domingo, 19 de abril de 2020

POLITICAGEM VIROU CIÊNCIA

Os elogios comovidos de Fernando Haddad a Henrique Mandetta e os afagos entre João Dória e Lula mostram que a ciência virou só discurso político mesmo


Guilherme Fiuza

Se você acha que os elogios comovidos de Fernando Haddad a Henrique Mandetta têm alguma coisa a ver com enfrentamento de epidemia, você está aprovado como figurante no SHOW DE SIMULAÇÃO E CONFINAMENTO. Você com certeza também viu no súbito enlace de João Dória com Lula uma conjunção de forças democráticas pelo bem da saúde pública. Governador, ex-ministro, ex-presidiário e ex-suplente de presidiário certamente estão juntos nesse enredo para ajudar você.

Todos sabem que o mais importante numa emergência sanitária é ter autoridades falando sobre a tragédia 24 horas por dia, de forma que o público não se distraia com besteira. Foi assim que o país assistiu durante pelo menos um mês ao ex-ministro Mandetta falando um pouco de tudo – das informações gerais sobre o combate ao coronavírus a reflexões, projeções, correção de projeções, expectativas, desabafos, teorizações sobre o enclave entre o SUS e a democracia, digressões sobre a importância do diálogo com os traficantes de drogas e exaltações à ciência.

Nessa parte da elegia científica faltou só um detalhe que, por coincidência, foi abordado pelo seu substituto, Nelson Teich, logo na primeira entrevista: a paralisação da sociedade armou uma bomba mortífera na saúde da população.

O novo ministro não usou essas palavras e evitou o tom de alarme, mas foi muito claro ao reportar uma perspectiva que era óbvia, e mesmo assim tinha sumido das preocupações oficiais: a suspensão de exames, tratamentos e diagnósticos de todos os males que não fossem coronavírus vai fazer explodir no curto prazo um quadro geral de doenças agravadas em estágio avançado. Para muita gente será tarde demais. Exames, tratamentos e diagnósticos são recursos científicos. A história vai dizer se a ciência foi atropelada pela retórica.

A devoção científica também estava nos elogios dirigidos ao ex-ministro pelo professor Haddad – membro da quadrilha que revolucionou a ciência da corrupção – e na troca de afagos entre o governador Dória e Lula, PhD em subtração. Todos unidos pelo teorema da paralisia geral, com propósitos que, considerando seus currículos e prontuários, só podem ser humanitários.

Se considerarmos, com certa boa vontade, que ficção científica também não deixa de ser ciência, Dória deu sua contribuição com as equações ornamentais do lockdown de São Paulo. Um homem à frente do seu tempo (2022), o governador esteve entre as primeiras autoridades a anunciar o fechamento geral. Depois recuou um pouco – sobre fábricas, por exemplo – para não parecer que desejava paralisar por paralisar. Mas não deixou de ameaçar na primeira hora os agentes econômicos, constrangendo-os com a advertência de que não era hora de empresário pensar em lucro. Depois ameaçou prender na rua o cidadão que desrespeitasse a quarentena.

Nenhum cientista no mundo ousou estabelecer um modelo matemático relacionando de forma exata percentual de confinamento, progressão da epidemia entre vulneráveis e consequente expansão de demanda por leitos de UTI. Mas as autoridades de São Paulo dizem que têm esse modelo – e que se a quarentena não chegasse aos níveis determinados por elas o sistema hospitalar iria colapsar em exatos 15 dias. Ciência é tudo – e chute é para os fortes.

Há países com isolamento total – a maioria – e há outros com isolamento parcial, focado nos grupos de risco e nas atividades que provocam aglomeração. No balanço entre resultados melhores e piores contra a epidemia nenhuma fórmula de combate está consagrada – é tudo hipótese e tentativa. Mas em alguns lugares o fechamento geral virou dogma.

Se não é ciência e não é religião, só pode ser política.

A AMÉRICA REAGE AO CERCEAMENTO DAS LIBERDADES



Ana Paula Henkel, 

Em evento promovido em 2012 na Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, Bono Vox, ativista e vocalista da banda irlandesa U2, disse: “A América é uma ideia. A Irlanda é um ótimo país, mas não é uma ideia. A Grã-Bretanha é um ótimo país, mas não é uma ideia. É assim que vemos vocês em todo o mundo, como uma das maiores ideias da história da humanidade”.

A América é uma ideia. Parece uma frase simples e o conceito pode parecer vago para quem olha para os Estados Unidos mas não enxerga o que o país representa para a civilização ocidental. Até Bono, um social-democrata (com muita ajuda) que já achou que Lula era um cara bom, entende o que a nação mais próspera do mundo representa. Uma ideia. E uma ideia que é maciçamente fundada em um pilar sagrado para os americanos, A LIBERDADE.

Os fundamentos da República americana vêm diretamente no Iluminismo europeu dos séculos XVII e XVIII. Os pais fundadores dos EUA eram bem versados nos escritos dos filósofos, cujas ideias influenciaram a formação do novo país. John Locke, um inglês do século XVII, em seu Segundo Tratado de Governo, identificou as bases de um governo legítimo, que, para ele, ganha autoridade por meio do consentimento dos governados, e não apenas pelas graças de um monarca. O dever desse governo é proteger os direitos naturais das pessoas. De acordo com Locke, esses direitos são Vida, Liberdade e Propriedade.

Para o filósofo, se o governo falhasse em proteger esses direitos, seus cidadãos teriam o direito de derrubá-lo. E foi justamente essa ideia que influenciou profundamente Thomas Jefferson, um dos pais fundadores, ao elaborar a Declaração de Independência em 1776. A base da teoria de Locke dos direitos naturais se tornou então o pano de fundo da declaração: “Consideramos essas verdades evidentes, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo seu Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais a Vida, a Liberdade e a busca da Felicidade”.

Há 244 anos, os termos da Declaração de Independência formaram então o DNA da nação e ajudaram a escrever uma sólida Constituição, que, com apenas 27 emendas, põe os direitos individuais inalienáveis acima de governantes que, porventura, possam se embebedar de poder.

