arbitrariedades de agentes da Administração Pública. Isso porque mais de 90% das denúncias acerca de trabalho escravo eram julgadas improcedentes ao final do processo. O documentário não mostra que, por decisão da Ministra do STF Rosa Weber, a norma foi suspensa e nunca entrou em vigor.

 

40. “TEMER FEZ TUDO QUE ELES QUERIAM, APROVANDO MEDIDAS DE AUSTERIDADE QUE PREJUDICARIAM OS MAIS POBRES”

 

As medidas de austeridade começaram com Dilma Rousseff logo após vencida a eleição em 2014, e se intensificaram em 2015, ano em que foram cortados 87% do valor dos programas sociais.

 

41. DIMENSÃO DAS MANIFESTAÇÕES CONTRA TEMER

 

Segundo estimativas das polícias militares, os protestos contra Dilma reuniram, em centenas de cidades, 2,4 milhões de pessoas em 15 de março de 2015 e 3,6 milhões em 13 de março de 2016. Já as manifestações pedindo o “Fora Temer" reuniram, em setembro de 2016, 48 mil manifestantes.

 

42. SERGIO MORO TIROU LULA DA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL

 

Uma jornalista fala, em inglês, que a prisão de Lula decretada pelo Sérgio Moro o tirou de vez da eleição presidencial. Não é verdade: a suspensão dos direitos políticos se dá a partir da condenação em segunda instância por causa da Lei da Ficha Limpa, sancionada pelo próprio Lula.

 

43. E A FACADA?

 

O documentário que fala sobre polarização e enfraquecimento da democracia ignorou uma tentativa de assassinato contra o presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral.

 

44. UM PASSADO CLANDESTINO FALSO PARA SEUS PAIS

 

O documentário conta um pouco da história familiar de Petra e os mostra militantes de esquerda que atuaram na clandestinidade durante a ditadura. Mas, de acordo com uma análise do jornalista Astier Basílio em O tempo do Poeira: História e memórias do jornal e do movimento estudantil da UEL nos anos 1970 2018), “todos os anos, os pais de Petra visitavam a família em Belo Horizonte. Era, portanto, uma clandestinidade que permitia férias.”

 

45. A MÃE DA DIRETORA NÃO É ALHEIA AOS NEGÓCIOS DA EMPREITEIRA DA FAMÍLIA

 

A mãe de Petra, Marilia Andrade, não é uma comentarista política neutra e alheia aos negócios da família como o documentário faz parecer. Ela é uma das acionistas da Andrade Gutierrez e sempre atuou nas empresas do grupo.No jantar de 60 anos do grupo, por exemplo, Lula e Dilma estavam presentes. Na ocasião, ela aproveitou para fazer lobby para que a Presidência liberasse a venda de queijo cru em Minas Gerais.

 

ENFIM

 

Tudo bem Petra se declarar petista desde sempre e o documentário transmitir a visão político-partidária dela do início ao fim, com certa devoção messiânica e sebastianismo em relação a Dilma e Lula.

 

Afinal, como dizia Roberto Campos, “no Brasil, até o passado é incerto”. E é nesse ritmo que Democracia em Vertigem tenta reescrever a história ao ignorar, por mais de duas cansativas horas, que a maior ameaça recente a democracia brasileira foi, na verdade, protagonizada pelo Partido dos Trabalhadores.


quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

COLUNA DA QUINTA-FEIRA



O fiscal do povo, Gênio Ventura, candidato a vereador por Garanhuns pelo Aliança ou PSL, com  apoio geral, total e irrestrito, direto de Brasília,  do presidente Bunda Suja Bolsonaro, esses dias, ele botou pra fuder na fudelância da equipe do Conselho Tutelar. Ele afirmou categoricamente que os Conselheiros de Garanhuns foram responsáveis diretos através de relações promíscuas com o prefeito Izaías Régis, ao esconderem um estupro de uma criança no CAIC, para não comprometer a reputação do gestor garanhuense. Isso é grave, gente!!! Muito grave!!! É preciso que o Ministério Público tome pé desse acontecimento grave praticado pelo Conselho Tutelar e se pronuncie a respeito dessa barbaridade quanto a isenção desse Conselho que se foi. Há quem diga, eu também digo ou quero crer que, o que parece ou se deslumbra em  irresponsabilidade e conivência com o poder público, algo que incomoda e irrita, quem sabe não esteja no foco  um novo estilo de fazer política partidária e proteger seus apadrinhados como relatou o valente da notícia, Gênio Ventura. Depois dessa barbaridade, em tradução simultânea, segundo o FISCAL DO POVO nos conta em seu vídeo, o Conselho Tutelar de Garanhuns foi ou é um nojo: ESCONDERAM O ESTUPRO DA CRIANÇA  para proteger, salvaguardar, resguardar a conduta  ou  reputação do senhor  prefeito... Durma-se com uma canalhice dessa!!!


CLEPTOCRACIA EM VERTIGEM: - Já pensou,  a Vaca Terrorista da Dilma, uma destrambelhada que sofreu um justo (mas demorado) impeachment em 2016,  discursando na sede da  Academia de Artes e Ciências Cinematográficas recebendo uma estatueta do Oscar daquele lixo ideológico que a putada petralha chama de documentário... Seria a PIADA  DO ANO. (E o Maduro prestigiando e aplaudindo, em Los Angels, Dilma saudando à mandioca, hein?!?!?!).  A putada petralha não se cansa de passar vergonha. Agora a nível internacional. Psicopatia severa em último grau. A jega da Dilma  ainda não se deu  conta  que está se oferecendo para ir  à cerimônia do Oscar como MARIONETE de um enredo maquinado por Lula.  Agora, todos hão de convir que, esses bandidos “incarnados” se alimentam da enganação subversiva que produzem. Até porque, se a  estupidez humana não tem limites, imaginem a estupidez petralha...


