O ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Antonio Palocci, confirmou nesta quinta-feria, 06, em depoimento à Justiça Federal, que o ex-presidente renovou uma medida provisória em troca de dinheiro para o filho Luís Claudio Lula da Silva.
Lula é alvo de uma ação penal na Justiça de Brasília, acusado de lavagem de dinheiro na compra de medidas provisórias para beneficiar o setor automotivo em troca de propina para o filho caçula. O petista é investigada na Operação Zelotes, deflagrada em 2015, que também apura irregularidades em decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda que julga processos das empresas envolvendo questões tributárias.
Segundo Palocci, o próprio Lula lhe confidenciou que o 'negócio' havia sido providenciado. O ministro informou em seu depoimento que o montante em propina para o Luleco girou em torno de 2 a 3 milhões de reais. Palocci informou que a transação ocorreu em 2014, quando o filho de Lula o procurou para lhe pediu apoio para fechar o orçamento de um evento que organizaria naquele ano.
"Tenho testemunhas, registro de telefonema dele, agendas", afirmou o ex-ministro.
“Eu fui falar com o ex-presidente Lula para ver se ele me autorizava a fazer isso. Sempre que alguém pedia em nome do ex-presidente Lula eu consultava o ex-presidente Lula. Aí que o presidente Lula me falou que não precisa atender o Luís Claudio, porque eu já resolvi esse problema com o Mauro Marcondes", explicou Palocci. Marcondes chegou a ser preso, em 2016, em uma das fases da Operação Zelotes.
“Aí eu perguntei inclusive: Mas então porque ele me procurou? Ai o ex-presidente disse: porque ele não sabe que eu fiz isso. Mas pode esquecer que eu já resolvi o problema”, completou.
"Aí ele e me contou que foi através da renovação da 471 [medida provisória], que foi feita através de uma emenda parlamentar, na Câmara dos Deputados, que renovou os benefícios da Caoa e da Mitsibushi a partir daquele ano. E que ele tinha pedido uma contribuição, para que o Mauro Marcondes pedisse uma contribuição às empresas, e essa contribuição seria transferida ao filho dele", concluiu Palocci durante depoimento à Justiça Federal.
O fato de Palocci ter garantido que possui provas sobre seus relatos é motivo de preocupação no PT. Meticuloso, organizado e dono de uma memória privilegiada, o ex-ministro é visto por apoiadores de Lula como uma das maiores ameaças que pairam sobre o PT e outros integrantes do partido. Não foi por acaso que o ex-ministro incluiu em seu acordo de delação uma garantia de segurança permanente para ele e sua família. - Imprensa Viva. -
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