A pandemia histórica da covid-19 não trouxe apenas mortes, pânico e muita desinformação no meio do árido terreno do desconhecido, trouxe também a sutileza do cerceamento.

Propositado ou não, esse cerceamento de direitos individuais invioláveis é inadmissível pela Constituição. O distanciamento social e as medidas sanitárias já provaram ser bons instrumentos no combate ao vírus, mas estão longe de ser as únicas ou mais eficazes armas em um possível arsenal de guerra que ainda não conhecemos. E por mais que se repita ad nauseam que o distanciamento social é a única medida possível para evitar uma catástrofe, isso não pode significar um confinamento obrigatório com imposições de “LEIS” que não existem.

Em meu primeiro artigo para a Revista Oeste, defendi o debate honesto sem a politização e a fuga nas platitudes fundadas na dicotomia cega do “Fla x Flu” do vírus. Ou é isso, ou é aquilo. Não! É isso e aquilo, e mais aquilo também. Em um mar de incertezas e desencontros de especialistas, médicos e até da própria Organização Mundial da Saúde, é preciso atentar para pontos tão importantes quanto as sequelas físicas causadas pela doença. As ramificações dessa crise vão além de mortes em hospitais e debates acalorados sobre a cloroquina. É preciso olhar a “floresta” e também tentar enxergar além do olho do furacão. Debater os severos impactos econômicos a curto e longo prazos e o cerceamento de direitos individuais não o faz uma pessoa “sem coração” ou anticiência. E discutir isso não é apenas um direito, mas uma obrigação.

Em 2014, pesquisadores da Universidade de Oxford compararam dados de suicídio anteriores a 2007 com os de anos pós-crise financeira de 2008 e encontraram mais de 10 mil “suicídios econômicos”, associados à recessão nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa. Aaron Reeves, autor principal do estudo e pesquisador de pós-doutorado no departamento de sociologia da universidade, atestou em artigo publicado no British Journal of Psychiatry: “Houve aumento substancial de suicídios durante a recessão, consideravelmente mais do que esperávamos com base nas tendências anteriores”.

Desemprego, medo, insegurança e preocupações com dinheiro afetaram a saúde mental de cidadãos em 54 países em 2009.

Foi o que apontou o estudo. Só nos Estados Unidos, a taxa de suicídios, que subia lentamente desde 2000, disparou durante e após a recessão de 2008. As taxas foram significativamente maiores nos Estados que sofreram maiores perdas de emprego.

Ontem, o presidente Donald Trump apresentou um plano nacional de reabertura do país. Enquanto alguns governadores andam extremamente preocupados com um lockdown sem data para terminar, outros tentam empurrar algumas medidas autoritárias que se sobrepõem às liberdades individuais invioláveis e têm recebido enorme resistência da sociedade norte-americana. Nesse ponto, democratas e republicanos se unem para proteger o que todos consideram tão sagrado: a ideia — e a prática — da liberdade, e isso inclui a liberdade de ir e vir, atualmente com sérias e corretas diretrizes, mas também a liberdade econômica.

Em Michigan, por exemplo, depois de a governadora ter obrigado os cidadãos a ficar em casa com ameaça de prisão e multas, manifestantes protestaram.

Eles foram para a frente da sede do governo exigir o fim da ordem de ficar em casa, alegando que as ordens violavam suas liberdades pessoais. Alguns Estados, como Califórnia e Nova Jersey, fecharam sob ordem executiva todos os estabelecimentos considerados “não essenciais” e isso incluiu lojas de armas. Americanos entraram então com uma ação conjunta contra esses estados e um juiz federal ordenou que as lojas de armas fossem reabertas e colocadas na categoria “essenciais”, pois o direito de possuir uma arma para a proteção de sua propriedade também é protegido pela Constituição.

No Mississippi, governantes locais proibiram serviços religiosos comunitários, mesmo que honrassem rigorosamente as diretrizes de distanciamento social. A igreja e seus fiéis processaram o Estado, e agora a Igreja Batista da cidade de Greenville terá permissão para prosseguir com seus serviços de drive-in, com os membros reunidos no estacionamento do templo e o culto transmitido por rádio FM. O Departamento de Justiça local foi categórico: “Os governos estaduais e municipais têm o poder de proteger seus cidadãos da propagação de doenças infecciosas. Não há exceção pandêmica, no entanto, às liberdades fundamentais que a Constituição protege”. Amém.

Que os americanos inspirem os brasileiros. Chega de atrocidades como as cenas vistas nesta semana no Brasil.

Vimos trabalhadores sendo algemados como criminosos, ou pessoas que, respeitando as diretrizes sanitárias e do distanciamento social, apenas corriam na praia serem levadas por policiais como marginais. No funeral dessas (e Deus sabe quantas mais) liberdades individuais que vão sendo guilhotinadas, o show mórbido fica por conta de quem condena aqueles que querem discutir possíveis aberturas na economia ou opções para o relaxamento do lockdown para encontrar soluções que evitem o total colapso econômico de milhões de famílias.

Discutir a possível circulação de forma controlada? “Não!” É fecha tudo e fecha a boca. E essa compaixão baseada apenas no “fique em casa”? Não passa de uma hipócrita sinalização de virtude para quem vive com o Instagram aberto, mas fecha os olhos aos que não podem retocar a realidade com filtros. Para os humanistas do Leblon ou da Vila Madalena, quem se importa com John Locke ou João da Silva?, o bacana é salvar o mundo de casa, bebendo um bom vinho importado diante de uma tábua de queijos e assistindo ao show do U2 na Netflix. Essa é a ideia, Bono tolinho.

