segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O COMPROMISSO DO MINISTRO SÉRGIO MORO CONTRA A CORRUPÇÃO



“Tivemos grandes avanços, mas centrados nas cortes de Justiça. Mas faltou uma reação institucional do Congresso e do Executivo mais robusta em relação a essa grande corrupção. Eu pretendo ser um fator de modificação dessa relativa omissão dos poderes constituídos”. A declaração é do ministro da Justiça e Segurança Pública,. Sergio Moro

Moro participou esta semana da terceira edição do Seminário Caminhos Contra A Corrupção, em Brasília. O evento organizado pelo Instituto Não Aceito Corrupção ocorreu dias após a divulgação de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou movimentação atípica nas contas de um colaborador do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). O mesmo relatório apontou uma série de movimentações suspeitas de repasses de uma secretária parlamentar do presidente eleito Jair Bolsonaro e até cheques na conta da futura primeira dama Michele Bolsonaro.

O escândalo veio à tona no bojo de investigações da própria Lava Jato que culminaram na prisão de dez deputados estaduais da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, a Alerj, onde Flávio Bolsonaro atuava como parlamentar. O ex-PM amigo do presidente Jair Bolsonaro, que trabalhava como motorista e segurança de Flávio, caiu na investigação por movimentar cerca de R$ 1.2 milhão em um ano em uma conta que recebeu repasses de outros 8 assessores de Flávio Bolsonaro.

Moro não falou sobre o assunto durante o evento, mas o homem encarregado de combater a corrupção na administração federal afirmou que o Executivo e o Legislativo se omitiram no combate à corrupção e que um retrocesso em relação ao tema é “intolerável” e que “poderosos” não deixarão escapar oportunidades para tirar os avanços da Lava Jato.

“Tivemos grandes avanços, mas centrado nas cortes de Justiça. Mas faltou uma reação institucional do Congresso e do Executivo mais robusta em relação a essa grande corrupção”, disse. “Eu pretendo ser um fator de modificação dessa relativa omissão dos poderes constituídos.”

O futuro ministro defendeu decisões recentes do STF (Supremo Tribunal Federal), que, para ele, ajudaram na luta contra a corrupção, a proibição de doações eleitorais por empresas, a possibilidade de execução da condenação em segunda instância e a restrição do foro privilegiado, por exemplo.

“Não se enganem, a grande corrupção envolve pessoas poderosas, envolve interesses especiais, poder politico e econômico, que percebendo uma chance, de voltar ao status quo da impunidade e da grande corrupção, ou pelo menos para tirar avanços, não se enganem, essas oportunidades não vão ser perdidas”, afirmou.

O ex-magistrado falou por cerca de 40 minutos, “sobre passado, presente e futuro, como ele mesmo definiu”.

“Mais assustador do que isso [as cifras milionárias de desvio de dinheiro] foi a naturalização do pagamento da propina, ela como sendo a regra do jogo”, disse, em referência à Lava Jato, operação por ele comandada no Paraná. Moro mais uma vez criticou o loteamento político de cargos em estatais, colocando esse fator como um dos principais para a existência da corrupção.

“A função dos diretores não era de conduzir bem a empresa, pensando no bem estar, mas sim arrecadar recursos para os partidos políticos”.

Não houve espaço para perguntas e Moro foi embora assim que o evento acabou, sem conversar com a imprensa, acompanhado de seus seguranças. Esta parece ter sido uma condição para evitar questionamentos sobre o escândalo do Coaf que envolveu o presidente Jair Bolsonaro e seus familiares. O constrangimento com o caso é generalizado no entorno do novo governo. Entre os militares, o desconforto é ainda maior, uma vez que a reputação de todas as Forças Armadas está empenhada neste novo governo. Casos de corrupção e impunidade podem comprometer não apenas a boa imagem das instituições, como também afetar a reputação que o ex-juiz Sérgio Moro construiu ao longo dos últimos quatro anos em que comandou a Lava Jato. Neste sentido, Moro deve se preocupar não apenas com "a grande corrupção", mas também com os pequenos delitos que drenam bilhões do dinheiro do contribuinte, mas que, de migalha em migalha, ajudam a conduzir corruptos ao poder. Num país em que uma ladra de lata de leite em pó vai para a cadeia, tratar casos de desvios de milhões como 'pequena corrupção' pode ser um erro fatal. O povo está de olho e ninguém vai querer milhões de pessoas nas ruas protestando contra a corrupção nacional. O Brasil precisa avançar neste aspecto. - Imprensa viva - 

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