PARANATAMA: - Debandada geral nas hostes do prefeito Valmir do Leite(PSB). Uma  tuia de servidores comissionados em cargos de confiança, na prefeitura de Paranatama, pediram demissão de seus cargos e debandaram-se de mala e cuia para o outro lado.    Politico e eleitoralmente transformou-se numa  atitude que gerou bastante especulações e desgastes na base governista. Tudo indica que esses rebeldes funcionários vão cair nos braços do ex-prefeito Teixeira para que seja  comandada uma frente forte em vista de Valmir do Leite não obter êxito em sua reeleição. Foi uma perda eleitoral incomensurável  para o atual prefeito. Em termos de voto, um baque de lascar!!! 


VAI TRABALHAR, VAGABUNDO!!! – Nessas últimas semanas os jornais deram uma esplendorosa notícia ao afirmarem em manchetes com letras garrafais que, EM DOIS ANOS, ARRECADAÇÃO DOS SINDICATOS DESPENCA 96%. Ou seja, a arrecadação dos sindicatos despencou no Brasil em 2019. As entidades já haviam sentido o baque após a reforma trabalhista acabar com a obrigatoriedade do imposto sindical, ainda em 2017. Dados da Secretaria do Trabalho, ligada ao Ministério da Economia, mostram que, de 2017 para 2019, a arrecadação dos  17 mil  sindicatos caiu 96%, passando de R$ 2 BILHÕES para R$ 88 milhões. Quem sabe dessa vez o Chico Buarque  tenha uma boa inspiração para compor uma música a respeito do assunto. Afinal de contas, agora, a pelegada vai ter que trabalhar, dar duro e arranjar serviço pra comprar a mortadela nossa de cada dia...  


CAPOEIRAS: - Leio no excelente informativo de Raimundo Lourenço(na Coluna Semanal: Merece Registro) que se destaca como o melhor Blog da cidade do queijo, onde  Zezinho Burrego completou 95 anos. Ele é  ex-prefeito de Capoeiras por três mandatos e também ex-vereador do município  de São Bento do Una, José Soares de Almeida Filho (Zezinho Burrego) aniversariou nessa terça-feira, 14/01/2020, ao completar 95 anos. Zezinho Burrego e Valtaso(que se encantou há pouco tempo) são personagens marcantes da vida política daquele tradicional município que eu tive a honra de trabalhar lá, durante 3 anos e que hoje é administrado pela simpática Neide Reino(PSB), filha, também,  de um grande prefeito que foi Manoel Reino.


CADA ENXADADA UMA MINHOCA: - Pra variar, os petralhas continuam roubando. Esta semana descobriram mais uma falcatrua do PT: o roubo é de apenas um bilhão de reais e o escândalo chama-se: Torre Pituba da Bahia tendo como comedor de toco o Galego do Lula, Ou seja: o senador do PT Jaques Pituba  Wagner que é um PhD em corrupção...  E MAIS: delatores da Torre Pituba disseram ao MPF que entregas de propina da Mendes Pinto Engenharia destinadas a João Vaccari Neto, ex-tesoureiro  do PT, foram feitas na sede do partido em São Paulo. Segundo o empresário Alexandre Suarez, o valor pago em dinheiro vivo na sede do partido na capital paulista chegou a 2 milhões de reais. Para se chegar à sede do PT, esse dinheiro sujo ou pixuleco era transportado em avião alugado. É muita grana surrupiada por essa gangue denominada PT. Esses canhotos “incarnados” deveriam apanhar de taco de beisebol de bunda limpa no meio da rua ou então serem apedrejados em praça pública como as mulheres do Irã!!!


BALA PRA TUDO QUANTO É LADO: -  Os candidatos a vereadores do Recife que se cuidem e tomem as devidas proteções, do contrário ficarão  assombrados pelos pipocos dos trovões e da claridade dos raios que os parta que estão por vir com o fantasma do voto do mais novo candidato a vereador da capital. Pois bem, a dobradinha de deputados Eriberto Medeiros(estadual) Presidente da Assembleia  e Eduardo da Fonte(federal) dono do PP, os dois,  vão arriscar todas as suas fichas na candidatura do ex-atleta Carlinhos Bala. O ex-futebolista  é o único jogador da história a pertencer aos   3 maiores Clubes de Pernambuco que são,  Sport, Santa Cruz e Náutico e ser artilheiro por todos eles. A sua plataforma de trabalho na Câmara do Recife  já está delineada: “Quero proporcionar mais oportunidades para os jovens, combater o desemprego e ampliar meu projeto social na comunidade de San Martin, para que ele possa crescer e atender a todo Recife, levando o esporte como um importante aliado na saúde, educação, ocupando os jovens e trabalhando a questão social e psicológica dessas crianças e adolescentes”. Enfatizou o ex-goleador que agora com um microfone na mão vai jogar  palavras pra tudo quanto é lado!!!


PUTEIRO DO PÓ: - Deu nos jornalões do país que, o  TST vai torrar mais de R$ 180 mil em café. Isso sem falar no adoçante, no leitinho desnatado,   nos biscoitos amanteigados e na bolachinha sete capas... Quer dizer, o Tribunal Superior do Trabalho(que não tem utilidade pra porra  alguma!!!) abriu licitação para comprar cerca de 14 toneladas de café em pó torrado e moído(isso mesmo, 14 toneladas!!!). Sei não, mas dá margem a desconfiança que deve rolar um tráfico desse pó preto inimaginável  em  nossos tribunais superiores. Quem sabe, dessa vez, o nosso judiciário vire torrefação... Olhe a gastrite aí, senhores ministros!!!