sábado, 18 de abril de 2020

ENTENDA O PORQUÊ DO BUNDA SUJA BOLSONARO DEMITIR O PILANTRA MANDETTA PARA VENCER A PANDEMIA




Stephen Kanitz

A briga de bastidores entre Bolsonaro e Mandetta jamais será retratada corretamente, nunca acreditem num livro de história.
Para entenderem essa briga, primeiro alguns fatos.
O Exército Brasileiro se preocupou com saúde desde o seu início, preocupado que era com seus soldados.
Possuía três dos melhores hospitais da época e criou a Escola da Saúde do Exército em 1921, Escola de Aplicação do Serviço de Saúde do Exército (1921)e a Escola de Saúde do Exército (1933).
Em 1904 o Exército se viu envolvido com a Revolta das Vacinas, contra a varíola, quando a população se revoltou contra a vacinação.
Por isso epidemias e vacinas foram sempre assuntos discutidos entre nossos militares, mais do que nossos médicos, haja visto.
Os médicos do Exército são também os que mais entendem de malária, em São Paulo nenhum médico jamais viu essa doença.
Mesmo não sendo médico, Bolsonaro teve uma exposição a medicina bem diferente do Mandetta, um ortopedista que praticamente nunca exerceu.
Em março Trump liga para Bolsonaro perguntando qual era a produção brasileira de hydrochloroquina, e que ele deveria investigar por que parecia ser um “game changer”.
Bolsonaro obviamente consultou os seus médicos do Exército, que ele confia mais e que entendem muito desse remédio.
Bolsonaro fica animado e repassa essa informação ao seu Ministro.
Mandetta simplesmente descartou, “bobagem”, combateu a hipótese a ser testada desde o seu início.
Não sendo médico, Bolsonaro obviamente cedeu.
Mas começa a perceber que há dois tipos de medicina, a do conhecimento do seu exército, e a do político na área da saúde, que começa a ter sonhos mais altos.
Bolsonaro é duramente pressionado também pelo Guedes, que o alerta contra um confinamento exagerado, que poderia parar a economia, quebrar milhares de empresas, e empossar de vez.
Entre salvar 2.000 velhos em situação crítica, e os 40 milhões de desempregados com o confinamento, Bolsonaro não tem mais dúvidas.
Bolsonaro é o único a perceber que o problema não é salvar vidas do coronavirus e sim salvar a vida econômica especialmente dos 12 milhões de desempregados por exemplo.
Que se não acharem emprego não terão mais um ano de vida se morrerem de forme.
O segundo atrito entre Bolsonaro e Mandetta aparece quando surgem as notícias do Prevent Senior, que anima os médicos do Exercito e do próprio Bolsonaro.
Bolsonaro volta a carga, e recebe mais negativas.
“São picaretas”, retruca Mandetta, “não é uma empresa séria”, “são um bando de irresponsáveis”, que o Ministro repetiu deselegantemente numa coletiva.
Mandetta sugeriu intervir na Prevent Senior e impedir o uso desse remédio não comprovado, mas que todo médico famoso infectado implorou tomar.
Foi aí que até eu fiquei preocupado.
Fã que eu era da postura segura do Mandetta até aquele momento.
A Prevent Senior é uma empresa vencedora, case mundial, estudada por administradores hospitalares do mundo inteiro, ensinado na Harvard Business School, que eu confio.
Bolsonaro demorou para ser informado da briga pessoal entre o Mandetta e a Prevent Senior.
Que agora já é conhecida pela maioria da imprensa, calada.
Não somente se sentiu enganado pelo seu Ministro, em detrimento da nação, mas ficou furioso com o despreparo e motivação de seu assessor.
Tornaram a hydrocloroquina uma batalha política, em vez de uma decisão do paciente à beira da morte e seu médico.
E total descaso para aqueles não podem ficar um dia sem trabalho.
Em vez de se unirem diante de uma crise, muitos líderes brasileiros estão querendo aproveitar a pandemia para tomar o poder em 2020.
Quando nesses momentos se espera a cooperação de todos, inclusive dos políticos e da imprensa em oposição.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

O MUTRETEIRO MANDETTA, ALÉM DE INGRATO É CÍNICO E CORRUPTO



Por Cláudio Magnavita

Há uma máxima na medicina de que todo o médico ortopedista é grosso, truculento e bruto. Não é função para pessoas sensíveis e delicadas. Não se trata de nenhum demérito à especialidade, mas um pré-requisito até para um bom ortopedista.

Foi exatamente esta a especialidade que o acadêmico da Gama Filho do Rio, Luiz Henrique Mandetta, escolheu para seguir a sua carreira.

Nos últimos dias ele tem exercido com perfeição o papel TRUCULENTO nas relações que emanavam a sua fonte de poder.

Nunca um brasileiro jogou fora uma oportunidade histórica por puro egocentrismo e a incapacidade de perceber que parte da bajulação que recebia tinha um objetivo único: FERRAR o seu chefe, CONSTRANGER aquele que o ungiu ao cargo mais importante da saúde no Brasil.

Por ter tido dois mandatos de deputado e por ter tido duas campanhas financiadas por patrocinadores, que depois viraram fornecedores do próprio Ministério sem ter licitação, não se pode dizer que Mandetta foi um inocente útil na mão de uma oposição velada, e por parte da mídia que quer implodir a popularidade de Bolsonaro.

O certo é que o ministro foi inábil, partiu para o confronto, acreditando que em plena crise ninguém seria capaz de exonerá-lo. O apoio que recebeu de colegas e até da turma verde-amarela do Palácio se esfacelou por pura deslealdade.

Faltou humildade a Mandetta, faltou perceber que ele não era mais detentor de um mandato, no qual teria imunidade por fazer e desfazer ao bel prazer. 

Ele estava preso a uma cadeia de comando, a uma delegação de poderes, a uma hierarquia que um dia o nomeou e, como falamos antes, o ungiu ao cargo mais alto da saúde do país. E o que ele fez? Passou os últimos dias, destruindo os tênues fios que o ainda o sustentava.

Como um médico, um brasileiro, um pseudo apaixonado pela ciência, joga fora a maior oportunidade de sua vida por simples orgulho? Por vaidade. Ele não poderia ter usado o seu charme para convencer o presidente dos seus pontos de vista? Não poderia usar a sua eloqüência para equilibrar os ritos do poder?

Por que ser irônico? Por que se aliar a inimigos? Será que o cansaço e o esgotamento físico levou um tarimbado homem público a perde o dom do diálogo?

