O entorno do ex-presidente Lula tem tentado ignorar o estrago que os trechos sigilosos da delação do ex-ministro Antonio Palocci ainda podem causar no PT e em outros integrantes de sua cúpula. Entre as pontas dos novelos de corrupção puxados pelo ex-integrante do núcleo duro do partido, a ex-presidente Dilma Rousseff pode ser a primeira a se enrolar. O ex-ministro dos governos de Lula e Dilma afirmou em um dos anexos de sua delação premiada que as duas últimas campanhas presidenciais do PT para eleger Dilma em 2010 e 2014 teriam custado juntas R$ 1,4 bilhão.
É muito dinheiro. É mais do que o dobro dos valores declarados oficialmente por Dilma e o PT à Justiça Eleitoral. Segundo Palocci, as campanhas foram largamente abastecidas com CAIXA DOIS, num esquema criminoso no qual os empresários contribuíam esperando benefícios em troca e, mesmo nas doações oficiais, a origem da maior parte do dinheiro vinha de acertos ilícitos de propina.
Antes de deixar o comando da Lava Jato na 13.ª Vara Federal de Curitiba, o ex-juiz Sérgio Moro determinou a juntada do depoimento de Palocci em uma das ações penais em andamento contra o ex-presidente Lula, na qual ele é acusado de receber propina da Odebrecht. Palocci atuou nas campanhas petistas como interlocutor do setor empresarial para a arrecadação financeira, por isso seu conhecimento sobre o assunto. Lula tinha extrema facilidade de cobrar propina, o que o teria levado a favorecer empreiteiras no pré-sal, diz Palocci.
Segundo o ex-ministro, a “ilicitude das campanhas” começava nos “preços elevadíssimos que custam”. “Ninguém dá dinheiro para as campanhas esperando relações triviais com o governo”, afirmou ele, que prossegue: “As prestações regulares registradas no TSE são perfeitas do ponto de vista formal, mas acumulam ilicitudes em quase todos os recursos recebidos”.
Ainda de acordo com a delação, as doações oficiais serviam para quitar saldo de acertos de propinas em obras públicas, como na Petrobras:
“Grandes obras contratadas fora do período eleitoral faziam com que os empresários, no período das eleições, combinassem com os diretores que o compromisso político da obra firmada anteriormente seria quitada com doações oficiais acertadas com os tesoureiros dos partidos, coligações, etc”. - Imprensa Viva -
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