VEREADOR MAIS VOTADO: - Em todos os lugares do país  e Garanhuns não poderia ser diferente, as redes sociais, numa progressão impressionante e por óbvio, claro,  tiveram um papel decisivo no redesenho da política local  e no resgate da agenda moral. Elas estão no centro da virada, afinal de contas, hoje, qualquer cidadão com um celular na mão é um jornalista em potencial, não é à toa que Gênio Ventura conhecido como o  Fiscal do Povo roda a baiana nas chamadas redes sociais. Pelo andar da carruagem, o Fiscal do Povo que é um exímio atirador de elite por pertencer a clubes de tiros em Caruaru, Recife e Maceió, pois com um 38 na mão, ele é arrancador de fundo de garrafa pela boca e cinzas de cigarro do bico do fumador numa distância de até 50 metros. Pois bem, pelo andar da carruagem, Gênio Fiscal tem tudo para estourar nas urnas na eleição que se avizinha e não será surpresa se for o vereador mais votado de toda história de Garanhuns. Pois é: todos os dias ele está  nas manchetes, nas páginas de política e nas discussões das redes sociais. É estrela. Criticado ou apoiado, continua sendo estrela: radiante e em ascensão!!!

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

ALÉM DE DETURPADORA, PETRA COSTA É CORRESPONSÁVEL PELA VERTIGEM DA DEMOCRACIA

SE SAIR A ESTATUETA,  ESSAS VACAS DO PT VÃO TER ORGASMOS MÚLTIPLOS!!!

























Pedro Menezes

Recebemos com alegria a notícia de que Democracia em Vertigem está entre os filmes indicados ao Oscar”, tuitou Gleisi Hoffmann, antes de completar com um desejo para o documentário da diretora Petra Costa: “Que venha a estatueta!”.

É sintomático que a presidente do PT use o verbo no plural, dando a entender que o partido como um todo recebeu a notícia com alegria. “A verdade vencerá”, tuitou Lula pouco depois. Em seguida, o site do Partido dos Trabalhadores publicou, com ares de nota oficial, elogios da sua bancada parlamentar ao documentário.

Democracia em Vertigem, para quem não se lembra, é um documentário que tem como grande trunfo o ACESSO EXCLUSIVO a Lula e Dilma nos momentos-chave do impeachment. Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial de Lula há décadas, permitiu o uso do seu acervo por Petra. Tamanho privilégio seria concedido a um documentarista “não-companheiro”? Duvido.

Naqueles momentos divisivos, é improvável que a direção do partido permitisse a aproximação de um cineasta aberto ao pensamento crítico. De antemão, já se sabia que Lula chamaria o resultado final de “a verdade”. Assim, fica fácil entender porque a presidente do PT usou o plural: o documentário é indissociável do partido que Gleisi preside.

A associação com o petismo não é suficiente para entender o documentário, mas é importante. Em termos práticos, É UM DOCUMENTÁRIO DO PT, CUJA REALIZAÇÃO DEPENDEU DA APROVAÇÃO PRÉVIA DO CONTEÚDO PELO PARTIDO. Não se trata de um detalhe irrelevante. Escrevi uma crítica ao documentário na Gazeta do Povo, logo quando o filme saiu. Mantenho a opinião de então: DEMOCRACIA EM VERTIGEM É INÚTIL ENQUANTO FONTE DE INFORMAÇÃO. O documentário transmite ao leitor as imagens dos protestos a favor e contra Dilma sem contextualizar o número de manifestantes em cada um. Todos os retratados em protestos são imbecis e autoritários.

OS GRAVES ERROS DO DOCUMENTÁRIO DE PETRA COSTA

O documentário de Petra Costa dispensa comentários sobre a crise econômica brasileira, assunto restrito a duas frases aos 30 minutos de documentário. Petra Costa afirma que a crise começou em 2015, mas a recessão começou em 2014 e a desaceleração do crescimento vem desde 2010. Essa é uma das causas de junho de 2013, mas o espectador termina o filme sem saber disso. NÃO HÁ QUALQUER REFERÊNCIA À MASSIVA APROVAÇÃO POPULAR DO PROCESSO DE IMPEACHMENT, verificada por diversos institutos.

Se fossem erros aleatórios, beneficiando grupos políticos diversos, já seriam imperdoáveis. Não dá para avaliar o que ocorreu no Brasil sem informações básicas. O problema se agrava consideravelmente quando notamos que todos os erros coincidem por absolverem um grupo político.

O objetivo do documentário de Petra Costa não é gerar reflexões, MAS PROMOVER O AVANÇO DE UMA TRIBO. E é por isso que a concessão de imagens exclusivas do PT é relevante para avaliar o documentário: trata-se da evidência operacional da submissão da autora ao partido, que se soma a outras para formar o quadro completo.
Isto posto, cabe perguntar POR QUE A NETFLIX EMBARCOU NA PROPAGANDA DE UM PARTIDO BRASILEIRO. Ao menos em parte, parece provável que a empresa não esperava o que ocorreu. Petra Costa já era uma documentarista renomada em seu meio e não tinha histórico de filmes político-partidários.

NÃO É POSSÍVEL ABSOLVER O PT

Por outro lado, o argumento do filme se encaixa num debate importante sobre a erosão das democracias por dentro. Em sintonia com o que ocorre no mundo, o assunto central permitia a comercialização internacional do documentário. E este é o principal problema da obra.

Ninguém duvida que a democracia vem perdendo feio em diversos países, da Venezuela à Hungria. No Brasil, assistimos a uma deterioração institucional nos últimos anos. Mas será que é possível gerar reflexões absolvendo o PT?