Mandetta cometeu todos os pecados que um ocupante de uma função de confiança não deveria cometer. Desafiou publicamente o chefe. Foi desleal com os colegas que enfrentaram o presidente e avalizaram sua permanência. Foi desleal com o seu currículo, jogando fora o juramento de Hipócrates, pilotando o maior plano de emergência de saúde da história da humanidade.

Ele vai sair do Governo e vai se abrigar em São Paulo ou em Goiás, atrás de uma trincheira nitidamente de oposição. Será julgado pela história não pela sua capacidade de tentar acertar, mas de não ter a humildade e o jogo de cintura para permanecer em uma função que o destino lhe deu e que, por burrice política, deixou escapar pelas mãos.

A história será implacável, mas o carimbo de traidor e sobretudo de ingrato está fixado em seu currículo. Um ministro que durante semanas fritou o seu próprio presidente e que foi incapaz de perceber que estava fazendo o jogo de uma oposição inconformada de ter no Palácio do Planalto um homem disposto a quebrar paradigmas, acabar com privilégios e que, pela primeira vez, deu carta branca e porteira fechada a todos os seus ministros. Infelizmente, no caso do ortopedista Luiz Henrique Mandetta, ele não soube usar. - As imagens e manchete não fazem parte do texto original. -

quinta-feira, 16 de abril de 2020

MANDETTA (CONHECIDO POR MUTRETTA) VIRA CHACOTA NAS REDES SOCIAIS E SE PREPARA PARA DEIXAR O GOVERNO PELA PORTA DOS FUNDOS...



Antes do Coronavírus, Mandetta estava na marca do pênalti. O seu ministério destoava do governo, com uma gestão claudicante e denúncias antigas de envolvimento com ilicitudes, estavam voltando à tona. Luiz Henrique Mandetta, como Secretário de Saúde de Campo Grande (MS), cidade então administrada por seu primo, Nelsinho Trad, atualmente senador, envolveu-se em casos estapafúrdios de fraudes em licitações, improbidade administrativa e corrupção. Entretanto, a crise na saúde, em função da pandemia, deu uma sobrevida ao, até então, quase inoperante ministro. Homem de fala mansa, aveludada, ele começou muito bem, foi bastante elogiado e ganhou popularidade. Porém, HOMEM FRACO E DE PÉSSIMA ÍNDOLE,permitiu que a ganância lhe tomasse por completo e passou a se achar o cara mais importante do país. Um tolo, na realidade. Virou chacota!!! - Fonte: Jornal da Cidade Online. - 



Não vamos colocar uma PICO, vamos deixar o PICO aberto. Depois vamos dobrar  o pico. Diz ministro.




FUNDO PARTIDÁRIO E ELEITORAL



J.R.GUZZO

Não há nada mais enganador do que um fato óbvio, costumava dizer o criador de “Sherlock Holmes”. Está na frente de todo mundo, já foi discutido por todos e ninguém tem mais nenhuma dúvida a respeito do que significa – mas, assim mesmo, nada é feito para evitar aquilo que ele pode trazer de ruim. É o caso dos “fundos” Partidário e Eleitoral, que deputados federais e senadores criaram para transferir dinheiro do Erário público diretamente para os seus bolsos. A desculpa é que esses bilhões de reais são “indispensáveis” para sustentar, nada mais nada menos, que a própria “democracia” no Brasil, pagando as justas despesas que os políticos têm de fazer para exercer a sua atividade constitucional. O fato óbvio, aí, é o seguinte: isso é mentira. O dinheiro é usado em proveito pessoal e direto dos políticos, do jeito que bem entendem. Mas eles conseguem enganar o País inteiro com a trapaça que montaram em plena luz do sol. Estão simplesmente enfiando o dinheiro em suas contas bancárias, com a bênção da justiça, e ninguém diz nada.

Acaba de vir ao conhecimento do público, neste preciso momento, o que parece ser a primeira demonstração objetiva de que os tais fundos são mesmo um assalto, puro e simples, ao contribuinte brasileiro – se bem que já podem ter acontecido outras, que por enquanto estão escondidas. O ex-presidente Lula, conforme consta de uma prestação oficial de contas do PT ao Tribunal Superior Eleitoral, está recebendo desde janeiro de 2020 um salário mensal de R$ 20.400 do “Fundo Partidário”. Segundo diz o papelório legal do partido, Lula foi contratado pelo PT para fazer trabalhos de “consultoria política”, e desde o começo do ano vem recebendo os seus “honorários” da porção do “fundo” que cabe ao partido. Outras figuras do PT, como o também condenado João Vaccari Netto e o réu Gilberto Carvalho, denunciado na Lava Jato, estão recebendo salários da mesma fonte, por volta dos R$ 15 mil mensais.

Por que raios você, que paga impostos a cada vez que acende a luz de casa, tem de gastar o seu dinheiro para encher o bucho de Lula e dos seus parceiros? Por que eles não vão trabalhar para ganhar a vida? O que poderia ter isso a ver com a “defesa da democracia”, como dizem os políticos para justificar a existência dos “fundos”? Tem a ver, unicamente, com o bem estar material deles próprios. O resto é 100% enganação. O mais bonito, na história toda, é que o Congresso Nacional acaba de entrar em transe, horrorizado com as sugestões de que dessem um pouco do dinheiro que está socado nos “fundos” para o combate à covid-19. Negaram-se a dar, em benefício da população, um único centavo do dinheiro que estão usando para sustentar Lula e seus amigos com salários mensais. Um juiz chegou até a determinar que alguma contribuição fosse feita para ajudar a saúde pública, mas sua decisão foi esmagada nos tribunais superiores de Brasília: é proibido, decretaram eles, mexer nesse dinheiro.

Fatos não param de existir só porque não há ninguém falando deles. Nenhum silêncio pode fazer com que os 20.400 reais por mês recebidos por Lula desapareçam no espaço.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

NÃO PERMITA QUE ESSES IMBECIS POSEM DE SALVADORES DA PÁTRIA!!!



João Cesar de Melo

Não venho, mais uma vez, expressar minha revolta em relação à imposição da quarentena. O mal já foi feito. Porém, já iniciaram a segunda fase do projeto de manipulação social: a glorificação dos agentes do pânico e da ruína econômica − “salvaram milhões de vidas!”. NÃO SALVARAM NÃO!!!

