EM TRADUÇÃO SIMULTÂNEA,
REINA O CINISMO NO SUPREMO. A PALAVRA DA ORDEM É HIPOCRISIA. TUDO É FINGIMENTO, OS
MINISTROS FINGEM SE RESPEITAR, ENQUANTO TRAVAM NOS BASTIDORES UMA DISPUTA
INCRUENTA ENTRE OS QUE PRETENDEM MANTER A LAVA JATO E OS MINISTROS QUE FAZEM O
POSSÍVEL E O IMPOSSÍVEL PARA PROTEGER E ANISTIAR
OS POLÍTICOS CORRUPTOS. A GRANDE
DÚVIDA É SABER QUEM GANHARÁ ESSA GUERRA CIVIL NÃO-DECLARADA. (Carlos
Newton).
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quarta-feira que o STF está “voltando a ser Supremo”. A declaração do ministro acompanhou sua negativa sobre a existência de divisão na Segunda Turma da Corte. Ele comentava a sessão extraordinária de ontem, que impôs cinco derrotas ao ministro relator da Lava Jato, Edson Fachin.
Para Gilmar, a concessão da liberdade ao ex-ministro José Dirceu – uma das decisões de ontem – é normal, “sem nenhuma novidade”. Questionado sobre a possibilidade do caso de Dirceu criar um precedente para o pedido de soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Gilmar respondeu apenas com um “vamos aguardar”.
“SERIEDADE”– Perguntado ainda se a soltura do ex-ministro seria uma retaliação a Fachin, que enviou o recurso de Lula ao plenário da Corte e não à Segunda Turma, Gilmar protestou e pediu que os ministros sejam tratados com mais “seriedade”.
“Vamos desinfantilizar o debate, tratar a gente com maior seriedade. Isso está parecendo coisa de fofoqueiros”, reclamou.
Gilmar, que frequentemente diverge do relator da Lava Jato na Segunda Turma e tem sido um crítico ferrenho dos métodos da operação Lava Jato, negou que a turma esteja dividida. O ministro afirmou ainda que o plenário da Corte tem tomado “boas decisões”, e que o tribunal está “voltando para um plano de maior institucionalidade”.
ESTADO DE DIREITO – “A decisão recente sobre a questão das conduções coercitivas coloca bem claro qual é o padrão de Estado de Direito que deve presidir o País. Acho que foi uma vitória importante do Estado de Direito. Tivemos uma discussão muito relevante no que diz respeito ao caso Gleisi-Paulo Bernardo, acho que também aqui o tribunal afirmou o que é o significado das delações. Acho que estamos caminhando bem, o Supremo voltando a ser Supremo.”
O caso Gleisi-Paulo Bernardo citado pelo ministro é o julgamento que absolveu, semana passada, a senadora e presidente do PT Gleisi Hoffmann e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava Jato.
Na ocasião, Fachin e o decano da Corte, Celso de Mello, foram votos vencidos, por entenderem que havia crime de Caixa 2 (falsidade ideológica eleitoral) no caso. Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Dias Toffoli, no entanto, defenderam que não havia outros elementos de prova capazes de corroborar com as delações premiadas. Fonte: Jornal O Tempo.
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