Se o leitor é conservador ou liberal, deve concordar que O PETISMO FOI CRUCIAL NA DETERIORAÇÃO DA NOSSA DEMOCRACIA. Se você está à esquerda do espectro político e não tolera o bolsonarismo, deveria compreender que BOLSONARO FOI VIABILIZADO PELOS 14 ANOS DE GOVERNO PETISTA. O PT é o culpado que, através de um documentário, tenta se colocar no papel de juiz.

Enquanto diz que o documentário de Petra representa “a verdade”, Lula também afirma que o PT não precisa fazer qualquer autocrítica. Documentos internos do partido defendem que o grande erro dos seus governos foi indicar não-alinhados para o STF. Logo depois de comemorar a indicação documentário ao Oscar, Gleisi Hoffman publicou um tuíte a favor da ditadura venezuelana.

Ao passar pano para seu partido predileto, a documentarista Petra Costa não contribui para a contenção de danos na nossa democracia. Pelo contrário, ELA INTEGRA O GRUPO DE RESPONSÁVEIS PELA VERTIGEM VIGENTE. Enquanto o PT negar seus erros, nossas instituições continuarão dando pinta de que podem cair a qualquer momento.

COM DUAS VITÓRIAS JUDICIAIS CONTRA LULA, EMPRESÁRIO NÃO PERDOA E SOLTA NOVA FAIXA


O empresário Luciano Hang gostou da brincadeira. Não se cansa de soltar faixas sobrevoando as praias catarinenses, com verdades sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem incomodado bastante o ex-detento. A mais recente esboça a seguinte mensagem: “LULA SEM PRAIA E SEM O SÍTIO DE ATIBAIA.” A reação popular é sempre de apoio maciço. Lula, por sua vez, tenta desesperadamente proibir que o empresário prossiga com a iniciativa, mas não tem logrado êxito. O meliante petista já coleciona duas derrotas judiciais. A primeira na Comarca de Navegantes (SC), onde o juiz de direito Fernando Machado Barboni, da 2ª Vara Cível da Comarca de Navegantes (SC), indeferiu a liminar pleiteada. A defesa de Lula recorreu ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) para tentar proteger a "HONRA" do ex-presidente. Tudo em vão. O desembargador Zanini Fornerolli negou o agravo de instrumento apresentado, alegando que as faixas têm conteúdo “IRÔNICO”, que Lula está sujeito a críticas por ser figura pública. - Fonte: Jornal da Cidade. - 

OSCAR EM VERTIGEM: PT EUFÓRICO COM INDICAÇÃO


CLEPTOCRACIA EM VERTIGEM: A CORRUPÇÃO QUE COMPRA DOCUMENTÁRIO E OSCAR...



Sérgio Alves de Oliveira -

A cineasta Petra Costa, Diretora do filme “Democracia em Vertigem”, um documentário original da Netflix, foi extremamente infeliz com o título escolhido para a sua obra. Mas na verdade a “democracia em vertigem” não seria exatamente o período pós-2014, a partir do impeachment de Dilma Rousseff, como o filme pretende “enganar”, porém ANTES, de 1985 a 2014, a partir do Governo Sarney, mais fortemente na etapa governada pelo PT (2003 a 2014), porém o próprio filme, que no fundo “inverte” os tempos, tentando fazer do PIOR período da fragilizada democracia brasileira, o MELHOR.

Dar a entender que no período governado pelo PT, de 2003 a 2014, teria havido uma “melhor” democracia do que ANTES ou DEPOIS, é corromper a verdade. Não é possível confundir a “democracia” e a “liberdade” política existentes exclusivamente dentro dos Três Poderes - que no período petista funcionaram na plena “harmonia” da troca de favores, do “toma lá-dá-cá” sem limites - com a verdadeira democracia que tem por fim último o bem comum do povo.

Nesse período de trevas da democracia, da democracia deturpada, degenerada, que teria sido o melhor, na visão do filme, ela foi usada exclusivamente como um FIM para os políticos e todas as demais autoridades públicas, usando para isso o povo meramente como MEIO. O filme inverte os fins e os meios.  Nessa ótica, evidentemente corrompida, os anos compreendidos entre 2003 a 2014, teriam sido o “melhor período da democracia”.

Mas não foi o melhor, e sim o pior período da democracia. Pior até mesmo que no Regime Militar, que durou de 1964 até 1984, onde as limitações da democracia e das liberdades atingiram tão somente os agitadores e subversivos de esquerda, e mais fortemente ainda a criminalidade comum, à   vista das leis penais, e que efetivamente perderam a “democracia” e as “liberdades” para o crime, como passaram a ser toleradas mais tarde.
Nesse “nefasto” período (64 a 84), segundo a deturpada visão da esquerda, e do próprio filme, que “coincidem”, a democracia e as liberdades civis eram muito intensas do que o “paraíso democrático” desenhado no documentário da Netflix.

Na visão corrompida do filme, a democracia brasileira verdadeira teria começado com a eleição de Lula da Silva, em 2003, entrando em colapso, em estado de “vertigem”, após o impedimento de Dilma, em 2014, quando o então vice-Presidente, Michel Temer, tomou o seu lugar.

A visão esquerdista do documentário é manifesta.  Do início do filme até mais ou menos 2/3 do seu tempo de exibição, ele tenta manter um certo distanciamento de favorecer um lado, ou outro, inclusive dando algumas “alfinetadas” nos governos do PT, mas sem jamais esconder alguma preferência pela esquerda.

