Por Altamir Pinheiro
Rostos maus e figuras mal encaradas como as faces de Van Cleef, Lee Marvin, Charles Bronson, James Coburn, Jack
Palance, Ernest Borgnine, Richard Boone e alguns outros foram marcantes e
inesquecíveis como grandes vilões da telona. Lee Van Cleef jamais passava despercebido pois não era um
“bandido” comum e terminou sendo um ator incomum do qual todos admiram. Ouso
dizer que Lee Van Cleef foi o ator, tirando John Wayne e Clint Eastwood, que
melhor representou em películas de western. Era alto, esguio, tinha um andar
bonito e ao mesmo tempo era bem ameaçador, incorporava de fato um malfeitor.
Genial, sem dúvidas.
Verdade que Van Cleef era possuidor de um
temperamento azedo e como ator coadjuvante tinha mania de morrer em quase todos
os filmes. Vezes morria cedo demais (Sem Lei e sem Alma), ou morria mais
tardiamente (Estigma da Crueldade e Matar ou Morrer). Mas em Matar ou Morrer
ele jamais dá uma palavra. E isso deve ter ocorrido em muitos outros filmes
onde participou. Afinal, era este o seu trabalho. Um fato ninguém pode negar:
era de uma elegância singular, mesmo com toda aquela feiura. Seu porte
refinado ao botar o pé no
estribo, como também a esbelteza do corpo ereto ao subir e descer do cavalo tendo como charmes
maiores as baforadas em seu inseparável cachimbo e um modo único, peculiar, só seu, de pôr o
chapéu na cabeça. Cavalo, cachimbo e chapéu eram suas ferramentas de se
apresentar ao público que ele as utilizava com muito charme...
Viajando no tempo, nas décadas de 1960/70, os
westerns estavam atravessando uma nova linha, já que o formato americano de se
ver as coisas já estava consumindo o público. Nesta época, muitas mudanças
culturais no mundo inteiro estavam ingressando na sociedade. Pois bem. Em suas
pesquisas, o cinéfilo Paulo Telles nos
informa que pareciam que os westerns americanos já eram clichês passados, se
não fosse a interferência da Itália em realizar também suas próprias produções.
Mas por que um país da Europa se interessaria em realizar westerns se este é um
gênero somente americano? Simples: somente um cineasta italiano, que era um fã
dos westerns americanos, queria apresentar ao mundo o que os americanos nunca
ousaram mostrar nas telas, e este cineasta era Sergio Leone que morreu em 1989
aos 60 anos de idade. Leone queria mostrar ao público o que era, na
realidade, o velho oeste americano, retratando seus “mocinhos e bandidos”
sujos, suados, poeirentos, com aquelas cusparadas de baba de fumo e com barba por fazer, e tramas nada românticas, afastando definitivamente
toda legenda áurea que Hollywood mostrou ao longo de quase 50 anos.
Doravante, surgia uma nova etapa no gênero, o
“western spaghetti”, como era definido o gênero além mar, produzido por
cineastas italianos e rodados em alguns lugares na própria Itália, mas
precisamente também na Espanha, na região de Almería, por esta além de ser a
região mais pobre da Espanha (que sequer tinha energia elétrica em muitas
localidades), lembrava também alguns lugares do deserto do Oeste dos Estados
Unidos, como o Monument Valley, no Arizona (Estado de Utha), que é tida como a
“Terra de John Ford”, pelo fato do grande mestre ter dirigido muitas de suas
películas westerns neste local. Com o diretor Sergio Leone muitos atores se
revelaram, entra tantos LEE VAN CLEEF foi o mais bem sucedido depois de Clint
Eastwood.
Com uma grande ajuda do diretor e roteirista Sergio Leone, Lee chegou ao auge de sua
carreira a ser considerado o feio mais
adorado no mundo do bang bang – Os novos
trabalhos de Lee Van Cleef seriam o próximo western de Sergio Leone um escritor
e roteirista que se aventurava na direção de um spaghetti western. No filme de
Leone, o feioso Lee Van Cleef se tornou também protagonista pois o título
escolhido foi “IL BUONO, IL BRUTTO, IL CATTIVO”, traduzido para muitas línguas
como “O Bom, o Mau, e o Feio”. Claro que Lee deveria ser o “FEIO’”, mas Lee é o “Mau”, ficando o “Feio” para Eli
Wallach. Lançado no Brasil como “TRÊS HOMENS EM CONFLITO”, esse terceiro
Spaghetti Western de Van Cleef se transformou num estrondoso sucesso no mundo
todo e o público se dividia na preferência entre os três homens em conflito:
Lee, Eli Wallach e Clint Eastwood. Foi com esse filme que o mercado
norte-americano se abriu para o Spaghetti Western, mais especialmente para os
faroestes de Sergio Leone que se tornaram grande influência no gênero também em
produções de Hollywood.
