terça-feira, 11 de dezembro de 2018

CADEIA FAZ UM BEM DANADO: EM 8 MESES LULA FOI DE INCENDIÁRIO A PACIFICADOR...


Josias de Souza

Autoproclamado "metamorfose ambulante", Lula exagera no truque da manipulação da própria imagem. Em abril, transformou num culto aos pneus queimados e às propriedades invadidas o seu último comício antes de se entregar à Polícia Federal, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Nesta segunda-feira, Lula enviou carta para ser lida num evento realizado no mesmo sindicato. Nela, trocou o discurso incendiário pela louvação à paz e fraternidade.

Aquele Lula do dia da prisão dissera que a cadeia não iria silenciá-lo, porque seus devotos fariam barulho por ele. "Vocês poderão queimar os pneus que vocês tanto queimam. Poderão fazer as passeatas que tanto vocês queiram, fazer ocupações no campo e na cidade…" O Lula desta segunda-feira condenou o "discurso do ódio".  E vaticinou: "Ainda iremos construir um mundo de paz e fraternidade, onde todos e todas, sem exceção tenham direito a uma vida digna…"

Entre o Lula incendiário de abril e este Lula pacifista de dezembro há oito meses de cadeia, uma surra eleitoral, duas delações companheiras de Antonio Palocci e um sem-número de derrotas judiciais. O presidiário PLANEJARA ganhar a liberdade ACUANDO juízes com a militância INCENDIÁRIA  do PT e o "exército" de João Pedro Stédile, do MST. Entretanto, secaram as fontes de dinheiro público para sindicatos e movimentos sociais. Sem a condução e o sanduíche, faltou ânimo à multidão para sair de casa...

Por uma dessas ironias fatais, o PT e seus aliados reuniram-se em São Bernardo para pedir a liberdade de Lula no mesmo dia em que Jair Bolsonaro foi diplomado pela Justiça Eleitoral, em Brasília. Simultaneamente, celebrou-se neste 10 de dezembro o aniversário de 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Momentaneamente trancado dentro da sua pose de coitadinho, Lula citou na carta três heróis de lutas pacíficas: Martin Luther King, Nelson Mandela e Mahatma Gandhi.

Como que decidido a se comparar aos mártires, Lula realçou que Mandela passou 27 anos numa cadeia do regime do apartheid. A tentativa de estabelecer uma analogia é vã e ofensiva. O esforço é vão porque já foi tentado antes. E serviu apenas para potencializar o antipetismo que elegeu Bolsonaro. Ele ofende porque qualquer criança sabe que King, Gandhi e Mandela não alisaram a cabeça de corruptos nem desfrutaram de confortos bancados com verbas sujas.

Antes de Lula ser passado na tranca, Gleisi Hoffmann, presidente do PT, ameaçava: "Para prender o Lula, vai ter que prender muita gente. Mais do que isso, vai ter que matar gente. Aí, vai ter que matar." Hoje, com a Lava Jato no seu próprio calcanhar, a senadora declara-se amedrontada.

"Tememos muito pela segurança do presidente Lula", disse Gleisi. "Primeiro, pelas declarações do presidente eleito, dizendo que Lula tem que apodrecer na cadeia, ou que os petistas têm que ser exterminados."

Ironicamente, Lula soou na carta atribuída a ele bem menos dramático: "Tenho certeza de que tenho o sono mais leve e a consciência mais tranquila do que aqueles que me condenaram." Mantido o timbre atual, Lula vai acabar convencendo o Judiciário de que a cadeia fez tão bem à sua alma que merece ser esticada ao máximo....


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