Mas no “terço” final do documentário, a cineasta Petra Costa “desmunheca” pró-PT. As filmagens reais “in loco” da despedida de Lula lá no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, para ser conduzido à prisão em Curitiba, foi na verdade uma obra de arte na escolha e manipulação das imagens. E se existisse essa modalidade de competição cinematográfica para fins de “Oscar”, o filme realmente mereceria ser premiado. As filmagens reais das pessoas, principalmente mulheres, chorando, ”churumingando”, gritando, tristes, e até entrando em desespero, pela prisão do “deus” Lula, numa dramaticidade jamais vista, podem explicar muito bem as razões que deram origem à concepção de que Lula teria sido na verdade um grande “encantador de burros”.

Ora, é evidente que tanto para a produção do documentário “Democracia em Vertigem”, quanto a sua praticamente certa premiação ao “Oscar” de “melhor documentário”, nos próximos dias, custaram muito dinheiro, alguns milhões de dólares, para quem “investiu” e“ encomendou” essa produção e “premiação”. Mas essa quantia seria absolutamente insignificante, uns meros “trocadinhos”, para os grandes interesses da esquerda, principalmente de retorno ao poder total, em 2022, que certamente estaria “investindo”   somente uma pequena parcela retirada da “poupança” que conseguiu acumular com os 10 trilhões de reais, superior ao valor do PIB brasileiro, que roubou do erário, durante o tempo em que governou.

Fora eu o detentor do direito de premiar o filme com algum “Oscar”, com certeza eu concederia essa “estatueta” pela filmagem real que fizeram do impeachment de Dilma Rousseff, em 2014, no Congresso Nacional. Mas seria o OSCAR da “loucura”, uma nova modalidade. O Congresso mais parecia um “manicômio”, um “hospício”, tomado por “loucos” (furiosos) de toda espécie, com mandatos eletivos, cada qual gritando e querendo “aparecer” mais que o outro. Mas infelizmente esses são os “representantes do povo”.

Mas o filme ainda mereceria outro “Oscar”. Seria o Oscar da “cretinice”, se houvesse. E não poderia ficar por menos, em razão dos dois cartazes isolados, apresentados separadamente, no final do     documentário. Um é que o “bandido” que julgou e condenou Lula, ou seja, o Juiz Federal Sérgio Moro, chegou a assumir o cargo de Ministro da Justiça e Segurança Pública no Governo Bolsonaro. O outro é que a “vítima” e “mocinho”, o corrupto Lula da Silva, continuava, ”absurdamente”, preso. O que nesses cartazes se insinua com certeza é que o juiz Sérgio Moro deveria estar preso, e Lula ser o Presidente da República. É muita cara de pau, para meu gosto!!!


terça-feira, 14 de janeiro de 2020

DILMA VAI AO OSCAR COMO A PIOR ATRIZ COADJUVANTE DA HISTÓRIA...

SENADORES LIVRARAM DILMA DO COICE DA INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÕES PÚBLICAS. JÁ OS MINEIROS DERAM VÁRIOS COICES EM DILMA, QUANDO A INCOMPETENTE TENTOU O SENADO POR MINAS!!!

Josias de Souza

No fundo, deve doer na alma de Dilma Rousseff a constatação de que fez o papel de uma rainha inepta, num enredo confuso, em que o protagonista foi Lula e cujo epílogo foi Jair Bolsonaro. Nesse contexto, é natural seu entusiasmo com a indicação do documentário companheiro ‘Democracia em Vertigem’ para o Oscar. Madame enxergou na novidade mais uma chance de se reposicionar em cena.

“A história do Golpe de 2016, que me tirou da Presidência por meio de um impeachment fraudulento, ganha o mundo…”, escreveu Dilma em nota. “O filme é corajoso, por mostrar o jogo sujo que resultou no meu afastamento do poder…”

Um documentário, como o nome indica, deveria retratar com fidelidade documental um pedaço da história. Num filme como o da cineasta Petra Costa, por engajado, certos fatos e documentos não se confundem com fatos e documentos certos. Quando a verdade tem lado acaba virando meia verdade. E o perigo da meia verdade é a pessoa contar exatamente a metade que é mentira.

No dia em que o Senado levou sua cabeça à bandeja, Dilma fez da tribuna uma autodefesa cenográfica. Sabendo-se deposta, teve a pretensão de falar para a história, não para os 81 senadores. Ensaiou suas melhores poses para as lentes de Petra. Sabia de antemão que o último capítulo de sua Presidência estava sendo filmado. Subiu ao palco sob a direção do caos —ou de Lula, que muitos acreditavam ser a mesma coisa.

Quando começa o caos?, perguntavam-se os brasileiros em crises passadas. O que é o caos? Onde fica o caos? Dilma matou, finalmente, a curiosidade coletiva. Seu governo apresentou a nação ao caos. De gestora impecável, Dilma virou uma espécie sui generis de totem. Um totem revestido com papel de moscas, que trazia grudados todos os indicadores de uma administração ruinosa.

Entre 2013 e 2016, a economia brasileira encolheu 6,8%. O desemprego saltou de 6,4% para 11,2%. Foram ao olho da rua algo como 12 milhões de patrícios. A Lava Jato demonstrara que o único empreendimento que prosperava no Brasil era a corrupção. A força-tarefa de Curitiba já havia produzido àquela altura 106 sentenças condenatórias. Juntas, somavam 1.148 anos, 11 meses e 11 dias de cadeia. Em Brasília, encontravam-se sob investigação no Supremo 364 pessoas e empresas.

Diante desse cenário, com a ruína a pino, as causas invocadas para cassar Dilma —o uso de recursos de bancos públicos para pedalar despesas que eram de responsabilidade do Tesouro e a abertura de créditos orçamentários sem a autorização do Congresso— eram pretextos formalmente válidos para condenar uma administradora precária pelo conjunto de sua obra.