Muitas pessoas já estão acordando da hipnose. Logo, precisarão entender plenamente o que foi feito contra elas.

Contando com a ajuda de uma médica que atua na linha de frente do combate ao Covid-19 num importante Estado, venho explicar de forma bem objetiva a razão pela qual o isolamento horizontal foi uma péssima ideia.

Vamos lá! (links no final do texto)

Como qualquer novo vírus, o Covid-19 precisa circular pela sociedade para que se crie o que a medicina chama de imunidade de rebanho, que significa indivíduos saudáveis vencendo de forma assintomática o vírus, impedindo sua disseminação. O isolamento horizontal limita isso porque restringe a interação social. O resultado prático é o alargamento do período de atividade do vírus.

Foi por causa disso que a letalidade do Covid-19 aumentou em alguns países, mesmo depois de várias semanas de quarentena. É por isso que as autoridades brasileiras vêm empurrando as previsões do “pico” da epidemia de uma quinzena para outra – o que antes aconteceria no começo de abril, passou para o final deste mês e agora já estão falando que será em maio ou junho.

Outro problema causado pelo isolamento horizontal foi a retirada da responsabilidade dos governos em conter a epidemia no início. Em vez de adotar medidas massivas de detecção de contaminados, para se isolar de forma precisa e eficiente as pessoas, os governos se restringiram a esperar a doença agir de forma violenta nas pessoas. Em vez de promover testes em larga escala, preferiram construir hospitais de campanha, fazer discursos diários, anunciar verbas para isso e aquilo. Ou seja: em vez de salvar pessoas, preferiram fazer política.

Depois de três semanas de quarentena, o governo brasileiro ainda não testou um número significativo de pessoas. Como se fosse pouca displicência, o Ministro da Saúde ainda incentivou que os governos estaduais e municipais criassem medidas próprias de isolamento preventivo, o que resultou num tsunami de irracionalidade e de arbitrariedade. A economia de um país de dimensões continentais foi em sua maior parte paralisada, a despeito dos dados que indicavam que o vírus se concentrava em duas regiões específicas. Outras, sem casos relevantes, foram submetidas a quarentena como se fossem Wuhan, na China, ou a Lombardia, na Itália.

Conclui-se assim que a tese da quarentena não se sustenta. As pessoas continuam morrendo como se nada estivesse sendo feito contra o vírus.

Estudo recente indica que o vírus passou despercebido pela Califórnia (região que recebe enorme número de turistas chineses) no final do ano passado. Por que, então, milhares de pessoas não morreram? Provavelmente, porque o vírus foi vencido pela imunidade de rebanho antes de ganhar letalidade.

Coreia do Sul, Japão e principalmente Taiwan registraram baixos números de vítimas fatais sem implementar o modelo de quarentena adotado na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil. Exemplos que foram seguidos pela Suécia.

Quando a epidemia começou a dar as caras no Brasil, já tínhamos informações suficientes para embasar medidas mais inteligentes do que a quarentena que ainda está em vigor; mas o Ministério da Saúde e os governos estaduais e municipais preferiram reproduzir cegamente os erros que italianos e espanhóis estavam cometendo.

Não deixa de ser irônico o fato de a imprensa brasileira ter dado notoriedade ao Ministro da Saúde de Jair Bolsonaro como forma de atacar… Jair Bolsonaro.

(Não nos esqueçamos de que Luiz Henrique Mandetta é do mesmo partido do Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, um dos principais opositores de Bolsonaro)

O que precisa ser entendido é que o número de mortes muito inferior ao que foi previsto pelos “especialistas” NÃO é resultado da quarentena, nem de qualquer medida tomada pelos governos. O governo brasileiro sempre foi extremamente incompetente, não teria deixado de ser em um mês.

O que houve foi apenas a confirmação das afirmações de alguns cientistas ignorados pela grande imprensa de que o vírus não progrediria tanto no Brasil por causa das características do clima, da demografia e do perfil de saúde pulmonar da população. Não teve milagre de ninguém!

Portanto, não podemos deixar que os agentes do pânico e da ruína econômica posem como nossos salvadores. Eles devem ser punidos, não aplaudidos.

Hoje, eles habilmente transformam enfermos de diversas doenças graves em vítimas tão somente do Covid-19, mas nós não teremos como contabilizar como vítimas da quarentena as pessoas que morrerão de fome, de infarto, de derrame ou por suicídio. Por isso, precisamos ter na ponta da língua o argumento contra a quarentena, que deve ser reconhecida como maior crime social e econômico já cometido contra os brasileiros.




A CLOROQUINA JÁ SALVOU MUITAS VIDAS. E NÃO MATOU NINGUÉM



Augusto Nunes

Todo mundo sabe que a hidroxicloroquina ajudou a recuperar numerosos infectados pelo coronavírus. Entre eles estão dois médicos célebres — o infectologista David Uip e o cardiologista Roberto Kalil —, a mulher do neurocirurgião Marcos Stávale, o general Augusto Heleno e dezenas de pacientes menos conhecidos espalhados por distintos países. Pelo menos até agora, não se sabe de um único infectado que tenha morrido em consequência de efeitos colaterais do uso do medicamento. Como o paciente só toma esse remédio depois de examinados pelo especialista que o atende as possíveis contra-indicações, os riscos são reduzidos a zero. Também se comprovou que a eficácia da cloroquina aumenta quando associada a outras substâncias usadas no início da infecção. Tudo somado, o que esperam os doutores para render-se às evidências de que a hidroxicloroquina pode salvar muitas vidas? 

HÁ DROGA COMPROVADA CONTRA O VÍRUS CHINÊS?!?!?!



De acordo com um estudo feito pela Universidade do Texas, "nenhuma terapia se mostrou efetiva até agora" contra o novo coronavírus. O resultado foi obtido após os pesquisadores analisarem mais de 100 testes clínicos de medicamentos.