O Bom, o Mau e o Feio, rebatizado como “Três Homens em Conflito(1966)”
é uma obra-prima do cinema. Estar entre os
faroestes de todos os tempos, disparado!!! Em que pese ser uma exibição
de longa duração de quase três horas, o
filme é perfeito: direção,
roteiro, trilha sonora: "inigualáveis". Os 3 atores – Clint, Eli
Wallach e Van Cleef – são verdadeiros “monstros sagrados” em seus papéis. Nunca
vi um filme tão perfeito em tudo, do começo ao fim é simplesmente espetacular!!! Neste filme, a interpretação
encarnada pelo “Feio” é fantástica. Seu olhar, sua ironia, sua risada, ele
chamando o Clint de “lourinho” durante todo o filme, dá o toque exato da
perfeição!!! Se eu tivesse que escolher
os três melhores filmes de bang bang que já vi em toda minha vida,
sem sombra de dúvidas, este com
certeza faria parte da trilogia do bom faroeste: Lee Van Ceef, Eli Valach e o
inigualável Clint Eastwood que fez um papel exuberante nesta ótima película.
RECOMENDO COM LOUVOR. É filme para se ter uma cópia em casa, para mostrar para
os filhos, netos e todos aqueles que desejam apreciar um filme arte, e perfeito
em tudo, com destaque, também, para a trilha sonora, que é inesquecível.
Talvez, esta projeção, não seja o maior
papel já interpretado por Lee Van Cleef,
mas é o melhor filme de Clint Eastwood.
Entre os 50 westerns da carreira de Lee Van Cleef,
destacam-se alguns bons filmes como: 1952
– Matar ou Morrer; - 1953 – Bando de Renegados; - 1954 – Duelo de Assassinos; -
1955 – Arizona Violento; - 1956 – Honra a um Homem Mau; - 1957 – O Revólver
Silencioso; - 1957 – O Bandoleiro Solitário; - 1957 – O Homem dos Olhos Frios;
- 1957 – E o Morto Venceu; - 1958 – Na Fúria de uma Sentença; - 1959 – O Homem
que Luta Só; - 1961 – Quadrilha do Inferno; - 1962 – A Conquista do Oeste; 1965 – Por uns Dólares a Mais; - 1966 – O Dia
da Desforra; - 1966 – Três Homens em Conflito (Il Buono, Il Brutto, Il
Cattivo); - 1967 – A Morte Anda a Cavalo; - 1968 – Um Colt... para os Filhos do
Demônio; - 1969 – Sabata, o Homem que Veio para Matar; - 1971 – Sabata Vem para
Vingar; - 1972 – O Último Grande Duelo; - 1975 – Cavalgada Infernal; - 1976 – A
Arma Divina; - 1977 – A Vingança.
Após virar um dos maiores nomes do bem sucedido filão
descoberto pelos produtores italianos, Lee Van Cleef passou a atuar quase que
exclusivamente em coproduções europeias. Garantia absoluta de bilheteria, Cleef era o ator principal dos filmes em que
atuava. Muito interessante observar que, no meu simplório modo de
entender, os filmes de faroeste feito
por italianos, são bem melhores do que os americanos em vários quesitos, um
deles, as trilhas sonoras, os atores apresentam mocinhos e bandidos mais perto
da realidade da época, sujos, dentes amarelados e sem o exagero de roupas
JEANS. Já os americanos apresentam e se prendem mais aos mocinhos bonitinhos,
porém os bandidos categoricamente são feios e “malamanhados”. Agora, uma coisa
não se pode negar nos filmes de cowboy norte-americano: OS CENÁRIOS... Neste
quesito eles são impecáveis, magníficos, detalhistas, deslumbrantes!!!
Pois bem, o último filme que contou com a participação de
Van Cleef foi “THIEVES OF FORTUNE”, rodado em 1989 e lançado após a morte do
ator. Lee vinha há algum tempo lutando contra um câncer na garganta e um ataque
cardíaco fulminante abreviou seu sofrimento quando morreu aos 64 anos de idade.
Como curiosidade, Lee Van Cleef começou a fumar cachimbo quando estava na
Marinha e nunca deixou o hábito, o que pode ser comprovado em inúmeros filmes
em que seu cachimbo aparece na tela tanto quanto o arsenal de diferentes armas
que Lee manejava com perícia. Além da elegância de andar, descer ou subir em um
cavalo, e mais ainda a precisão e
rapidez do saque de sua arma. Agora,
seu charme maior e irresistível era suas famosas baforadas nos famosos
cachimbos que usou durante os seus filmes. Por último, rogo e recomendo com
louvor, aos adeptos do faroeste clicarem no endereço eletrônico logo abaixo
para assistirem ao filme do ano de 1967
– A Morte Anda a Cavalo. É UM SHOW DE INTERPRETAÇÃO DO VELHO E BOM LEE VAN
CLEEF!!!