Guiando-se por um script que trazia as digitais de Lula, Dilma falava às câmeras de ‘Democracia em Vertigem’ sobre uma crise que foi sempre culpa dos outros. Em timbre emocional, recordava seus tempos de prisioneira da ditadura. Lembrava da luta contra o câncer. E repetia o lero-lero segundo o qual jamais imaginara que teria de pegar em lanças contra outro “golpe”. Dizia isso em pleno Legislativo, num julgamento comandado por Ricardo Lewandowski, então chefe do Judiciário.

No papel de ‘inocenta inútil’, Dilma evocava os 54 milhões de votos que recebera em 2014 para defender seu retorno à poltrona de presidente. Não para governar, mas para convocar um plebiscito capaz de livrar o país dela própria e de Michel Temer simultaneamente. Cética, a plateia se divertia com as palavras de Dilma como quem brincava de roleta russa, na certeza de que a sinceridade que a oradora manipulava estava completamente descarregada.

Em poucas horas, Dilma iria embora. Levaria com ela as lentes de Petra Costa. Mas deixaria a crise, que continua fervilhando até hoje, como uma telenovela sem fim. A mesma Dilma que agora aproveita a cerimônia do Oscar para reencenar como comédia o drama do pseudogolpe negociou em 2016, por baixo dos panos, um acordo que não aparece no hipotético documentário.

Em 22 de agosto de 2016, longe dos refletores, Ricardo Lewandowski abriu uma fenda na sua agenda no Supremo para encaixar uma visita. Recebeu em seu gabinete a senadora Kátia Abreu, à época no PMDB. Autorizada pela amiga Dilma, a quem servira como ministra, Kátia foi conversar sobre a sessão de julgamento do impeachment, que ocorreria dali a nove dias, em 31 de agosto.

Kátia informou a Lewandowski que os aliados de Dilma apresentariam um requerimento inusitado aos 45 minutos do segundo tempo do julgamento do impeachment. Desejava-se votar separadamente a deposição de Dilma e a punição que poderia bani-la da vida pública por oito anos. Confirmando-se a deposição, os aliados de Dilma tinham a esperança de livrá-la do castigo adicional.

A senadora foi à presença de Lewandowski acompanhada de João Costa Ribeiro Filho, um personagem cujo anonimato não fazia jus ao protagonismo que desempenhou no enredo que produziu mais uma jabuticaba brasileira: o impeachment de coalizão, no qual o PMDB, partido do “golpista” Michel Temer, juntou-se ao PT para suavizar a punição imposta à “golpeada” Dilma, preservando-lhe o direito de ocupar funções públicas mesmo depois de deposta.

Partira de João Costa —um advogado mineiro que cresceu em Brasília e entrou para a política no Tocantins— a ideia de fatiar o julgamento do impeachment. Por ironia, o autor da tese que atenuou o suplício de Dilma já pertenceu aos quadros do tucanato. Em 2010, filiado ao PSDB, tornara-se suplente do senador Vicentinho Alves (PR-TO). Em 2011, trocara o ninho pelo PPL, Partido da Pátria Livre. Chegara a assumir a poltrona de senador por alguns meses, entre outubro de 2012 e janeiro de 2013.

Até ser apresentado à tese de João Costa, Lewandowski não cogitava realizar senão uma votação no julgamento do impeachment. Assim pedia o parágrafo único do artigo 52 da Constituição: “Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.”

Quatro dias antes da visita a Lewandowski, Kátia estivera com Dilma, no Palácio da Alvorada. Levara João Costa a tiracolo. Imaginara que a amiga reagiria mal à prosa. Falar sobre dosimetria de pena àquela altura significava admitir que a condenação era mesmo inevitável. Mas Dilma recebeu muito bem a ideia. Autorizou a articulação.

Por sugestão da senadora, organizou-se uma reunião com José Eduardo Cardozo, o advogado petista de Dilma. Que também reagiu com naturalidade. Informado da articulação pela própria Dilma, Lula comentaria mais tarde, em privado, que enxergara sensatez na estratégia de cuidar também da pena que poderia ser imposta a Dilma.

Kátia Abreu cuidou de comunicar os planos ao então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Apresentado ao roteiro, Renan entusiasmou-se. Disse que considerava “certíssimo” livrar a ex-aliada da proibição de ocupar cargos públicos por oito anos.

Na sessão de julgamento, afora os encaminhamentos de praxe —dois senadores a favor e outros dois contra— Renan Calheiros discursou, ele próprio, em defesa do abrandamento da punição de Dilma. “No Nordeste, costumamos dizer uma coisa: ‘Além da queda, coice’. Não podemos deixar de julgar, mas não podemos ser maus, desumanos.”

Foi nesse diapasão que os senadores livraram Dilma do coice da inabilitação para o exercício de funções públicas depois de tê-la derrubado da Presidência da República. Graças à generosidade dos hipotéticos golpistas, Dilma pôde candidatar-se ao Senado. O eleitorado de Minas recusou-se a conceder-lhe um mandato de senadora, devolvendo-a à condição de cuidadora de netos.

Numa das cenas do seu filme, Petra Costa exibe trecho do último discurso de Lula antes de ser preso. Ele declara a certa altura: “Os poderosos podem matar uma, duas, ou cem rosas, mas jamais conseguirão deter a chegada da primavera”. A divindade petista imaginava àquela altura que plantaria mais um poste no Planalto: Fernando Haddad. Deu no que está dando.

Embora não soubesse, Lula e suas perversões haviam se transformado nos principais cabos eleitorais de Jair Bolsonaro. É contra esse pano de fundo que Dilma celebra o sucesso do documentário de Petra Costa.

“A verdade não está enterrada”, escreveu a madame em sua nota, sem se dar conta de que vai à cerimônia do Oscar como MARIONETE de um enredo maquinado por Lula. Não importa o resultado da disputa de melhor documentário de 2020. Dilma já assegurou o título de pior atriz coadjuvante da história.