O trabalho de verificação, solicitado pela Associação Médica Americana (AMA), apontou para resultados que se dividem entre iniciativas que não deram certo e outras que ainda deixam os cientistas intrigados, mas que necessitam de testes mais aprofundados.

Publicado recentemente no periódico Jama, o trabalho de análise verificou toda a literatura médica envolvendo o novo coronavírus, e publicada até 25 de março. Até este período, 350 testes foram registrados.

Do total, muitos não eram específicos para a doença, alguns deles ainda se referiam a testes de vacinas, não medicamentos, o que invalidava o enfoque das análises neste momento. Além disso, alguns foram feitos exclusivamente com pacientes pediátricos e casos isolados, o que não era o foco principal. Por fim, restaram 109 iniciativas que registravam a intenção de análise dos pesquisadores.

MEDICAMENTOS UTILIZADOS 

Desde o início da pandemia, drogas como o Tamiflu foram consideradas. Fármaco eficiente contra a gripe, o remédio foi usado em janeiro em pacientes infectados, e que não tinham recebido diagnóstico adequado. No entanto, seu uso foi desencorajado, já que não funcionava de forma efetiva.

Em meio às drogas descartadas, o antiviral Remdesivir, criado para combater o ebola, apresentou resultados que dão certa esperança para pesquisadores. Porém, mesmo com alguns dados positivos em relação ao uso da medicação, sua comercialização ainda não foi aprovada na maioria dos países.

Dados obtidos em pesquisas recentes com o antiviral mostram que, de um grupo de 53 pacientes infectados nos EUA, Itália, Japão e Canadá, 36 deles apresentaram alguma melhora após uso do medicamento. No entanto, os próprios autores das pesquisas reconhecem que ainda faltam evidências de sua eficácia.

Mesmo ganhando bastante atenção ultimamente, a hidroxicloroquina também não se mostrou exatamente eficaz como alguns previam. Na França, por exemplo, testes promissores com o remédio mostram um cenário de aplicação em grupos pequenos, e que não contabilizam pacientes que tiveram algum problema com adaptação ao medicamento.

Recentemente, um estudo brasileiro, realizado em Manaus, e que utilizava a cloroquina em um grupo de pacientes, teve de ser interrompido após possíveis problemas na segurança dos envolvidos. Voluntários que receberam doses muito altas do remédio começaram a desenvolver batimentos cardíacos irregulares.

Por fim, o Kaletra, apontado também como um fármaco promissor, não apresentou os resultados esperados. Na China, em um teste com 199 pacientes hospitalizados, não foi possível observar melhoras significativas em seu uso. No entanto, cientistas acreditam que possa haver efeitos perceptíveis ao aplicar o medicamento em casos mais graves – essa hipótese deve ser testada em seguida.

POSSÍVEIS CANDIDATOS

Mesmo com a incerteza envolvendo os fármacos citados, há alguma esperança em medicamentos desenvolvidos por alguns países fora do eixo dos Estados Unidos e Europa.

Como é o caso do Arbidol, aprovado em países como Rússia e China para tratamento de gripes severas. Em um teste recente, o remédio foi responsável por diminuir a taxa de mortalidade em um estudo feito com 67 pacientes chineses.

O mesilato de camostato também é um possível candidato. A droga, que foi criada no Japão, teve seu uso aprovado para pancreatite, porém, se mostrou eficaz no combate à Covid-19 em testes realizados em um tubo de ensaio. Obviamente, não há nenhuma evidência de que o comportamento do medicamento no organismo humano será o mesmo dos realizados em laboratório.

A droga Ribavirina, usada em testes anteriores conta a Sars e Mers - doenças causadas por outro tipo de coronavírus, mas igualmente agressivas – está sendo reconsiderado. No entanto, cientistas alertam para o histórico de efeitos colaterais do fármaco.

Durante os testes contra Sars, mais de 60% dos pacientes desenvolveram anemia hemolítica após receberem grandes dores do medicamento. Em testes similares contra a Mers, uma combinação de Ribavirina com Interferon fez com que 40% dos voluntários precisassem de transfusões de sangue. Via: O Globo. -

EUA: carreata contra a quarentena? Presidente contra governadores?!?!?!




Vilma Gryzinsky

Um país de dimensões continentais, com sistema federativo, um presidente venerado pelos incondicionais e abominado pelos demais, governadores em pé de guerra e cidadãos comuns que querem trabalhar, principalmente nos estados menos afetados pela economia.

Ah, sim, e o debate, obrigatório e urgente, sobre como fazer a retomada de uma economia estonteada pelo vírus maldito virou uma discussão ideológica absurda, irracional, politizada e, principalmente, prejudicial para o país.

As duas partes se acusam de autoritarismo e comportamento ditatorial, quando não de pura e simples insanidade. Ou, alternativamente, de só pensarem em eleição.

Qualquer comparação não é coincidência, guardadas as enormes diferenças.
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No nível regional, o embate acontece principalmente no Michigan, um dos estados gelados da região dos Grandes Lagos, quase grudado no Canadá.

Hoje, vai ter uma carreata marcada pelo Facebook em frente a assembleia estadual. Está sendo chamada de Operação Gridlock, ou engarrafamento, e é promovido pela Coalizão Conservadora de Michigan.

“Todo mundo, todo cidadão, todo comerciante precisa se levantar da cadeira, sair de casa, pegar o carro ou caminhão ou qualquer coisa que seja de acordo com a lei dirigir em estradas pagas pelos contribuintes”, diz o apelo.

Alguns pequenos grupos já estavam se manifestando, pedindo a reabertura do comércio ou apenas invocando o espírito libertário que está na base da formação dos Estados Unidos, tão extremo e arriado que às vezes descamba para a maluquice.

Também não faltam armas, aquelas enormes, já que o porte ostensivo é permitido no Michigan (ou não é proibido por nenhuma lei).

Michigan não é Nova York, com a concentração assustadora de casos, mas está numa situação mais complicada do que a de outros estados distantes e, por enquanto, pouco afetados pela epidemia. Tem 27 mil casos confirmados e quase 1.800 mortes.

