domingo, 23 de junho de 2013

A GERAÇÃO INTERNET JÁ TEM EM QUEM VOTAR PARA PRESIDENTE DA REPÚBLICA EM 2014: MARINA SILVA.

 

APRENDIZADO ESSENCIAL

 

Por Marina Silva

 

Ninguém deveria estar surpreso, sabíamos que iria ocorrer. A internet ajuda a mudar tudo: a cultura, os negócios, as comunicações. Por que só a política não seria afetada? Carlos Nepomuceno diz que três fatores ajudaram a transformar o mundo: A IMPRESSÃO EM PAPEL, A REVOLUÇÃO FRANCESA E A INDEPENDÊNCIA DOS EUA. Eles compuseram a realidade de dois séculos e nos trouxeram até aqui, mas são insuficientes para configurar um mundo com 7 bilhões de pessoas e uma ferramenta que quebra as estruturas convencionais para intermediar a informação, A INTERNET. Tenho falado, aqui mesmo na Folha, daquilo a que chamo movimentos de borda. Eles se afastam do centro político estagnado, das instituições enrijecidas, das disputas por dinheiro e poder. Neles predomina um ativismo autoral, não mais dirigido por partidos ou lideres carismáticos. A presença destes é residual e produz incômoda sensação de oportunismo. Não há comando único, há relação horizontal e lideranças móveis: HOJE LIDERO, AMANHÃ SOU LIDERADO; HOJE SOU ARCO, AMANHÃ SOU FLECHA. Esse ativismo não tem porto, carrega sua âncora e estaciona onde quer. Basta ver quantos sites temporários há na internet, usados numa mobilização ou num momento. O essencial é perceber o que está latente. Não são os 20 centavos no Brasil, as árvores da praça na Turquia, ou qualquer demanda simbólica visível. O que está em pauta é a DEMOCRATIZAÇÃO DA DEMOCRACIA. As pessoas não querem ser meros espectadores, lugar em que foram colocadas pelos partidos que detêm o monopólio da política. Querem ser protagonistas, reconectar-se com a potência transformadora do ato político. Deve-se reconhecer esse desejo e respeitar o sujeito político que surge. Muitos se apressaram em desqualificar os novos movimentos, os abaixo-assinados, a campanha de defesa das florestas, a solidariedade aos índios, o "FORA RENAN". Agora se esforçam para descobrir uma forma de interlocução, mas mantendo a ansiedade de liderar, usurpar, controlar. Não basta dar 20 centavos para tirar o incômodo da sala. O que está havendo é significativo: no país do futebol, durante a Copa das Confederações, as pessoas protestam contra o custo dos estádios e dizem que queremos nosso dinheiro em saúde e educação. O BRASIL PODE APRENDER A FAZER DIFERENTE: NEM TRANSIÇÃO ETERNA E LENTA NEM RUPTURA BRUSCA, MAS O DIÁLOGO PRODUTIVO E CRIATIVO DA DEMOCRACIA AMPLIADA. TEMOR DE VANDALISMO? Ora, cultivemos uma cultura de paz. Prefiro sentir-me representada pelas pessoas que estão nas ruas, dizendo o que não querem, a exigir que tenham projetos definidos. Não há salvadores da pátria, há homens e mulheres que trabalham juntos. Que seja este nosso aprendizado essencial, nossa maior mudança.

 

Um comentário:

Anônimo disse...

vamos acabar c/a obrigatoriedade do voto. isso é um paradoxo democrático