SABUJICE EM HOLLYWOOD: LIXO IDEOLÓGICO DA ESQUERDALHA CONCORRE A UMA ESTATUETA DO OSCAR



Paulo Polzonoff Jr.

Não vamos dourar a pílula: a indicação de Democracia em Vertigem, de Petra Costa, ao Oscar de Melhor Documentário é, sim, importante. Não à toa, a turma que jura de pés juntos que todo o processo de impeachment não passou de um golpe contra a democracia, personificada em Lula e Dilma, está exultante nas redes sociais e só não solta rojão para não assustar os cachorros. A verdade é que, com a indicação da peça de propaganda política disfarçada de documentário, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood ajuda a consolidar uma narrativa sobre aquele momento histórico: a narrativa petista.

“Ah, mas Oscar não significa nada”, contra-argumentarão alguns. De fato, a premiação, se um dia foi importante, perdeu a relevância depois que passou a premiar sistematicamente os filmes e os profissionais da indústria cinematográfica por seu conteúdo político e ativismo, e não por suas virtudes estéticas e talento, como seria de se esperar. Mas perdeu a relevância para uma minoria esclarecida.

Para milhões que ficam acordados até tarde ouvindo emocionados discursos políticos e entrevistas, e criticando o vestido de uma e o smoking de outro, o Oscar é uma chancela, um carimbo de aprovação com o qual cineastas do mundo inteiro sonham. Ainda que a estatueta dourada do Oscar possa ser vista com desconfiança pelo público esclarecido, o prêmio representa no mínimo um reconhecimento, ou melhor, o maior reconhecimento possível na indústria do cinema. Afinal, querendo ou não o Oscar é uma instituição de mais de 90 anos de tradição. E, embora torça o nariz para instituições e tradições quando lhe convém, a esquerda cultural que produz filmes como o Democracia em Vertigem também adora um selo que ateste que ela está com a razão e do lado “certo” ou “vencedor” da história.

Além disso, a irrelevância do Oscar é uma semiverdade. Tanto é assim que hoje, quando foram anunciados os indicados à premiação do próximo dia 9 de fevereiro de 2020, todo mundo está comentando. Que absurdo Coringa ter recebido 11 indicações! Martin Scorsese merece ganhar como Melhor Diretor. E O Farol, não foi indicado a nada? Não acredito que não tem Meryl Streep na lista deste ano. E assim por diante.

O Oscar, com toda a sua ostentação woke e aquela vulgaridade rococó que por algum motivo chamam de glamour, de alguma forma ainda parece refletir nossas afinidades e repulsas estéticas e, hoje mais do que nunca, políticas. É como se quem acompanha a premiação sentisse que a Academia, no exato instante do “o Oscar vai para...”, tem uma procuração para exaltar ou denegrir as emoções que sentimos diante dessa ou daquela narrativa. Sem falar na nossa consciência social e em nossas discussões políticas no Facebook.

Daí o outro lado da moeda, isto é, a revolta daqueles que veem a indicação de Democracia em Vertigem como uma afronta à verdade histórica do Brasil contemporâneo. Sabemos que não houve golpe, que a democracia não corre o perigo de ser jogada de um precipício, como quis fazer parecer Petra Costa, inclusive alterando digitalmente imagens para retratar a guerrilha urbana de esquerda como um bando de bons moços que lutavam contra a ditatura munidos apenas de uma fita-cassete tocando Imagine sem parar. E essa verdade histórica, por mais que um documentário premiado com o Oscar diga o contrário, não há de mudar por conta disso.

E aqui, com alguma relutância, minto, com muita relutância, evoco o dito de Ben Shapiro que virou quase um lugar-comum: “Os fatos não estão nem aí para seus sentimentos”. Isto é, a alienada elite hollywoodiana que vive o sonho socialista-progressista do alto das colinas californianas onde construiu seus castelinhos à prova de terremotos (mas não de incêndios florestais) pode sentir que a democracia corre perigo no Brasil à vontade. Isso não muda o fato de, como disse o comediante Ricky Gervais na premiação recente do Globo de Ouro, “vocês [atores, diretores, produtores, roteiristas] não estão em posição de ficar dando lição de moral sobre coisa nenhuma. Vocês não sabem nada sobre o mundo real”.

Deixando de lado um pouco a questão da narrativa em si, vale a pena perguntar por que a esquerda brasileira, derrotada nas urnas e com a imagem arranhadíssima por décadas de corrupção, sem falar na inépcia que gerou a maior crise econômica de todos os tempos no Brasil, precisa tanto da chancela de um bando de ricaços entrincheirados em mansões sobre a Falha de Santo André. A própria Petra Costa responde a isso ao se dizer “extasiada” pelo fato de a Academia ter reconhecido “a urgência” de sua peça de propaganda “numa época em que a extrema direita está se espalhando como uma epidemia”.

Trata-se de uma questão não de cinema, e sim de relações-públicas. De alguma forma ainda bebendo na fonte das teorias da ultrapassada Escola de Frankfurt, e se sentindo esquizofrenicamente culpada por gozar de todos os deliciosos luxos do capitalismo, a esquerda brasileira, representada aqui pela milionária Petra Costa, acredita no poder da indústria cultural, com suas limusines, smokings Armani, vestidos Dior, sapatos Loubotin e diamantes (muitos diamantes!) para ajudá-la a se comunicar com a massa de pobres e oprimidos que jura representar.