A governadora Gretchen Whitmer, do Partido Democrata, decretou uma quarentena pesada. A diferença entre itens essenciais e não-essenciais provocou reações revoltadas.

Alguns produtos “cercados” nas grandes lojas onde o povão de Michigan sempre se abasteceu com hábitos de fartura americana: mudas e sementes (justa no começo da primavera), móveis, carpetes e pisos de vinil, cadeirinhas de bebê. E até bandeiras americanas.

“Sob qual conceito imperioso de governança a governadora Gretchen Whitmer acredita que tem autoridade para proibir unilateralmente centros de jardinagem de vender mudas e sementes de frutas ou legumes”, escreveu David Harsanyi, um dos principais ideólogos da direita trumpista, briguento e agressivo, mas com argumentos que geralmente devem ser levados em conta por quem gosta de conhecer os múltiplos lados dos debates importantes.

Um exemplo: ele não deixou de notar que os antitrumpistas, que acusavam o presidente não ter feito nada e levado o país para o desastre, agora querem proibir que faça qualquer coisa. Principalmente se a coisa envolver qualquer ato referente à reativação da economia.

“Políticos estão agindo como se uma crise sanitária lhes desse direito de comandar as mais íntimas atividades do povo americano de maneiras que são totalmente inconsistentes com o espírito e a letra da Constituição”, escreveu ele na National Review.

Também estão pensando “naquilo”. A popularidade de Gretchen Whitmer subiu para 60% e o nome dela começou a aparecer nas listas de mulheres que podem ser escolhidas por Joe Biden para compor a chapa democrata com ele.

Desvantagens: é branca e tem um nome como Gretchen, sinônimo nos Estados Unidos de tudo que está relacionado com a cultura majoritária. Vantagens: é da ala progressista e fala com autoridade sobre temas explosivos como aborto – ela mesma sofreu um ataque sexual.

Comprar briga com Donald Trump, como outros governadores democratas estão fazendo a respeito da reativação da economia, vai reforçar a posição de Gretchen Whitmer com um eleitorado mais à esquerda.

Normalmente, o que o chefe de governo de Michigan acha ou deixa de achar tem importância zero na política nacional.

Mas a briga está bombando e virou um tema central, no momento. É uma briga, literalmente, pelo poder. Trump tem autoridade para determinar quando, como e quais atividades devem ser retomadas? 

Sim e não. As paralisações foram determinadas em nível estadual – tanto que oito estados continuam sem elas.

Mas reabrir sem coordenação com o governo federal é prejudicial, em termos práticos, e pode ser contestado.

É isso que estão planejando fazer os governadores da Costa Leste, com Andrew Cuomo à frente, e os da Costa Oeste, com o californiano Gavin Newson.

Como sempre, Trump pegou pesado. Referiu-se diretamente ao filme baseado na história do motim no Bounty.

“Digam aos governadores democratas que A Revolta no Bounty é um dos meus filmes favoritos de todos os tempos”, tuitou.

“É empolgante e revigorante assistir de vez em quando um bom e velho motim, principalmente quando os amotinados precisam tanto do capitão. Super fácil.”

Tudo o que os Estados Unidos não precisam agora é de uma briga feia entre governadores e presidente.

Certamente já vimos isso em outro país.

Todos querem a mesma coisa, nem que seja por puro e simples instinto de sobrevivência: dominar a epidemia, o que parece já estar acontecendo, apesar dos números horríveis, e salvar a economia.

Os governadores conhecem as realidades locais e Trump teve a boa ideia de convidar os mais brilhantes nomes para formar um “conselho de abertura”. 

Quem não gostaria de contar com as propostas de Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, Tim Cook, Jamie Dimon, só para ficar nos mais conhecidos?

Não existe no mundo, nem de longe, a concentração de gênios e talentos que tem nos Estados Unidos.

Se não conseguirem trabalhar juntos numa hora dessas, estamos todos ferrados.

E o pessoal de Michigan que quer voltar a trabalhar também tem sua parte. Se a livre manifestação e o confronto de ideias, dentro da lei, ficarem em segundo plano, “para depois”, não voltam nunca.

VARGAS LLOSA: "Com o progresso, acreditamos que a natureza estava dominada".

Em entrevista a El País, o ganhador do Nobel de Literatura passa o confinamento lendo Galdós na sua casa de Madri, e alerta para os efeitos negativos de um retrocesso da globalização e de ter o Governo chinês como modelo:
“Acaba de sair o sol!”, dizia, às cinco da tarde do último sábado, Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de Literatura, com 84 anos recém-completados (em 28 de março). “Assim se levanta um pouco o ânimo.” O autor peruano passa o confinamento em sua casa de Madri, lendo Los Episodios Nacionales, de Benito Pérez Galdós (1843-1920).

Pergunta. Escute isto: “Fiquei sozinho como um cogumelo e tornei a fazer a vida monástica (…). Só continuarei aqui até o fim de mês, felizmente, porque é como viver na Lua (…). Sinto-me menos que um homem, que um animal ou que uma planta, um pedacinho de lixo, umas gotinhas de xixi, às vezes nem sequer isso. Não há um café, nem um cinema, e a ideia de fazer essa longa expedição até os lugares habitados me deprime…”.

Resposta. É a reflexão de um confinado, sem dúvida. De onde saiu isso?

P. É de uma carta que você escreveu ao seu amigo Abelardo Oquendo quando, em 12 de fevereiro de 1966, você estava escrevendo Conversa no Catedral. Como se sente agora?

R. Este confinamento é algo formidável para mim porque tenho um tempo para ler como nunca tive. Geralmente trabalho muito pelas manhãs, mas duas ou três tardes à semana tenho sempre algum encontro, alguma entrevista. Agora não vem ninguém! Posso ler dez horas por dia!

P. E está lendo Galdós.

R. Sim, praticamente já terminei Los Episodios Nacionales. Um trabalho gigantesco, em uma linguagem acessível, divertida. Ele se documentou, mas trabalhou com liberdade. Descreve o caos, as contradições, como são arbitrários alguns dirigentes partidários. E há esse personagem maravilhoso, Mosén Antón, que tem uma raivinha e passa para o lado dos franceses por mau humor. Imagine o que isso significa como caos.