E, como para a esquerda vitimista e ressentida essa tal de coerência é coisa de pequeno-burguês, não há nada de mau em jogar no lixo todo um passado de luta contra o imperialismo e colonialismo cultural e aceitar de braços abertos, com direito a lágrimas e agradecimentos ao vovô fundador da empreiteira Andrade Gutierrez, o famigerado Oscar, de preferência entregue por Michael Moore. Tudo em defesa da democracia, claro. - A manchete e as imagens não fazem parte do texto original - 

A INDICAÇÃO DO FILME DA DILMA AO OSCAR, PASMEM, TEVE O DEDO DO “NEGÃO” ATOR COMUNISTA MORGAN FREEMAN E AJUDA DA ATRIZ PORNÔ PETRALHA SONIA BRAGA




Renan Santos

Conforme esperado, o documentário Democracia em Vertigem, de Petra Costa, foi indicado ao Oscar em sua categoria. Digo esperado, posto que a Netflix, detentora de seus direitos, já havia apontado a obra como sua “indicação” à Academia, ciosa do papel politicamente correto que tem cumprido aqui nas plagas do terceiro mundo.

É, ainda assim, um caso insólito: o documentário de Petra não cumpriu sua função “documental” — tampouco artística — no retrato falsificado que construiu da realidade brasileira. A tese que defendeu, baseada num “acordo espúrio” das elites políticas contra um partido que, embora tenha cometido alguns excessos (coisa pouca, é da vida…), fez muito pelo Brasil, é conveniente, apenas, para a historiografia petista.

Seu filme não retrata as maiores manifestações políticas do mundo na última década. Volto a repetir: foram as maiores manifestações políticas no mundo, com milhões de brasileiros — voluntários! — ocupando as ruas de mais de duas centenas de cidades a cada convocação feita nas redes sociais.

Ignora, também, o impacto transformador das redes e a ascensão de novos atores políticos que subverteram não apenas a ordem estabelecida — petista — , mas também o jogo arcaico de poder dos supostos “idealizadores” da queda de Dilma Rousseff: Aécio Neves, Gilmar Mendes e o PMDB.

O documentário de Petra é perverso não apenas pelo aspecto fraudulento desta narrativa, mas também por trabalhar, conscientemente, a ideia fatalista de que o brasileiro é passageiro inerte e passivo no bonde da história.

Na obra, a opinião pública é tratada como vítima da manipulação rasteira de Aécio e seus colegas; Lula e Dilma — verdadeiros “legatários da luta democrática” — são os representantes caídos de um povo que desaprendeu a lutar.

A democracia de Petra, nesse sentido, é muito engraçada. Ela é válida para justificar o processo histórico que transformou o PT em força hegemônica; virtuosa quando se entrelaça com a história de sua família — corrupção da empreiteira à parte!; é atacada quando a lei se faz valer diante de seu grupo político; e embriagada, perplexa — em vertigem — quando expressa na força política vencedora de seus adversários ideológicos.

Não me parece coincidência que outra obra patrocinada pela Netflix, a séria O Mecanismo, sucumba dos mesmos males que o filme de Petra. Na peça de Padilha, é também Aécio e os peemedebistas que lideram o processo de queda da presidente; o povo, outrossim, é gado que não merece sequer uma citação.

Para o diretor, ao menos, há a desculpa de que toda sua obra política — basta ver Tropa de Elite 2 — baseia-se na ideia de que há um “sistema”, um “mecanismo”, que opera independentemente da democracia e se perpetua na base de acordos e esquemas.

Independentemente das razões, tanto O Mecanismo como Democracia em Vertigem advogam a mesma tese. O argumento reafirma a falsificação histórica construída pela academia petista, que pinta o processo de impeachment como golpe e a prisão de Lula como perseguição do judiciário.

É sintomático: tão logo o documentário de Petra foi indicado ao Oscar, o ex-presidente petista surge no twitter parabenizando-a. É seguido por companheiros de partido e linhas auxiliares como o PSOL —mobilizando a militância para comemorar a desforra. Tão espontâneo e natural quanto as manifestações vermelhas que defendiam a soltura de Lula.

A Gazeta do Povo, sob a pena de Paulo Pozonoff
Jr., apresentou excelente análise comparativa entre Democracia em Vertigem e “Não vai ter Golpe!” — documentário representando o lado contrário —, dirigido por Alexandre Santos e Fred Rauhl. O ponto mais significativo de seu artigo resume a diferença central de abordagem, tanto estética quanto política, entre as duas obras:


De um lado, tem-se as imagens límpidas de Petra Costa, com o tom choroso, mas muito profissional, e as imagens grandiosas que analisam o evento histórico com aquele tom professoral de quem enxerga o mundo de cima para baixo.

De outro, temos o cinema com cara de vídeo do YouTube de Alexandre Santos e Fred Rauh, com a câmera sempre agitada e ansiosa, mesmo quando estática, certa sem-cerimônia dos atores políticos, opiniões assertivas e graves dos entrevistados, um quê de humor que seria impensável numa peça de propaganda política e os planos baixos de quem não está dialogando com o espectador do alto de um pedestal.

Paulo é certeiro em seu argumento: a linguagem construída pela cineasta é, em resumo, a perspectiva de uma elite distante da realidade — mas ainda em choque com a perda da hegemonia que considerava natural, como dado da realidade.

É a mesma elite que olha de cima para baixo, perplexa, procurando respostas e validação mútua para a realidade paralela que desvanesce a cada impeachment de Dilma, a cada eleição de Trump.

A elite de Petra, da Netflix, da Academia, julgando-se acima, parece ter medo da própria altura. A vertigem com que encaram a realidade — rebelada contra suas certezas e narrativas — não parece lhes fazer bem.

Aplaudir-se mutuamente, legitimando a própria farsa, não irá encerrar a tontura que lhes aflige; encarar a realidade, ainda que tarde, é a única solução para o mal-estar que não sabem — mesmo que tentem — explicar. - A manchete e as imagens não fazem parte do texto original -