P. Encontra nessa leitura algo que a relacione com a Espanha deste mês, por exemplo?

R. Sem dúvida nenhuma. Tínhamos a impressão de que, com o progresso e a modernidade, tínhamos dominado a natureza. Pois não! Uma grande idiotice. A prova é que isto pegou praticamente todos os países de surpresa. Nenhum estava preparado para um desafio assim. Um chinês come um morcego e isso provoca uma pandemia que aterroriza o mundo. Nenhum país estava preparado para um desafio semelhante. Isto significa como o progresso é relativo, como podemos ter surpresas muito desagradáveis com essa confiança. E uma das lições que será preciso tirar é que temos que estar mais bem preparados para o imprevisível.

P. O aspecto global também fica questionado.

R. Tudo tem um preço, e o preço negativo da globalização é este. Por outro lado, permite aos países pobres derrotarem a pobreza a grande velocidade, algo inesperado há poucos anos. Pela primeira vez hoje os países pobres têm possibilidades de saírem a uma velocidade impensável. Isso é algo que a globalização permite. Seria muito negativo que, como consequência desta pandemia, a globalização retrocedesse e voltássemos a levantar fronteiras que tanto trabalho custou diminuir.

P. Não lhe causa assombro que uma potência como os Estados Unidos seja atacada por um vírus e só possa ser defendida pela ciência, pelo acaso ou pela esperança?

R. Os Estados Unidos, que pareciam estar acima do bem e do mal, estava muito pouco preparados. Prova disso são as 2.000 mortes que ocorreram um dia destes. Havíamos confiado em que o progresso havia trazido tantos benefícios que já não haveria surpresas desagradáveis. Mas não! As surpresas desagradáveis estão à porta. É verdade que alguns países resistiram melhor que outros, mas não foi o caso dos países que acreditávamos estar na ponta do progresso, como os Estados Unidos.

P. Você foi um dos primeiros a levantar a voz em relação à manipulação que a China fez de seu próprio caso.

R. O caso da China é muito interessante, porque tem muita gente surpresa com progressos que a colocavam agora como modelo: sacrificar as liberdades abrindo um mercado livre na economia. Agora ficou demonstrado que o progresso sem liberdade não é progresso, e o caso da China foi flagrante. Um país que se vê sacudido por uma pandemia como esta, que nasce em seu seio e diante da qual os próprios dirigentes agem de maneira autoritária, tentando esconder o que seus melhores médicos denunciaram que iria acontecer. Foi o típico reflexo de um sistema autoritário: negá-lo, obrigar esses médicos a se desmentirem. Muitas vidas poderiam ter sido salvas se um Governo como o chinês tivesse informado imediatamente.

P. Trump, Bolsonaro e Johnson resistiram a entender que isso também acontecia com eles...

R. Isso custou muitas vidas! Agiram de forma irresponsável, pensando que poderiam driblar a ameaça. Acredito que os eleitores dos países democráticos e livres os examinarão, sem dúvida pagarão por isso. Seguiram aquele reflexo autoritário de não dar importância quando se tratava de um perigo tão sério.

P. Como vê a situação da América Latina?

R. Felizmente a pandemia chegou lá no verão. E o calor é dissuasivo para o vírus [ainda não existem estudos concretos que apontem para esta relação]. Ele a está golpeando, mas muitíssimo menos do que se tivesse chegado no inverno [no Brasil e Equador o número de casos não para de aumentar]. Do contrário seria difícil explicar que o Peru, com uma infraestrutura que não está à altura do desafio, ainda não chegou a cem mortos. De qualquer forma, meu país respondeu vigorosa e rapidamente, de modo que o presidente Martín Vizcarra aumentou enormemente sua popularidade.

P. Compartilha as advertências sobre a possibilidade de que as normas para combater a pandemia firam as liberdades civis?

R. Sem dúvida. Infelizmente essa é uma das consequências do pânico generalizado causado pela pandemia... Estava em andamento um processo de dissolução de fronteiras. A globalização estava funcionando muito bem. No entanto, o terror dessa pandemia corre o risco de nos fazer retroceder a essa espécie de retorno à tribo, acreditando que essas fronteiras nos protegerão melhor contra a pandemia. Não é verdade. Acredito que hoje em dia a resposta generalizada da Europa à pandemia está poupando muitas vidas em relação com fatos do passado.

P. Como viu a atitude da Europa?

R. É um pouco injusto criticar os países que fizeram bem a lição de casa e estão expostos a demandas daqueles que nem sempre a fizeram. Finalmente, houve um acordo através de uma negociação difícil. Aceitaram fazer parte de uma unidade como a europeia e vamos compartilhar esse progresso graças à compreensão daqueles que fizeram bem a lição de casa.

P. No final do seu artigo de 18 de março no EL PAÍS [Retorno à Idade Média?], você diz: “O terror à peste é, simplesmente, o medo da morte que nos acompanhará como uma sombra”. Você teve medo?

R. Acredito que é impossível não ter medo da morte se você não estiver muito desesperado ou tiver uma vida demasiado trágica para desejar que ela acabe. Essa é a exceção à regra. O normal é ter medo da extinção. Em uma situação como a que vivemos agora, vendo amigos ou conhecidos que desaparecem arrastados por essa doença, é impossível que o medo da morte não se espalhe. É a reação saudável, natural. Além disso, graças à morte a vida é maravilhosa, tem essas compensações fantásticas, como a leitura, por exemplo. Espero que aumente graças à pandemia!

A EUROPA ESTARÁ MELHOR 

Não se pode aceitar, diz Vargas Llosa, que esta crise represente um retrocesso para a Europa. É preciso corrigir os defeitos, é claro, “mas os países da União Europeia estarão melhores”. Em primeiro lugar, “a paz na Europa continuará, uma realidade sem precedentes porque até agora as pessoas não fizeram nada além de se inimizar”. Essa é uma projeção que incentiva que o futuro “não seja de retrocesso, mas de avanço, com o desvanecimento total das fronteiras, para consolidar um projeto supraestatal que agora traz tantos benefícios”.